Capítulo 26

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Encontro-me com Ingrid logo cedo em minha sala. Ontem, passei para ela as informações que Júlia conseguiu, e se eu a conheço bem, Ingrid virou a noite analisando tais informações.

— Tenho certeza de que esse Morcego é o cabeça da organização — aponta Ingrid, com o olhar estreito.

— E ele não está somente no negócio das drogas, mas também no das armas — completo.

Ingrid anda de um lado para o outro.

— Você pensou em alguma coisa? Desconfia de alguém? — indaga.

Eu coço a cabeça.

— Hoje, tanto o Francisco quanto o Luiz Otávio serão seguidos com mais rigor. Se eles forem se encontrar com esse Morcego, ao menos teremos uma pista — respondo.

— Essa falta de pessoal está nos prejudicando, Matarazzo. O secretário enviou alguma resposta?

Solto um bufo.

— Ele vai ver o que pode fazer, mas eu acho difícil que consiga muita coisa, nós não somos os únicos com baixa no quadro de agentes.

— De qualquer maneira, vamos fazer o nosso melhor — diz e pega seu tablet. — Estarei na minha sala. Se precisar, é só chamar.

Quando Ingrid se retira, eu me ponho a pensar. Morcego deve ser um codinome, esses bandidos costumam criar apelidos para não serem pegos com tanta facilidade. E eu não vejo a hora de pegar esse filho da puta.

Agora, tem a Júlia na equação, e quanto antes resolvermos esse caso, mais rápido ela ficará longe do Francisco.

Na noite passada, eu a deixei novamente na pensão, quando o que eu queria mesmo era levá-la comigo para o meu apartamento. Por pouco, eu não a tomei dentro do carro mesmo. Quando estou com ela, até pareço um adolescente descontrolado.

Começo mais um dia agitado, com prisões, depoimentos e demandas referentes às investigações. No meio da tarde, meu celular toca, e vejo se tratar de um número desconhecido.

— Alô? — Atendo de má vontade.

Ouço uma respiração entrecortada.

Eu vi seu gato na rua... — Ao ouvir a voz da minha irmã, sinto um frio na espinha.

— Érica...?

A linha é cortada. Levanto-me rapidamente, corro direto para a sala de equipamentos e entro como um furacão.

— Juliana, preciso saber a localização em tempo real deste número — demando e passo o número para ela.

Juliana digita no computador, e eu passo a mão por meus cabelos, muito nervoso. Porra, eu sabia que a Érica estava enfrentando algum problema, e algo me diz que tem a ver com o marido dela. Se aquele desgraçado fez alguma coisa com a minha irmã, vai ter de se ver comigo!

Alguns minutos depois, Juliana me passa o endereço, um condomínio de luxo da Barra da Tijuca. Bato na sala de Ingrid e peço que venha comigo, pois a minha investigadora sabe lidar com qualquer situação.

Deixo avisado na delegacia que estarei fora e ordeno que entrem em contato com o Alvarenga, o delegado substituto. Ele me deve muitas horas de trabalho, e sei que posso contar com ele.

No caminho, conto para Ingrid o que está acontecendo.

— Eu posso estar enganada, mas a sua irmã deve estar sendo agredida pelo marido.

Com raiva, bato no volante.

— Eu mato aquele filho da puta! — xingo, revoltado.

— Não, você não mata. É um homem da lei e fará o que é certo. Por mais que, às vezes, o certo não seja o justo — acentua em tom calmo.

Delegado SilasOnde histórias criam vida. Descubra agora