Capítulo 33

1.6K 244 27
                                    


Faz quase seis horas que Júlia entrou na sala de cirurgia, e estou aqui aguardando notícias. Eu já tomei tanto café que até perdi as contas. Se continuar assim, vou acabar adquirindo uma úlcera.

— Silas?

Olho para trás e vejo minha irmã. Ao seu lado, um guarda-costas.

— Érica?! O que faz aqui? — pergunto, curioso.

Ela se aproxima e me abraça.

— A mamãe me contou que falou com você mais cedo. Eu não podia ficar longe num momento como este.

Eu abraço Érica e beijo sua cabeça. Ela se afasta e me olha. Seu rosto já voltou ao normal, e ela aparenta estar se recuperando bem.

— Não precisava vir — digo.

Ela sorri.

— A mamãe e o papai também estão aqui.

— O quê? — Eu fico surpreso.

Mais cedo, minha mãe me ligou, e como eu tinha acabado de chegar ao hospital, contei todo o ocorrido e sobre Júlia ser muito importante para mim. Mamãe lamentou e pediu que eu a mantivesse informada, mas eu não esperava que aparecesse.

Olho por cima dos ombros de Érica e vejo meus pais se aproximando.

Os dois me abraçam.

— Filho, alguma notícia? — pergunta mamãe.

Eu respiro fundo, desanimado.

— Ainda não.

— Você, como delegado, não pode exigir nada? — meu pai questiona em meu ouvido.

— Não é bem assim que essas coisas funcionam, pai — respondo.

— A hora que você quiser, eu faço uma ligação e a transferimos para um hospital com os melhores profissionais para cuidarem dela.

Eu sorrio e dou um aperto no ombro do meu pai.

— Obrigado, pai. Se eu perceber que ela não está recebendo um bom tratamento aqui, com certeza aceitarei a sua oferta.

Meu pai anui.

— Você comeu alguma coisa, meu filho? — pergunta minha mãe.

— Estou sem fome.

— Mas você precisa se alimentar, Silas — diz Érica, ao meu lado, alisando meu braço.

— Eu sei, mas não quero comer nada.

Eu conto para eles o que é possível sobre a investigação na cafeteria e de como Júlia e eu nos conhecemos.

— E a família dela, já foi informada? — Érica questiona.

Eu balanço a cabeça.

— Pedi à Ingrid para cuidar disso, além de dar suporte a eles no que for preciso — esclareço.

— Boa noite. O senhor é o responsável pela jovem baleada? — Eu me viro e vejo uma mulher vestindo um uniforme verde-claro.

Minha mãe e Érica ficam cada uma a um lado meu, segurando o meu braço.

— Sim, sou eu — respondo, apavorado com o que a mulher tem a dizer.

Ela dá um sorriso, mas parece cansada.

— Eu sou a enfermeira Dália. — Apresenta-se com voz baixa e calma. — A paciente sofreu duas lesões: uma leve, no ombro, e outra no baço, que conseguimos reparar. Agora, ela está estável, mas deve acordar apenas amanhã — informa, e eu solto o ar que prendia em meus pulmões.

Delegado SilasOnde histórias criam vida. Descubra agora