Onze

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     A discussão era leve, sobre os ingredientes da massa de sabor portuguesa ou quantas pessoas bebiam refrigerante e quantas não. No entanto, na minha cabeça, eu estava entre pegar um Uber e sair correndo ou fugir de Israel pelo maior tempo possível. Pedro apareceu e se juntou ao grupo, do qual eu fazia parte frequentemente, mas nunca me dirigiu a palavra. Isso me parecia confortável, pois odiaria ter que explicar como um atropelamento com um carro em ré aconteceria para quem ficasse curioso sobre como nos conhecemos.

Maya segurava minha mão e, sempre que Pedro desviava o olhar para nós, ela a apertava.

Eu me lembrava muito pouco da casa do jovem onde a confraternização estava acontecendo. Havia acontecido uma confraternização na casa de Kael, muito anos atrás quando começou a congregar conosco, quando conheceu Camilla e instantaneamente se apaixonaram. Eles formam um belo casal. Ela canta no grupo e ele é auxiliar; ambos trabalham e, pouco a pouco, realizam o sonho de ter sua própria casa. Segundo Maya, eles se casariam após a cirurgia bariátrica do pai de Camilla, o irmão Elias, pois alguém precisava ficar à disposição dele no pós-operatório.

- Todos de acordo? - Perguntou Kael sobre as pizzas, enquanto conversava com a atendente pelo celular. Ninguém discordou, então, pela primeira vez na noite, parecia verdade que eu realmente iria comer algo, em vez de ouvir sobre os diferentes tipos de ingredientes que podem ser colocados em uma massa.

- Adoro cebola. - Comentou Camilla, sem nada de especial e puxando assunto.

- Azeitona. - Israel fez uma expressão de nojo. - Ou então palmito...

- Seus gostos são inadmissíveis. - Camilla respondeu, como se estivesse ofendida. - Tanto gastronômicos quanto para mulheres. - Todos riram, pois era consenso que sua ex-namorada era uma mulher um tanto arrogante, que jamais cumprimentava e não gostava quando Israel fazia isso com os irmãos da igreja. - Cair é do homem; levantar é de Deus. Corra atrás de uma vitória, não de certeiras derrotas. - Aconselhou sabiamente.

- Não acho que seja uma boa ideia. - Comentou o namorado da Vitória, seriamente. Eu quase ri.

- Muito menos eu. - Murmurou Israel, admirando os braços fortes de Hugo. Eu bebi um pouco do refrigerante que Kael tinha na geladeira e que nos serviu quando chegamos. O valor das pizzas seria repartido entre nós, com exceção de quem cedeu a casa, no caso, Kael. - Estou na luta para conquistar outro reino. - Comentou, me encarando com um certo significado.

- Hoje você está expirado. - Comentou minha prima.

- Deus coloca a expiração em nossos corações, Maya.

Isso parecia mais obra do próprio diabo.

O que é isso?

Pensei que só começaria a pagar pelos meus pecados depois que morresse. Amostra grátis eu aceito apenas de comida ou canal fechado de TV.

Por sorte, Pedro convocou os homens, atropelando qualquer intenção de Israel com aquele papinho. Para distribuir as cadeiras de plástico, empilhadas uma em cima da outra. Então, eu, Maya e Camilla ficamos a sós em um trio.

- Achei poético, Roberta. - Comentou Camilla sobre o real interesse de Israel, mas sem chegar diretamente ao assunto. Eu revirei os olhos, realmente ofendida.

- Prefiro lutar contra Golias ou sofrer as dez pragas. - Respondi com seriedade, e Camilla concordou em silêncio, sorrindo.

- E você, Maya? Já percebi quem é o dono do seu interesse. - Mudou de assunto, mas continuou com o tema amoroso. Minha prima sorriu sem graça, mas não teve como negar e nem quis. Quanto mais pessoas souberem do seu interesse, menos concorrência ela teria que lidar. Achei a conversa bem tediosa, então tirei o celular do bolso para conferir as redes sociais.

Mirela estava jantando com o namorado em um restaurante que servia caviar. Meu chefe André estava em um bar com uma amiga nova.

Momentaneamente, me senti infeliz, refletindo sobre o quão chato estava sendo meu final de domingo. Falando sobre os desafios do namoro cristão e tentando tolerar alguém que queria exatamente isso comigo. Suspirei desgostosa. Sentia inveja de Maya, não apenas pelos motivos mais evidentes, como ter a supervisão dos pais e não precisar trabalhar.

Maya é a mulher mais linda da igreja, do tipo que, esclarecendo quando eu disse "quanto mais pessoas souberem do seu interesse, menos concorrência", isso é porque ela é magnífica e todo mundo sabe disso, ao ponto de nenhuma outra mulher querer competir com ela conscientemente. Suas ambições são claras e aparentemente acessíveis, pois o homem que ela deseja como pai de seus filhos está apenas a alguns passos. E ela apenas precisa ser ela mesma para que Pedro descubra o quão incrível ela é. As coisas são inacreditavelmente fáceis para Maya. Ela sorri ao cumprimentar, tem uma ótima voz e leva a vida de forma leve.

Para mim, até mesmo socializar com aquela galera parecia um peso enorme.

Minhas ambições? Estão em um lugar muito distante. E minha única certeza é que nenhuma pizza vale a pena para suportar Israel me encarando a cada meio segundo.

- Vou ao banheiro. - Anunciei, sem direção específica, apenas porque seria estranho sair sem avisar. Mesmo que Camilla e Maya estivessem realmente envolvidas em discutir casamentos ao ar livre, que é uma opção para Camilla.

Corações em Conflito: Romance CristãoOnde histórias criam vida. Descubra agora