𝐀 𝐅𝐢𝐥𝐡𝐚 𝐝𝐨 𝐂𝐨𝐧𝐪𝐮𝐢𝐬𝐭𝐚𝐝𝐨𝐫💫𝐇𝐞𝐫𝐝𝐞𝐢𝐫𝐚 𝐝𝐨 𝐃𝐫𝐚𝐠𝐚̃𝐨

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³³ By Shaena

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— O caso do príncipe Aenys é delicado. Mas ele viverá.

Escuto meistre Gawen dizer, e por um instante, meu mundo para de girar.

Minha mãe está sentada ao lado da cama, trêmula, os dedos entrelaçados com os de Aenys, como se pudesse impedir que ele fosse embora se apenas o segurasse com força suficiente. Seus olhos, vermelhos de tanto chorar, se levantam para mim com um misto de alívio e exaustão.

Aenys respira. De forma irregular, mas respira.

Dou mais um passo para perto dele, e só então vejo com clareza.

Seu corpo está envolto em ataduras. O tórax enfaixado com cuidado, uma mancha roxa se formando no lado esquerdo. Mas é a perna — a direita — que mais me assusta. Está imobilizada com talas de madeira, elevadas por almofadas. Os dedos dos pés estão inchados e arroxeados.

— A fratura da perna direita foi feia — continua Gawen. — O osso partiu em dois pontos. Tivemos que abrir para alinhar corretamente. Ele perdeu muito sangue no campo. Se tivessem trazido um pouco mais tarde...

— Não termine essa frase — murmuro, sentindo a bile subir.

Ele silencia.

— Uma costela perfurou levemente o lado esquerdo — o outro meistre explica. — Mas conseguimos estancar. Vamos orar aos deuses para que ele fique fora de perigo imediato, princesa. E agora ele precisa de tempo. E de repouso absoluto.

Aproximo-me devagar, até poder tocar a mão dele.

— Ele vai andar de novo? — minha mãe pergunta, quebrando o silêncio.

O meistre hesita.

Odeio quando eles hesitam.

— Com sorte... e dedicação à recuperação, sim. Mas talvez com limitações.

Fecho os olhos. Inspiro fundo. Não sei como ele vai reagir a isso. Mas o importante é que ele ainda respira.

Sinto algo quebrar dentro de mim.

Queria que ele soubesse que estou aqui. Que sempre estive.

Aperto sua mão com cuidado, o suficiente para que talvez ele sinta. E então, sinto um leve movimento sob meus dedos.

Olho para baixo, e vejo as pálpebras dele se contraírem, lentas. A respiração se acelera um pouco.

— Shae...

A voz dele é rouca, quase inaudível. Um sussurro quebrado pelo cansaço e pela dor. Me inclino imediatamente, segurando sua mão entre as minhas.

— Estou aqui — respondo, tentando conter o tremor na voz. — Está tudo bem agora. Você está seguro.

Seus olhos se abrem devagar, como se estivessem pesados. Ele me encara por um instante longo, nebuloso, antes que a confusão dê lugar a alívio.

— Nós vencemos, meu amor — digo, entre lágrimas, antes que ele pergunte. — A batalha está vencida. Fizemos o que precisávamos fazer.

— Mercúrio...? — pergunta, com a voz fraca. Aenys pisca, e lágrimas brotam sem aviso. Levo meus dedos até o rosto dele, secando as gotas quentes.

Puxo o ar lentamente, tentando manter a calma. Sorrio para ele, mesmo que por dentro tudo esteja em ruínas.

— Ele está vivo. Ferido... mas vivo. Está sendo cuidado.