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Rafaela siqueira

__ Aí - Eu reclamo enquanto Tess limpava o ferimento da minha boca com mertiolate para depois colocar o curativo

__ Tu é louca, tu podia ta morta essas horas - Ela começa dar atenção ao ferimento na minha sobrancelha __ Levar macho pra casa com ele no morro ? Jura Rafaela tu não tem amor a vida, era pra tu ta morta agora

é, era pra mim estar morta e só de pensar nisso me deixa apavorada pra caramba!

__ Cade aquele papinho motivacional " se eu fosse você metia o pé daqui, fugia " - Imito ela falando com uma voz de taquara rachada e ela revira os olhos

__ Fugir é uma coisa, agora levar macho pra dentro de casa sabendo que ele descobriria e você morreria é outros 500 - Ela me da uma bela de uma bronca ali como se fosse a minha mãe 

Enquanto ela falava eu assistia ela guardar as coisas que usou no meu curativo, as palavras ditas por ela entrava em um ouvido e saía pelo outro. Eu estava extasiada nunca passei tão perto da morte igual hoje, eu tava feliz e aliviada de estar viva e ver essa praga na minha frente viva e sem nenhum arranhão.

__ Como tu conseguiu sair do baile? - Pergunto á ela, tentando desviar o caminho da conversa que ela insistia em dizer o quanto eu fui maluca e irresponsável

__ Não sair ! Eu fiquei trancada no banheiro até os tiros acabar, depois eu sai e tinha uns caras estranhos cercando geral e batendo em porta em porta a procura do Vandal e seus homens - Puta que pariu, me lembro de Betinho e tenho um aperto no peito, deve ter morrido na certa

__ E oque aconteceu com os caras daqui? - Pergunto já imaginando a resposta

__ Mataram todos, a maioria pelo que sei. Até moradores alguns acabaram morrendo nesse meio - Ela diz esperando uma reação da minha parte, não demonstro nada __ Dizem que Vandal tentou fugir pelos fundos da casa da Paulinha, pegaram ela pra ver se ele voltava buscar ela, mais ele nem olhou pra trás, então mataram ela

Filho da Puta desgraçado !

__ Ela não merecia isso - Balbucio baixo __ Esses caras são burros o bastante pra acharem que o Vanderson se importa com alguém além dele mesmo.

Me forço a se levantar sentindo dor nas costas

__ Oque tu vai fazer agora? - Tess me pergunta

__ Tentar ter uma vida, ser livre, retomar meus estudos e arrumar um emprego, oque mais eu posso fazer ? - Agora sem o Vandal pra bancar meus luxo eu teria que arrumar um emprego e rápido 

__ Eu vou te ajudar no que eu puder, posso sair com você entregar uns currículos no meu almoço, ou ver com a dona Olga se ela sabe algum comércio que esteja precisando aqui no morro 

 Concordo, isso seria bom. Qualquer coisa que aparecesse eu aceitaria pois eu precisava e não posso me dar ao luxo de ficar escolhendo, afinal nem ensino médio eu tenho, outra coisa que o Vanderson tirou de mim, o desejo de posse sobre mim era tanto que me proibiu até de frequentar a escola. Eu digo posse, pois amor ele não tinha por mim, pra mim quem ama respeita e confia não tira a liberdade do outro igual ele fazia comigo Alessandra e a Paula. Ele comia outras piranha na rua, não podia ver uma buceta que já chegava metendo o pau não importava se a mulher queria ou não. Mas as únicas fixas que ele tinha era eu a Paula e Alessandra pra a nossa infelicidade, no caso da Alessandra felicidade, pois ela era a única demente da cabeça que gostava dessa vida.

Decido depois de muita insistência da parte da Tessália ficar aqui essa noite pra me recuperar, e também porquê não era bom ninguém ta na rua por hoje, já que havia um toque de recolher pra o morro ser colocado em ordem, oque significa limpar a bagunça de gente morta espalhada pelas ruas


4 dias depois ..

