Ano 1502, mês de Persei, dia 31.
— Qual parte de façam silencio você não entendeu?! — ralha Isis com o garoto.
Kira inspira fundo, fingindo não ouvi-los enquanto observa o acampamento inimigo. Mesmo movendo-se pelas arvores, fora um milagre não terem sido notados ainda pelo barulho. Não há nenhuma chance de fazer isso sozinha como da ultima vez, a campo aberto e na floresta seria notada no instante em que pisasse no chão, não tem certeza se conseguira se quer derrotar o primeiro antes de contra-atacarem. Ainda assim, cada vez que se volta para eles, tem mais certeza de que deveria. Com um pouco de sorte, ao menos servem de distração. Conclui, automaticamente lembrando-se da conversa na noite anterior.
— Você não pretende fazer isso sozinha de novo, não é? — pergunta Arthur, aproximando-se. Havia se afastado enquanto faziam uma refeição demasiadamente barulhenta, talvez o silêncio lhe ajudasse a pensar em uma estratégia melhor, mas obviamente, não seria tão fácil encontrar um pouco de paz.
— Isso não funcionaria — responde.
— A questão não é essa — diz o garoto, gentil, mas irredutível.
— Eu não vou — responde após um suspiro entediado.
— Promete?
— Eu não faço promessas — ele cruza os braços, encarando-a de maneira irritantemente determinada, automaticamente fazendo-a pensar no garoto que costumava treinar todas as manhãs, aparentemente, o tempo que têm passado juntos já fora suficiente para influenciá-lo.
— Nós confiamos em você, espero que um dia também confie em nós — diz por fim.
— Eu confio, mas não farei promessas que posso quebrar.
— Então pretende agir sozinha?!
— Não pretendo, mas não hesitarei em fazer se tiver uma oportunidade que possa aumentar nossas chances de sucesso.
São cinco inimigos, e embora não tenha conseguido descobrir quais seus elementos, certamente pode contar com pelo menos um dominador de terra. Analisando de maneira técnica, já estão praticamente mortos. No entanto, como têm notado desde o início, se tratando desta equipe probabilidades não significa muito. Enfim, começa a pensar que talvez, caos e imprevisibilidade tenham lá suas vantagens. Ou não! Conclui, ao ouvir o som de galhos se quebrando e um grito sufocado.
Mal haviam se separado, deixara Arthur com eles justamente para evitar que algo assim acontecesse, mas claramente não foi suficiente. O garoto cai no chão com um baque, o grito sufocado viera da garota, que provavelmente tivera a boca tampada pelo dominador de plantas que, não conseguira ou, em pânico, nem chegara a tentar impedir que ele desabasse no chão.
Constata que não quebrara nada ao vê-lo se levantar rapidamente na medida em que os inimigos se aproximam, começando a procurar nas arvores. Volta-se para a outra direção, em busca do dominador de fogo que aparentemente, se escondera muito bem. Ao que parece, embora tenha alarmado o inimigo, não chegara a deixá-los preocupados, subestimando-o completamente ao se aproximarem tão despreparados.
O bastão havia caído há alguns metros do garoto, que não hesita em atingir o inimigo mais próximo com um soco no estômago e outro na garganta. Não fora completamente preciso, mas o suficiente para deixá-lo sem ar e temporariamente fora de combate. Os dois mais próximos reagem rápido, ele se esquiva de um golpe, e o que se aproxima por trás é pego por uma flecha. O tiro foi certeiro, mas entregara sua posição e não tem chance de disparar uma segunda vez antes de ser alvejada com uma rajada cortante de ar e obrigada a pular dali para não ser atingida.
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Lendas de Sahra - Unificação
FantezieO torneio de graduação, um momento de tensão e empolgação que deve decidir o curso de suas vidas a partir de agora, como guerreiros, ou compondo as equipes de apoio. Onde Kira, a primeira não dominadora a conquistar o título de melhor da academia, c...