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𝕰𝖕í𝖑𝖔𝖌𝖔
𝙳é𝚌𝚊𝚍𝚊𝚜 𝚍𝚎𝚙𝚘𝚒𝚜...
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Sempre que pensava em lar, o primeiro lugar que lhe vinha à mente era Pedra do Dragão. Desde criança, aquele nome tinha gosto de maresia e do som distante das ondas quebrando nas rochas vulcânicas. Seu pai costumava dizer que não havia outro canto no mundo mais digno de um Targaryen do que aquela fortaleza — a última relíquia viva do império Valiriano.
Agora ela compreendia.
Compreendia o que ele sentia e o porquê de ele ter escolhido morrer ali.
Não há outro lugar no mundo capaz de trazer essa sensação de casa, pensou.
Shaena havia passado boa parte de sua vida em Porto Real. A Fortaleza que seu pai construiu evoluiu a ponto de se tornar digna de um rei. Depois que ele partiu, foi ela quem deu continuidade às construções, cuidando de cada torre e salão como quem preserva um legado.
Mas, por mais esplêndida que fosse, nunca se sentiu em casa lá.
Agora, sentada em sua cadeira, observava o mar de sua varanda em Pedra do Dragão. O oceano se estendia até onde a vista alcançava, sereno e infinito. O dia estava claro — claro demais, como raramente ficava naquele lugar envolto em tempestades. O vento brincava com os fios prateados de seu cabelo, e ela respirou fundo o ar salgado, sentindo o peso doce da velhice.
— É bom vê-la fora da cama, mãe.
Shaena se virou lentamente. Jaehaerys se aproximava, a recebendo com o mesmo sorriso cansado que ela constantemente via nele.
Ele era um bom filho. Atento, paciente, sempre ao lado dela. Recusava-se a deixar os servos cuidarem das tarefas mais simples: era ele quem empurrava a cadeira improvisada que haviam feito para ela, e, quando necessário, não hesita em carregá-la nos braços, como se ela ainda fosse leve como uma criança.
Ela nunca dizia em voz alta, mas aquilo lhe trazia consolo.
Ele a lembrava tanto Aenys. O mesmo sorriso caloroso, a mesma delicadeza no olhar, o mesmo modo de escutá-la como se cada palavra fosse preciosa. Às vezes, quando ela fechava os olhos, o passado e o presente se misturavam — e, por um breve instante, era como se ainda caminhasse ao lado de Aenys.
— Como ela está? — foi tudo que ela perguntou ao filho.
Jaehaerys suspirou, o semblante por um momento se desarmando. Por mais diplomático e controlado que fosse, havia um ponto onde as defesas dele sempre se rompiam: Alysanne.
— Alysanne está... se recuperando — respondeu, num tom baixo.
Shaena assentiu lentamente, sem abrir os olhos. O coração lhe apertou o peito.
Sua filha estava sofrendo. E não havia poder, nem dragão, nem trono que pudesse poupá-la da dor que agora a consumia. Não havia perda maior no mundo do que a de um filho — e Alysanne não havia perdido apenas um. Havia perdido vários.
— Me leve à sala da Mesa Pintada. Quero ver as crianças — ordenou com voz firme, embora o corpo traísse a fragilidade dos anos.
Jaehaerys apenas assentiu. Movia-se com a mesma paciência de sempre, empurrando a cadeira de rodas improvisada com cuidado para não sacudi-la. Parou diante dela e a observou por um instante.
— A senhora está mais pálida que o normal — Jaehaerys comentou, ajeitando as almofadas na cadeira para que ela sentasse melhor. — Pelo amor que tem a mim e às minhas irmãs, precisa se alimentar, mãe.
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𝐀 𝐅𝐢𝐥𝐡𝐚 𝐝𝐨 𝐂𝐨𝐧𝐪𝐮𝐢𝐬𝐭𝐚𝐝𝐨𝐫💫𝐇𝐞𝐫𝐝𝐞𝐢𝐫𝐚 𝐝𝐨 𝐃𝐫𝐚𝐠𝐚̃𝐨
Fanfiction━━━ ❝ Primogênita do grande Aegon, o Conquistador, Shaena Targaryen sempre acreditou que seu destino era governar os Sete Reinos, seguindo o legado de seu pai. Contudo, em um mundo onde homens não aceitam ordens de uma mulher, seu sonho de herdar o...
