Capítulo 6

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Eu não precisava vir, deveria estar curtindo a minha folga e talvez vendo em minha agenda alguma mulher disposta para foder. É disso que preciso. No entanto estou aqui de volta. Convencido de que quero apenas desvendar os mistérios que essa cafeteria esconde.

Assim que passo pela porta de entrada eu a vejo, quando percebe a chegada de alguém ela para e olha em minha direção. Meu olhar captura o seu, uma guerra acontece dentro de mim. O que tem essa garota que consegue me afetar tanto?

Por que tenho esse desejo de me aproximar e tocar sua pele e soltar seus cabelos escuros? Júlia é apenas uma garota, eu nunca desejei meninas. Eu gosto de mulheres maduras, ela nem faz meu tipo, e para piorar pode ser uma criminosa em evolução.

Sem tirar meus olhos dela, ocupo uma das mesas vazias, perto da última janela, onde consigo observar o movimento.

Eu me sento e como é de esperar ela se aproxima. Seu sorriso hoje está diferente, algo a preocupa, eu sinto que está apreensiva.

Júlia me estende o cardápio.

— O que o senhor deseja?

Você!

Porra! De onde veio esse pensamento? Pego o cardápio e abro, mesmo sabendo o que vou pedir.

— Café expresso sem açúcar — respondo e devolvo o cardápio.

Júlia se afasta e eu solto o ar que estava preso em meus pulmões. Eu tenho que ao menos agir de forma diferente. Trata-la desta forma pode prejudicar minhas investigações.

Quando ela retorna, coloca a xícara em cima da mesa.

— Aqui está, se precisar de mais alguma coisa e só chamar — avisa e eu subo meu olhar até o seu.

— Ok. Muito obrigado.

Júlia se surpreende com minha fala e tenta esconder. Com delicadeza esboça um sorriso e seus olhos castanhos brilham. Quando se afasta eu não consigo tirar meus olhos dela.

Observo o salão praticamente vazio, ela atende sozinha e não vejo a outra funcionária lugar nenhum. Porém Marlon o rapaz do caixa, e pelo que sei o responsável quando nenhum dos sócios se encontram, está no caixa.

Nesse momento Júlia se aproxima dele, vejo que eles trocam algumas palavras, ela se afasta e o imbecil a come com os olhos enquanto ela conversa com duas clientes. Eu olho para o filho da puta com ódio.

Meu telefone toca e eu atendo sem ver quem é.

— Fala.

Você não informou que iria na cafeteria hoje? — Escuto a voz da Ingrid e passo os olhos em torno do salão.

Não identifico nenhum dos meus agentes. Há apenas três mesas ocupadas, contando com a minha.

— Como você sabe que estou aqui?

Ingrid ri.

Eu sou considerada a melhor investigadora, isso não é à toa — responde orgulhosa.

— Isso não responde a minha pergunta.

Hoje está calor, isso facilita, assim estou curtindo uma água de cocô do outro lado da rua, bem em frente a cafeteria, e estou vendo você nesse momento. Camisa cinza, calça jeans, bem justa no corpo para deixar as mulheres doidas...

— Lá vem você — reclamo. Com certeza eu sou o passa tempo favorito da Ingrid.

Olho pela janela e estreito os olhos na tentativa de vê-la, mas há muitas pessoas do outro lado da rua.

Delegado SilasOnde histórias criam vida. Descubra agora