Capítulo 20

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Chego à delegacia logo cedo. Se eu dormi duas horas, foi muito, pois depois que a Júlia se despediu, eu voltei para o carro e liguei para o Pedro Albuquerque, um colega ex-policial que possui uma empresa de segurança e proteção. E o que levaria até dois dias, eu consegui em duas horas.

Assim que eu passei para Pedro o que precisava e resumi o que estava acontecendo, ele providenciou um de seus homens para vigiar a Júlia de perto, sem que ela ou qualquer outra pessoa perceba, pois eu não quero assustá-la.

Deixei a frente da pensão apenas quando o segurança chegou. Nós trocamos algumas palavras, mas ele já estava ciente de toda a situação. Só assim eu pude sair dali com mais tranquilidade. Eu não podia simplesmente acreditar que o Francisco não fosse fazer alguma coisa contra a Júlia.

O dia na delegacia pela manhã é corrido, de tanta demanda. Entre um intervalo e outro, eu verifico meu celular, para saber de Júlia. Quando chegou à cafeteria hoje, ela me enviou uma mensagem. Cada vez que eu penso nela naquele lugar, meu coração se contrai. Júlia é esperta, mas saber que continuará trabalhando na cafeteria e tentará reunir informações me deixa inquieto.

À tarde, Ingrid e eu finalmente conseguimos nos reunir na minha sala. Debatemos sobre algumas investigações em andamento e a insuficiência de agentes, um grande problema que ocorre em praticamente todos os departamentos de polícia.

— Eu já enviei um ofício para o Secretário, agora é só aguardar — ressalto.

Ingrid se levanta para pegar um café e traz um para mim. Ela volta a se sentar.

— E a Júlia, fez algum contato? — pergunta.

Bebo um pouco de café e coloco a xícara sobre a mesa.

— Sim. Até o momento, o Francisco não apareceu. Ela disse que está tudo tranquilo por lá — informo.

Ingrid sorri.

— Esses dias serão calmos, tenho certeza. Mas algo me ocorreu...

Olho para ela, desconfiado.

— E o que é?

— Não vamos comentar com mais ninguém da nossa equipe que a Júlia está do nosso lado. Principalmente com a Rosemary. Quanto menos pessoas souberem quem é a nossa nova informante, melhor — analisa.

— Estamos de acordo, eu também já havia pensado sobre isso — assumo, terminando de tomar o café.

Ingrid olha para mim e sorri.

— Eu percebi que vocês se entendem bem. Bem até demais...

Eu mexo em alguns papéis em minha mesa.

— Sim.

Ela dá uma risada e chega para a frente.

— Matarazzo? — chama, e eu olho para ela. — Eu sei que alguma coisa rola entre vocês, não precisa falar nada — manifesta quando percebe que vou responder. — Mas, ontem, aquela garota olhava para você com fascínio. O primo já devastou seu coração, não faça o mesmo.

— O que você pensa que eu sou, Ingrid? É lógico que eu não vou prejudicar a Júlia! Você até me ofende — replico, zangado.

Ingrid sacode a cabeça.

— Eu sei que você não vai machucar a Júlia fisicamente, estou falando de sentimentos. Ela é uma moça autêntica, é uma das poucas pessoas, apesar de não a conhecer muito, por quem eu coloco a mão no fogo. O que estou tentando pedir é que não a iluda.

— Eu não pretendo iludir a Júlia.

Ingrid me encara, examina o meu rosto e ergue uma sobrancelha.

— Estou me preocupando à toa, logo se vê que você já está na dela.

Delegado SilasOnde histórias criam vida. Descubra agora