Capítulo 19

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Em menos de 24 horas eu vivi todos os tipos de emoções, chego sentir meu corpo exausto. Não sei como ainda sou capaz de me manter de pé.

Depois que Francisco saiu me deixando desesperada na dispensa da cafeteria eu fiquei perdida. Porém, com muito esforço consegui conter as minhas emoções. Quando voltei para detrás do balcão, Adriana veio falar comigo, preocupada e eu confirmei a história de Francisco sobre meu pai ter passado mal.

Ela entendeu que eu não estava para muita conversa, mas ofereceu ajuda caso eu quisesse conversar. Eu pensei seriamente em me abrir com Adriana, mas não poderia a colocar em perigo também.

Eu não vi mais o meu primo, e quando faltava dez minutos para fechar, como não tinha ninguém para servir eu pedi a Adriana que me cobrisse, caso chegasse algum cliente, o que eu achava difícil.

Mal falei com ela, troquei o meu uniforme por minhas roupas, peguei minha bolsa e passei por meus ombros e saí apressada da cafeteria. Eu me sentia sufocada e arruinada. Não sabia qual passo dar, não tinha ideia de como seria o meu futuro, caso ainda houvesse um futuro para mim. Desta forma, totalmente desorientada andei até a areia da praia.

Foi quando ouvi a voz do Silas e ele apareceu como se fosse o meu salvador. Eu me encontrava abalada emocionalmente, não raciocinava direito e me joguei em seus braços e deixei que minhas lágrimas desesperadas fluíssem.

Estar destroçada era o mínimo de como me sentia, e Silas, ali naquele momento era o meu único refúgio, estava agoniada e quando percebi, desabafava meu infortúnio. Não sei como aconteceu, mas acredito que meu estado era tão desesperador que não pensei com clareza.

Depois disso, tudo aconteceu rápido demais, mas na minha cabeça eu vejo tudo em câmera lenta. Principalmente depois daquele beijo sob a chuva. Eu não esperava que Silas fosse me beijar daquela forma tão intensa.

Quando seus lábios tomaram os meus, eu esqueci de tudo o que estava acontecendo comigo, tinha a sensação de que ele levava embora todos os meus problemas. Seu beijo teve o poder de me deixar leve e mesmo diante da loucura que se tornara a minha vida, eu me senti feliz.

A partir daí eu o segui, tinha minhas dúvidas, pois Silas estava muito misterioso, mas agora sentada aqui nesse bar do seu amigo, num ambiente reservado e junto com a Ingrid, que agora sei tratar-se de uma investigadora, tudo começa a fazer sentido.

Ele é um delegado, e sob o seu comando acontece uma investigação em cima do meu primo, do seu sócio e de outros envolvidos. Eles não me contaram sobre o que é realmente essa investigação. Pois ainda deve ser mantido em sigilo.

— Júlia, a pensão onde vive, foi seu primo que a colocou lá? — Ingid pergunta.

Silas segura minha mão por debaixo da mesa, me dando forças.

— Ele providenciou quase tudo. Francisco selecionou alguns lugares para eu ficar, e optei pela pensão que por ser perto do trabalho eu gastaria menos em transporte, mesmo não sendo a opção mais barata.

Silas olha para mim, contrariado.

— Ele não está arcando com suas despesas? Mas que filho da puta — xinga.

— Agora sabendo que Francisco é mau-caráter eu agradeço, não quero nada daquele seu dinheiro sujo — acentuo.

Ingrid dá uma risada.

— Você faz bem — comenta e fica pensativa. — Ele tem algum contato com alguém da pensão?

— Por que está fazendo essas perguntas, Ingrid? — Silas indaga, desconfiado.

Delegado SilasOnde histórias criam vida. Descubra agora