Capítulo 25

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Alguns dias se passaram desde que estive com Silas. Eu não tenho o visto, mas nos falamos todos os dias por telefone. Pelo que me contou, a demanda na delegacia esta semana aumentou, e só por isso não pudemos nos ver.

Eu sinto muito sua falta, mas entendo que seu trabalho é fatigante. Ao menos, estou aproveitando para estudar bastante, pois a semana de provas está chegando e eu quero tirar boas notas.

Na cafeteria, tudo segue muito calmo, e embora Silas não tenha me dito em qual delito o Francisco está envolvido, eu começo a suspeitar de que tem a ver com a venda desses pacotes de café em grãos. Reparei que sempre que um cliente vem pegar esses pacotes, Francisco ou Luiz Otávio está presente, quando não os dois.

Eu também notei que Marlon pode estar envolvido. Suas ações são questionáveis, e ele é o único com quem Francisco e seu sócio conversam pelos cantos, sempre parecendo que estão guardando um grande segredo.

Seguindo as orientações de Ingrid e Silas, eu não comentei nada com a Adriana sobre o que descobri. E eu também não quero a envolver nessa história, para não a prejudicar.

Meu primo e o sócio chegam, então eu já fico em alerta. Adriana atende alguns clientes, enquanto eu coloco alguns salgados para assar. Francisco se aproxima de mim e toca em meu ombro. Seguro a vontade de me afastar dele.

— Tudo bem com você, prima?

Forçando um sorriso, eu olho para ele.

— Sim. O movimento hoje está muito bom — respondo.

Ele me analisa e sorri.

— Isso é bom. Continue assim e nós nos daremos muito bem — adverte, e eu sei muito bem sobre o que ele está falando.

— Você é meu primo, Francisco, eu o tenho como a um irmão, sempre estarei ao seu lado — minto, sentindo vontade vomitar.

Eu treinei muito essa fala, espero ter saído convincente.

Francisco empina o queixo.

— Isso só prova que você é uma pessoa de visão. Quanto mais eu me der bem, mais você e sua família poderão usufruir de uma boa vida. Daqui a um tempo, você não precisará nem mesmo trabalhar — murmura.

Que vontade de socar o nariz dele! Mas eu permaneço com o sorriso falso estampado em meu rosto.

— Eu sei disso.

Quando Adriana se aproxima, Francisco aperta meu ombro e vai para o caixa, onde seu sócio conversa com Marlon.

— Hoje ele está de bom humor — comenta minha amiga.

— Sim, e isso é muito bom, pois sabemos que não vai pegar no nosso pé — aponto, tentando demonstrar otimismo.

Ela ri, então voltamos a trabalhar.

Um homem de terno chega e Francisco o recepciona. Eles conversam em tom baixo, em seguida, meu primo marcha até a despensa e aparece carregando três sacolas com pacotes de café em grãos.

Deixo Adriana no atendimento e vou lavar a louça, para não acumular. Francisco anota alguma coisa em um bloquinho e volta para a despensa, onde Luiz Otávio se encontra. Olho para Marlon. Ele está no celular. E ri. É só o que faz: assiste a vídeos o tempo todo.

Pego algumas xícaras e as levo até o armário. Eu não pretendia guardá-las agora, mas é melhor tirar proveito da situação. Abaixo-me e abro o armário, e assim ouço parte da conversa.

A grana já está na conta. — Identifico a voz de Luiz Otávio.

Isso é bom. E não esqueça: Morcego espera por nós amanhã, acho que conquistamos a sua confiança — gaba-se Francisco.

Delegado SilasOnde histórias criam vida. Descubra agora