Capítulo 33

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Rafaela
Domingo 14:37

Fecho os olhos sentindo o gosto delicioso do sorvete derretendo na minha boca. Olha pra a pequena na minha frente que não parava de tagarelar, igual a tia.

__ Então eu contei eu disse a professora que estava com dor de barriga e ela ligou pra minha tia me buscar - Ela diz simplesmente dando uma lambida no seu sorvete de chocolate - Então eu pude chegar em casa e a dona Lourdes me deixou assistir Masha

Levanto as sobrancelhas olhando pra o pequeno projeto de mentirosa a minha frente.

__ Isa você não pode fazer isso, é feio mentir pra as pessoas não pode - Tento soar gentil mais firme ao mesmo tempo

Observo ela abaixar o olhar, mecher em uma miçanga azul da pulseira que usava. Então ela ergue os olhinhos na minha direção e parece incomodada

__ Mais a minha mamãe dizia que me amava e me deixava sozinha em casa com fome, e foi embora. Isso é uma mentira não é?

Abro a boca e a fecho diversas vezes, sem saber exatamente o que dizer a ela. Ela me olha esperando por uma resposta e eu simplesmente não sei o que dizer. Logo eu que tinha uma resposta na ponta da língua pra tudo.

Como explicar pra uma criança de 4 anos que a mãe trocou ela pelas drogas?

__ Mais ela não mentiu quando disse que te amava, sua mamãe te ama muito princesa - Ofereço um sorriso a ela tocando na sua mãozinha

__ Mais a gente não vai embora sem a pessoa que a gente ama. Eu não ia embora sem a minha mamãe, sem a tia Pietra e sem você tia Rafa - Ela abre um sorriso cheio de dentes infantis e sinto um embrulho no peito - Até mesmo meu papai eu não ia deixar ele pra trás não, mesmo ele sendo chato

Ela faz menção ao pai e faz uma careta e eu dou risada. Essa menina me encantava cada dia mais. Não sei o porquê dela ter se apegado tanto a mim, nunca tive contato com crianças e nem sei como agir com elas, mas com ela sai tudo naturalmente.

Terminamos de tomar nosso sorvete enquanto ela me contava que no seu aniversário ela iria querer uma festa da pantera cor de rosa porque ela amava rosa e eu gargalhei.

Depois do sorvete levei ela ao parquinho que tinha aqui na vila e me sentei assistindo ela descer ao escorrega enquanto brincava com as outras crianças.

É impossível não sentir pena dela. O psicológico dela estava todo bagunçado, era acostumada viver com a mãe e do nada isso é arrancado dela. Claro que a culpa era da própria mãe e na minha opinião uma mãe que troca a filha por drogas não a ama de verdade, mas eu dizer isso a uma criança de 4 anos não vai adiantar, ao invés dela enxergar que o problema era da mãe, ela acharia que a culpa era dela, que ela provável havia feito algo de errado pra a mãe abandonar ela dessa maneira. Sei disso por experiência própria. Demorou pra mim cair na real e perceber que a culpa do meu abandono, era única e exclusivamente dos meus pais e não minha.

Saio dos meus pensamentos quando chegamos na casa dela, os vigias abrem espaço pra mim passar com a Isa e assim que cruzo a porta do hal de entrada que dava para uma sala enorme eu avisto dona Lourdes a espera da menina

__ Pelo visto você se divertiu bastante- Ela diz com um sorriso nos lábios quando olha a situação que se encontrava a roupa dela - Já deixei a água da sua banheira pronta pra você

__ Mais eu não quero tomar banho - Ela cruza os braços toda manhosa

__ E vai ficar fedida agora é menina? - Falo com ela tirando graça- Bora pra o banho com a dona Lourdes se não eu não levo mais você ao parque

Ela enrola mais não discute. Me dá um rápido abraço se despedindo de mim no momento que seu pai cruza a sala. Prometo a ela que no próximo final de semana iríamos passear de novo e ela segue pra o andar de cima segurando a mão de dona Lourdes.

Me viro olhando pra ele que tomava de uma lata de energético com canudo. Nunca vi traficante usar canudo, mas confesso que fiquei com inveja do canudo por estar na boca dele.

__ Pietra está por aí? - Pergunto após uma longa análise no seu físico, que esbanjava um charme irresistível enquanto ele estava encostado na parede me olhando descaradamente

__ Tá não - ele joga a latinha de qualquer jeito em cima da pia se aproximando - Mais fala a real que tu não veio atrás dela e sim do irmão dela aqui

Ele abre um sorriso sacada chegando bem pertinho e me puxando com força pela cintura

__ Já sentiu saudade da pica do pai? - Ele diz bem próximo ao meu ouvido me fazendo fechar os olhos com força enquanto negava com a cabeça

__ Querido tenho a rola que eu quiser a hora que eu quiser porque iria sentir saudades da sua? - Tento afastar seu peito mais ele não permite

__ Para de charme vai Rafaela, sei que tu quer. É só pedir que eu te dou um trato daquele jeito de novo

Ele abre um sorriso que me deixa de pernas bombas. Ele percebe a minha reação e aproveita pra encostar seus lábios nos meus. Eu não resisto e abro minha boca dando passagem pra a sua língua quente e avassaladora que explora cada cantinho da minha boca. Suas mãos são firmes ao descer até a minha bunda e da uma firme apertada na região. Sobe o fino tecido do shorts molinho que eu usava dando um tapa na região me fazendo arfar nos seus lábios. Suas mãos apertavam minha cintura e logo uma delas sobem até a minha nuca puxando meu cabelo. Afasto minha boca da sua reclamando com a dor

__ Não foi tu que pediu pra mim te bater? - Ele diz desferindo outro tapa ardido na minha nádega- Não é assim que tu curte? - ele diz pegando firme no cabelo da minha nuca enquanto puxava meu lábio inferior com os dentes me causando arrepios

Cachorro, gostoso!

__ Para de lembrar - Eu peço finalmente me afastando dele - Aquilo não vai tornar a acontecer - Digo certa de mim fazendo meu caminho até a porta sem olhar pra trás, mas consigo escutar sua risada rouca e gostosa

__ Não do uma semana pra tu ta implorando pra mim te foder Rafaela.

Escuto as suas palavras e um sorriso nasce em meus lábios. Saio pra fora seguindo meu caminho até o portão tendo os olhares curiosos dos vigias em cima de mim.

Doce Perdição ( MORRO )Onde histórias criam vida. Descubra agora