Chego à delegacia logo cedo. Se eu dormi duas horas, foi muito, pois depois que a Júlia se despediu, eu voltei para o carro e liguei para o Pedro Albuquerque, um colega ex-policial que possui uma empresa de segurança e proteção. E o que levaria até dois dias, eu consegui em duas horas.
Assim que eu passei para Pedro o que precisava e resumi o que estava acontecendo, ele providenciou um de seus homens para vigiar a Júlia de perto, sem que ela ou qualquer outra pessoa perceba, pois eu não quero assustá-la.
Deixei a frente da pensão apenas quando o segurança chegou. Nós trocamos algumas palavras, mas ele já estava ciente de toda a situação. Só assim eu pude sair dali com mais tranquilidade. Eu não podia simplesmente acreditar que o Francisco não fosse fazer alguma coisa contra a Júlia.
O dia na delegacia pela manhã é corrido, de tanta demanda. Entre um intervalo e outro, eu verifico meu celular, para saber de Júlia. Quando chegou à cafeteria hoje, ela me enviou uma mensagem. Cada vez que eu penso nela naquele lugar, meu coração se contrai. Júlia é esperta, mas saber que continuará trabalhando na cafeteria e tentará reunir informações me deixa inquieto.
À tarde, Ingrid e eu finalmente conseguimos nos reunir na minha sala. Debatemos sobre algumas investigações em andamento e a insuficiência de agentes, um grande problema que ocorre em praticamente todos os departamentos de polícia.
— Eu já enviei um ofício para o Secretário, agora é só aguardar — ressalto.
Ingrid se levanta para pegar um café e traz um para mim. Ela volta a se sentar.
— E a Júlia, fez algum contato? — pergunta.
Bebo um pouco de café e coloco a xícara sobre a mesa.
— Sim. Até o momento, o Francisco não apareceu. Ela disse que está tudo tranquilo por lá — informo.
Ingrid sorri.
— Esses dias serão calmos, tenho certeza. Mas algo me ocorreu...
Olho para ela, desconfiado.
— E o que é?
— Não vamos comentar com mais ninguém da nossa equipe que a Júlia está do nosso lado. Principalmente com a Rosemary. Quanto menos pessoas souberem quem é a nossa nova informante, melhor — analisa.
— Estamos de acordo, eu também já havia pensado sobre isso — assumo, terminando de tomar o café.
Ingrid olha para mim e sorri.
— Eu percebi que vocês se entendem bem. Bem até demais...
Eu mexo em alguns papéis em minha mesa.
— Sim.
Ela dá uma risada e chega para a frente.
— Matarazzo? — chama, e eu olho para ela. — Eu sei que alguma coisa rola entre vocês, não precisa falar nada — manifesta quando percebe que vou responder. — Mas, ontem, aquela garota olhava para você com fascínio. O primo já devastou seu coração, não faça o mesmo.
— O que você pensa que eu sou, Ingrid? É lógico que eu não vou prejudicar a Júlia! Você até me ofende — replico, zangado.
Ingrid sacode a cabeça.
— Eu sei que você não vai machucar a Júlia fisicamente, estou falando de sentimentos. Ela é uma moça autêntica, é uma das poucas pessoas, apesar de não a conhecer muito, por quem eu coloco a mão no fogo. O que estou tentando pedir é que não a iluda.
— Eu não pretendo iludir a Júlia.
Ingrid me encara, examina o meu rosto e ergue uma sobrancelha.
— Estou me preocupando à toa, logo se vê que você já está na dela.
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Delegado Silas
RomanceEM BREVE: Vamos conhecer Silas Mourão Bellucci Matarazzo, o delegado linha dura e muito gostoso.