Capítulo 15

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Acabo de sair de uma reunião com Guilherme Bernardes, o escrivão da delegacia, e Ingrid pede para conversar comigo.

Assim que entramos em minha sala, ela cruza os braços e me encara com um olhar aborrecido.

— Por que você não me disse que enviaria a Rosemary para a cafeteria? — questiona.

Eu paro a meio caminho de me sentar e olho para ela.

— E quem foi que disse que eu enviei a Rosemary à cafeteria? Eu não sei do que você está falando — assevero.

Ingrid me olha com espanto.

— Você tem certeza disso, Matarazzo?

— Ingrid... — Respiro fundo, impaciente. — Diga logo o que aconteceu e por que você acha que eu enviei Rosemary à cafeteria.

Ela balança a cabeça.

— Porque, ontem, a Rosemary apareceu na cafeteria. Inclusive, foi atendida por Júlia.

No mesmo instante, sinto a raiva subir e contraio a mandíbula.

— Mas que merda é essa? O que ela foi fazer lá? — Eu passo por Ingrid e abro a porta. — Carlos, a Rosemary está por aí? — pergunto ao agente que está sentado em sua mesa, com algumas pastas de documentos sobre ela.

— Eu a vi mais cedo, estava saindo para aquela operação da escola — informa.

Solto um xingamento, volto para a sala e bato a porta. Passo por Ingrid e sento-me em minha cadeira.

— Eu não acredito que a Rosemary passou por cima de mim! O que ela pensa que está fazendo?

— Você sabe que estamos de olho na cafeteria, não é? Sempre tem um agente designado me passando informações. Alguns até entram lá, principalmente quando um dos sócios aparece. E, ontem, quando eu fui informada sobre a Rosemary, imaginei que fosse você a enviá-la.

Eu olho para Ingrid, ainda com raiva.

— Eu sou a única pessoa, fora os seus agentes designados, permitida a ir à cafeteria. Sabemos que um erro pode colocar tudo a perder. Eu não enviaria ninguém lá sem antes falar com você, afinal, somos uma equipe.

Ingrid se aproxima e se senta à minha frente.

— Matarazzo, eu sinto cheiro de ciúmes — comenta coçando a cabeça.

— Ciúmes? Não entendo.

Com uma risada, ela acena.

— Você e a Rosemary tiveram uma história no passado, e ela não a superou.

Quem ri desta vez sou eu.

— Faz muito tempo que terminamos. A Rosemary e eu conversamos muito sobre isso, não tinha como seguirmos juntos. Eu a estimo muito, mas nada além disso. E não vejo razão para ela sentir ciúmes — desabafo.

— Eu vejo como ela te olha, Matarazzo.

Encaro Ingrid e cruzo os braços.

— Você está dizendo, então, que ela tem sentimentos por mim? E tem ciúmes de quê? Ou melhor, de quem?

— Da Júlia Flores — Ingrid responde naturalmente.

Eu me levanto rápido.

— Se for esse o caso, a Rosemary está maluca! Ela não tem que ter ciúmes de ninguém, muito menos da Júlia, que é uma suspeita.

— Você ainda insiste nisso... Para mim, a Júlia Flores deixou de ser suspeita há muito tempo — aponta.

Caminho até a cafeteira e me sirvo de um café.

Delegado SilasOnde histórias criam vida. Descubra agora