Doce Perdição ( MORRO )

2

Rafaela

A essa hora provavelmente já havia amanhecido, os tiros haviam durado cerca de 4 horas eu deduzir, já que eu não estava com meu celular aqui, mais pelos meus cálculos agora deveria ser em torno de meio dia e pouca. Eu já tinha roído todas as minhas unhas, eu tava torrando dentro desse barracão sem janela, não preguei os olhos por um minuto se quer com medo, angustia, desespero e preocupação, a Tessália devia ta naquele baile caralho, e o medo que eu sentia de que a qualquer momento aquela porta se abriria e passaria por ela um Vandal muito puto da cara comigo, ele ia me matar eu sei que ia, ou me dar uma boa surra e raspa minha cabeça de novo.

Logo que eu fiquei com ele com meus 15 anos ele já tinha me colocado no meu barraco e dava um dinheiro por semana pra mim, então um belo dia eu apareci em um baile ele nunca mencionou que eu era proibida de sair, então eu fui, cheguei lá ele tava doidão, nessa época junto com a Paula outra amante dele, ele desceu do camarote na hora que me viu e me bateu lá mesmo me levou embora me estuprou, porquê eu já estava desacordada de tanto apanhar, e então acordei com meus cabelos raspados, eu chorei tanto que nem na rua eu tive vontade de sair mais. No outro dia Paula a amante dele apareceu no meu barraco as escondidas com remédios e curativos, ela me contou a história dela e assim como eu ela também sofria na mão daquele canalha, desde então sempre nos apoiávamos quando era preciso, bem diferente da minha relação com Alessandra, a outra amante dele que é descompensada da cabeça e não passa de uma viciada.

Me levanto do chão assim que ouço o barulho na tranca da porta, meu coração só faltava sair pela boca, automaticamente eu olho pros lados a procura de alguma coisa pra me defender ou um lugar pra me esconder.  A porta se abre revelando dois caras desconhecidos e bem armados apontando a arma pra mim, eu levanto os braços na mesma hora ficando imóvel, um deles vem pra o meu lado passando a mão pelo meu corpo me revistando enquanto o outro me observava

__ Qual teu nome nova? - Ele pergunta 

__ Rafaela Siqueira - Respondo não entendendo nada do que acontecia ali

__ Tu é da onde? Oque tava fazendo presa aqui? - O outro faz sinal pra ele avisando que eu tava limpa

__ Daqui da Penha, moro umas ruas pra baixo - Aponto com o queixo em direção a minha casa __ Quem são vocês? Cade o Vandal? - Pergunto enquanto ele mexia no celular e o outro me segurava por um braço

__ Rafaela Siqueira, uma das amante do Vandal? - Ele ergue a sobrancelha me fitando eu concordo brevemente __ A casa caiu pro teu macho princesa, e ta prestes a cair pra tu também. JP bora leva ela pro Mineiro que ele vai querer bater um papo mais de perto com essa aqui e depois ele decide oque faz

__ Oquê.. Não vocês tão malucos caralho - Tento soltar meu braço mais é em vão quando o tal JP coloca um saco preto na minha cabeça me impedindo de gritar e me guia pra fora 

Eu só sabia pensar nas diversas formas que eu esperava que esses caras tivessem matado o Filho da Puta do Vanderson, desgraçado fodeu com a minha vida e agora vou morrer de vez por causa dele.

Escuto barulho de uma porta se abrindo, eles me sentam em uma cadeira e retiram o saco da minha cabeça, respiro ofegante pela falta de oxigênio e levanto minha cabeça olhando o cara moreno carrancudo a minha frente no escritório da boca 10 que um dia foi do Vandal

__ Me dê um motivo pra mim não te mata aqui e agora - Ele manda na lata me fitando com as mãos em cima da mesa junto do queixo __ Quero uma prova que tu não ta envolvida junto com ele

__ Eu não tenho nada ver com os rolos dele, eu era obrigada a ser amante dele eu odeio ele - Ele não faz a mínima expressão de convencimento com oque eu digo __ Pergunta pra esses merda desses seus homens onde eles me acharam, em um galpão trancada na porra de um galpão - Aponto pra o corte ao lado da minha boca que eu tinha certeza que estava horrível __ Tu acha que eu gostava de apanhar dele? Se vocês não tivesse invadido esse morro ele tinha me matado

Ele continua com aquela cara de bunda

__ Chama Paula aqui, ela é amante dele também pode confirmar os horrores que eu passava na mão dele 

__ A loirinha baixinha? - Ele pergunta com um meio sorriso dançando nos lábios, eu concordo com a cabeça __ Essa dai já rodou fia, e se tu não tiver como confirma sua histórinha triste tu roda também ...

Minha boca se abre em um " O " mais nada sai, eu não acredito que ela tava morta, ela não merecia isso, não merecia esse fim, ela era uma boa mulher que assim como eu teve a vida estragada por aquele maldito do Vanderson.

A porta se abre e um garoto que não devia ser muito mais novo que eu entra com uma folha em mãos

__ ta ai a ficha da mina chefe - Ele joga a folha que continha minha foto na mesa, ele analisa por longos minutos torturantes

__ Rafaela Siqueira, 20 anos, mãe e irmã sem paradeiro, pai viciado .... - Ele lê alto, me expondo ao ridículo ali    __ Negócio é o seguinte Rafaela-  Ele diz após longos minutos encarando o papel, levanta seu olhar pra mim   __  Vandal caiu e agora Vila Cruzeiro inteiro junto do Complexo da Penha é minha, quem comanda agora é o CV, eu que mando aqui, por hoje tu vive porquê eu to solidário e to vendo aqui que tu tem uma vida de merda, mais eu to de olho em você, se pisar fora da linha uma única vez ... - Ele faz um estralo com a língua deixando bem claro oque me aconteceria 

__ Então quer dizer que me livrei de um otário pra cair nas mãos de outro? - Falo mesmo na cara dele __ Eu não sou nenhuma criminosa do seu meio pra ta sendo vigiada não

Ele rir, o maldito rir

__ Tu não ta entendendo né ? É isso ou se preferir posso te matar aqui mesmo, só to te deixando viva como minha boa ação do ano. Eu gosto de ter o controle de tudo na minha favela, se teu maridão fosse esperto também teria, e quem sabe ainda taria aqui - Ele se aproxima falando isso bem próximo de mim

Ele parece dar o assunto por encerrado, os cara me levanta da cadeira me levando até a porta dali, mais eu paro quando chego na porta e me viro pra ele

__ Vandal ta morto? - Pergunto a pergunta que não queria calar

__ Não - ele diz sem me olhar __ Preocupada?

__ Não sei se as coisas serão tão diferentes quanto era com ele, já que nem matar ele tu conseguiu, mais se encontrar ele eu mesmo mato pra você - Dou uma piscadinha saindo dali a passadas duras, indo correndo em direção até a casa da Tessália, precisava saber se ela tava bem e viva.

Eaí oque estão achando da história? Me digam nos comentários, e não esqueçam de votar, não vai cair o dedo de vocês não hein.