Capítulo 11

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Eu tenho certeza de que a Júlia está no mínimo intrigada com o meu convite, sinto que me olha com muita curiosidade enquanto caminha ao meu lado.

Eu não pensava em levá-la para jantar. De modo surpreendente, eu agi por impulso. O primo dela é quem deveria fazer alguma coisa, afinal, é seu aniversário. Ela é sua parente e só tem a ele por perto. Que cumplicidade é essa?

Ainda tenho minhas desconfianças sobre a Júlia, eu não estou convencido de que ela seja tão inocente, apesar de seu olhar demonstrar certa ingenuidade. As pessoas dizem que eu sou muito desconfiado, mas não tem como ser diferente. Eu já vi muitas pessoas entrarem numa roubada por acreditarem cegamente em quem não deviam.

Entramos no restaurante e um garçom nos leva a uma das mesas perto das janelas. Ele nos entrega um cardápio e pergunta se iremos beber algo.

Eu olho para Júlia, que segura o cardápio com uma das mãos e viaja os olhos pelas opções, distraída.

— Júlia!? — Ela se volta para mim e sorri. — O que vai beber?

Ela volta a atenção para o cardápio, em seguida, olha para o garçom com um sorriso.

— Um suco de abacaxi com hortelã, por favor.

O garçom anota seu pedido. Júlia coloca o cardápio sobre a mesa e me olha. Eu aceno e viro-me para o garçom.

— Eu quero um refrigerante zero açúcar.

Depois de anotar, o garçom pede licença e nos deixa a sós.

— Você tem problemas com açúcar? — Júlia pergunta de repente.

Eu franzo a testa.

— Por que acha isso?

Ela ri e sacode os ombros.

— Você pede café sem açúcar. Nas duas vezes que o atendi na cafeteria, você não pediu nenhum pedaço de torta. E agora pediu refrigerante sem açúcar, eu apenas fiquei curiosa.

Eu nunca tinha parado para pensar sobre isso, o que mostra que ela é realmente observadora.

— Consumir muito açúcar faz mal. Eu não tenho nenhum problema de saúde, mas gosto de me manter saudável — respondo.

O garçom volta para nos servir as bebidas. Peço que retorne em alguns minutos, pois ainda decidiremos o que comer.

Júlia levanta seu copo em minha direção, eu faço o mesmo, então brindamos.

— A nós! — diz e bebe um pouco do seu suco.

— Ao seu aniversário! — respondo. Depois de dar um gole no meu refrigerante, retorno o copo à mesa. — Você trabalha na cafeteria há muito tempo?

Eu já sei a resposta, sei quase tudo sobre ela, mas quero ver até que ponto ela pode vir a mentir ou falar a verdade.

— Quase três meses — responde com simplicidade.

Sem tirar meus olhos de seu rosto, chego o corpo para frente. Júlia, apesar de apreensiva, não desvia o olhar. Essa moça tem uma força impressionante.

— E você gosta de trabalhar lá?

Ela olha para o lado e balança a cabeça, incerta.

— Gosto. É um lugar tranquilo, eu não tenho do que reclamar — comenta e volta a me olhar. Como eu, ela chega o corpo para frente. — Você parece até um detetive, faz muitas perguntas.

Esperta!

É indiscutível como é astuta. Se soubesse quão perto da verdade ela chegou... Eu preciso tomar um cuidado redobrado com ela. Dou um sorriso e balanço os ombros.

Delegado SilasOnde histórias criam vida. Descubra agora