Rafaela 19:53
Saio do banheiro verificando se o curativo na minha barriga estava bem colado. JP me levou direto pra o postinho aqui da Penha e lá prontamente uma enfermeira me atendeu e disse que não seria necessário chamar um médico, levei 5 pontos que doeram mais que o inferno, mas eu estava bem. A bala nem mesmo havia se alojado, foi literalmente de raspão e isso me assuatava.
Vanderson não queria me matar, muito pelo contrário, me queria muito bem viva pra continuar com seu sadismo e suas loucuras em cima de mim, e eu preferia morrer do que passar por aquele inferno de novo.
__ Como está se sentindo? - Pietra pergunta com o rosto vermelho me seguindo até o quarto de hospedes da casa dela
__ Amiga eu to bem - Me sento olhando pra ela que estava com os olhos inundados - Não chora, eu continuo aqui viva e gostosa
__ E vadia também - Jogo a almofada nela e rimos - A Poli disse que amanhã passa aqui em casa pra te ver.
Levanto meu olhar pra ela, fazia um bom tempo que eu não a via e ela nem me respondia no whatsapp, me fazendo pensar bem se eu havia feito algo pra ela.
__ Porque ela sumiu? Mas de mês que não vejo aquela bisca
Pietra suspira e coloca os fios de cabelo loiro atrás da orelha antes de me olhar
__ Eu também não sei o que anda acontecendo com ela - Seu semblante toma um tom preocupado - Compartilhamos o berço e ela nunca me escondeu nada, mas eu já não reconheço mais a minha prima. Ela não sai mais de casa e não fala com mais ninguém, já perguntei pro Rico o que havia com ela mas ele só me olhou torto e disse "E porque teria algo de errado com ela? Se ela aprontar eu mato ela" - Revira os olhos tentando imitar o tom de fala do primo - Mas apesar disso eu sei que ela continua se encontrando com Papagaio.
__ Aquele cara me causa arrepios - Comento estremecendo fazendo uma careta - Ele é estranho e o irmão dela nem gosta dele, porque não afasta ele dela?
__ Porque ela mente pra o Henrico que não vê ele e como ele só cuida das bocas do asfalto, quase ninguém ve muito ele pelo Alemão - Ela se levanta deixando uma cartela de analgésico ao lado da cama no momento que o meu celular toca - Vou deixar você descansar, precisar de alguma coisa grita, ouviu? - Me da um beijo na bochecha e sai do quarto deixando a porta entreaberta
__ Fala mocreia - Atendo Tessalia que assim que escuta minha voz abre a boca chorar - Pode parar de chorar? Deixa pra chorar no meu enterro que eu continuo aqui gostosa do jeitinho que Deus fez
__ Sua vaca - Ela berra do outro lado - Eu e Andrielli achamos que iria ter que preparar um velório
__ Fala pra ela que ela ia parar na vala porque eu não tenho dinheiro pra velório não - Andrielli diz de fundo me fazendo gargalhar
__ Fala pra essa biscate que ela me deve, eu dei teto pra ela - Eu gargalho alto com a baixaria que aquelas mocreias me falam e ao mesmo tempo me sinto grata por ter as melhores amigas na minha vida.
__ Tu falou pra tua amiga agradecer teu homem por ter salvo a vida dela? - Escuto de fundo a voz de JP e não perco tempo em provocar Tessalia
__ Hummm, teu homem é? - Pergunto e ela diz um "cala boca" e vejo ela em minha mente revirando os olhos
__ Você vem quando embora? - Levanto meu olhar pra o homem parado no batente da porta do quarto sem camisa apenas de bermuda tactel e o cabelo molhado
__ Pretendo ir hoje ainda
Ele mexe os lábios dizendo que eu não iria ir hoje e eu o ignoro. Termino de conversar com a Tess garantindo a ela que eu estava bem e sem dor. Finalizo a ligação jogando meu celular pro lado em cima da cama, ele se aproxima e se senta na lateral da cama
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Doce Perdição ( MORRO )
FanfictionTem horas que me revolto com a vida atribulada que eu levo, e tem horas que eu me conformo com a minha realidade! Rafaela Siqueira aos seus 20 anos, nunca teve uma vida fácil, nascida e criada na favela tem a rotina que muitas meninas de comunidade...