A tensão aqui na comunidade podia ser sentida por todos, ficamos 2 dias em toque de recolher e a 2 dias as coisas vem se normalizando, mais a é questão é que ninguém sabia como ia ser daqui pra frente, a política de Vandal aqui dentro era bem rígida, todo morador tinha que pagar aluguel pra ele, os nóias podia fazer oque bem entendessem aqui sem contar nos postos de saúde e escolas que tinham que pagar taxa pra poder funcionar aqui dentro, oque devia ser o contrário né.

__ Onde tu vai? - Tessa pergunta assim que ver eu tirar o pijama e colocar uma calça jeans

__ Pra casa Tess, preciso me organizar e também pegar meu celular que não sei nem onde tá - Penteio o cabelo erguendo o mesmo em um rabo de cavalo firme, preciso lavar ele urgente, 4 dias já sem lavar, mais um dia e ele saia correndo de mim

Só de pensar que eu quase o perdi ... Levei 4 anos depois que tive ele raspado pra conseguir que ele chegasse nesse tamanho, ele era meu xodó .

__ Eu vou com você, o movimento na farmácia ta bem fraco, dona Olga só vai abrir depois do meio dia por enquanto 

Tessália era uma menina muito responsável, depois que a mãe morreu ela nunca mais quis voltar pra o Mato Grosso de onde ela veio, pelo oque eu sei ainda tinha alguns parentes lá, mais ela sempre preferiu a tia daqui que também acabou falecendo alguns anos depois que a sua mãe. Desde então ela ficou com a casa que era da tia e trabalha na Farmácia da Dona Olga, e se sustenta sozinha.

__ Bora que de lá eu vou direto - Ela chama passando a bolsa pelo ombro e chacoalhando o longo cabelo castanho

Na rua geral me olhava, não fazia ideia do que esse povo estava pensando, e também nem queria saber, a opinião deles não me ajudaria em nada. O morro parecia tranquilo apesar da apreensão visível nos moradores, as crianças passavam por mim com mochilas, deduzir que a escola já estivesse funcionando normal.

__ Mais uma que me olhar torto vou perguntar se eu to cagada - Falo alto o bastante pra uma mulher que passava com uma sacola da quitanda ouvir, mulher só faltava me comer com os olhos, sei que sou bonita mais ta loko em !

__ Pra eles você tava morta, quer oque ? tão assombrado, a Paula morreu devem ter achado que tu tinha batido as bota também

Quando vou me aproximando da minha casa noto três caras desconhecidos na frente do meu portão, acho estranho mas não digo nada, faço menção em entrar pelo portão e o magro alto me barra

__ Pode entrar ai não dona - Ele diz estendendo o braço na minha frente

__ E eu posso saber porquê caralhos eu não posso entrar dentro da minha própria casa ? - Pergunto o fitando enquanto fazia pouco caso, ele me olha mais nada diz, continua olhando pra frente como se fosse um poste, eu tento passar novamente e ele me breca de novo dessa vez pegando Tessália pelo braço também

__ Não me encosta caralho - Ela rosna puxando seu braço livrando dele

__ Vocês trata de meter o pé da frente do meu barraco ou eu ... - Umedeço os lábios procurando pela palavra certa, mais o de boné vermelho sem camisa ao lado me interrompe

__ Ou oquê vadia? Vai, vai mete o pé você antes que nóis te meta uma bala na testa

Eu não espero em avançar em cima dele e acertar um soco com a mão fechada na sua cara, ele surpreso cambaleia pra trás antes de me segurar

__ Vadia é a sua mãe seu desgraçado, a casa é minha eu entro aqui quando eu quiser - Eu grito no meio da rua atraindo a atenção de geral que passava

To nem ai, sou barraqueira mesmo

__ Chegam aqui achando que é bagunça, vocês não passa de uns merda com fuzil na mão - Tessália grita do outro lado enquanto o magrelo segurava ela e o de boné vermelho me segurava me dando uns chacoalhões 

__ Bora, leva essas ai pro chefe - Ele diz simplesmente prendendo nossa mão pra trás



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Doce Perdição ( MORRO )Onde histórias criam vida. Descubra agora