Capítulo 4

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O ambiente aqui é acolhedor, e o aroma de café é agradável. Olhando, ninguém diz que aqui é apenas uma fachada para se distribuir e vender drogas. Eu me surpreendi com o lugar.

Entretanto, eu não esperava que a Júlia viesse me atender, admito que também fiquei surpreso com ela. Pois é muito mais bela do que nas fotografias, além de se mostrar muito afetuosa no atendimento, o que me deixou com muita raiva. Pois essa simpatia deve fazer parte do seu disfarce.

Hoje o seu primo também está na cafeteria e percebo que conversa todo o tempo com o rapaz do caixa. No salão há apenas um casal, que fazem um lanche enquanto trocam carinhos. Eles são jovens e não estão aqui para comprar cocaína. Diferente do homem de terno que saiu pouco antes que eu entrasse, pois o observei anteriormente do outro lado da rua.

Sinto a aproximação de Júlia e olho através da janela, não estou a fim de a encarar. E não sei se é impressão minha, mas ela cheira a café, deve ser porque trabalha o dia todo aqui.

Noto que põe a xicara em cima da mesa, a minha frente.

— Aqui está, senhor, deseja mais alguma coisa? — Sua voz é macia e irritantemente agradável.

Eu nego com a cabeça.

— Não — respondo seco.

— Se precisar de alguma coisa é só chamar, aproveite o seu café — diz e se afasta.

Eu respiro fundo e olho para ela se afastando. Sua calça preta adere bem ao seu corpo bem feito. Seus cabelos estão presos num coque e deixa seu pescoço exposto. Aperto meus dedos fechados. Mas que merda!

Reparo que seu primo se aproxima dela e fala alguma coisa em seu ouvido e ela ri. Bebo o café sem tirar meus olhos da cena. Será que ela é o primo são íntimos? Eu sei que ele é casado, mas isso não quer dizer nada.

A porta da frente se abre e olho. E por falar em esposa, aí está ela: Valéria Flores, a esposa de Francisco. Hoje cedo li a ficha dela. Casou-se com Francisco há dois anos, a família dela é de classe média-baixa, e não consta nenhum envolvimento com o crime, porém Valéria é muito consumista, não trabalha e vive da boa vida que o marido dá. Será que ela sabe de onde vem tanto dinheiro? Ainda não sabemos.

Discretamente percebe que alguma coisa a aborrece, pois sua expressão é de chateação. Desta forma, percebo que a aproximação de Júlia com o seu marido não a agrada. Assim que os dois percebem sua presença, se afastam e Júlia ainda sorri para ela, mas logo se vê que há uma rixa ali.

Francisco beija a esposa e os dois se afastam e conversam num canto. Passo os olhos ao redor e já não vejo Júlia em lugar nenhum. Volto a observar Francisco com a esposa e vejo quando entrega a ela um maço de dinheiro. A mulher sorri e beija o rosto do marido. Ele cochicha em seu ouvido e ela dá uma mordida em seu pescoço, enquanto ele desfere um tapa em sua bunda.

Respiro fundo e beberico um gole de café. Algumas pessoas entram na cafeteria, Júlia e a outra funcionária, que se chama Adriana, atendem os clientes e não consigo desgrudar os olhos de Júlia, que sorri o tempo todo e até conversam com os clientes. Adriana também é gentil, mas não tanto como Júlia, que parece lançar um feitiço nos clientes.

Valéria vai embora e quando termino de tomar meu café, como mágica Júlia retorna.

— O senhor deseja mais alguma coisa? — indaga com simpatia.

Relutante, eu levanto o olhar que viaja por seu estomago, passando por seus seios escondidos pela blusa preta com o logo da cafeteria, chega a seus lábios rosados e carnudos que têm um sorriso fascinante. Essa moça pode até estar envolvida com as falcatruas do primo, mas não se pode negar sua beleza.

Delegado SilasOnde histórias criam vida. Descubra agora