Capítulo 8

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Eu chego na casa dos meus pais muito tempo depois do início da festa, pois precisei resolver alguns assuntos na delegacia e levou mais tempo do que eu esperava. Eu estaciono meu carro próximo ao portão de entrada, há muitos carros por aqui, a maioria com seus motoristas, aguardando do lado de fora até que os seus patrões saiam da festa.

A moradia dos meus pais, que um dia foi minha, trata-se de uma mansão em forma de castelo, bem oponente. Caminho para dentro do terreno e ouço a música que vem do jardim. Arrumo minha gravata e sigo em frente.

A primeira pessoa que vejo é minha mãe, e vou até ela, que beija a minha bochecha quando paro ao seu lado.

— Pensei que não viesse — diz segurando sua taça de champanhe.

— Aconteceu um imprevisto, por isso demorei — conto e olho o espaço com muitas pessoas. Algumas eu reconheço e cumprimento de longe. — Onde está o papai?

Minha mãe estica o pescoço em busca do marido.

— Ele estava conversando com o senador perto da varanda.

Um garçom para ao meu lado e pego uma taça de champanhe. Eu não gosto de champanhe, sou um cara mais de cerveja, mas com certeza para a minha mãe seria a morte oferecer cerveja em uma das suas festas.

Alguns primos se aproximam e ficamos trocando algumas ideias, até que meu pai aparece, então vou cumprimenta-lo.

Meu pai aperta meu ombro, e me observa com expressão incisiva.

— Eu nuca te disse isso, Silas, mas eu me orgulho do homem que você se tornou. — Suas palavras me pegam de surpresa, pois meu pai nunca foi dado a elogios e sempre deixou claro sua desaprovação com a minha escolha de trabalhar na polícia.

Ele aperta meus ombros e dá um sorriso.

— O senhor está bem, pai? — indago com a testa enrugada.

Ele dá uma risada.

— Não. Estou bem, só acho que não deveria esperar mais para dizer o que penso.

Eu anuo e aperto seu pulso.

— Obrigado, papai, é muito bom saber disso. — Eu abraço meu pai e bato em suas costas. — E parabéns pelos seus 70 anos.

— De nada Silas e obrigado você, que apesar de tudo o que fiz, foi capaz de me perdoar — murmura.

Depois ele dá um passo para trás e noto a emoção em seus olhos. Meu pai já não é mesmo, já não tem aquele olhar duro e sagaz. Seus 70 anos parecem pesar, e as rugas em seu rosto são proeminentes.

— Hoje não é dia de falar disso, pai. Comemorei seu aniversário — sugiro e ouvimos mamãe nos chamando para a foto em família.

Eu vejo Erica, ao lado do marido, ela sorri, mas é um sorriso falso que não chega aos olhos. Nós tiramos nossa foto, em seguida cumprimento João Alberto, meu cunhado. Ele é o tipo de homem que não confio, pois não olha nos olhos quando conversamos. Além de ser muito pomposo, João adora ostentar.

Eu e ele trocamos algumas palavras, mas alguém o chama e ele imediatamente vai atender, pois é um empresário importante que faz negócios junto a empresa da minha família. Eu o acompanho com olhar e minha irmã toca em meu braço.

Eu me viro para ela.

— Quanto tempo não te vejo, irmão — aponta.

Eu passo meus braços por seus ombros e beijo sua cabeça, minha irmã suspira.

— Erica, você sabe que pode confiar em mim para tudo, não é mesmo? — Sinto que minha irmã estremece. Ela está passando por alguma dificuldade. — Você quer conversar?

Delegado SilasOnde histórias criam vida. Descubra agora