A risada de Aylin ecoou pelo ar.
Era como se Floki tivesse lhe contado a piada mais engraçada do mundo. Ela até se curvou levando as mãos a barriga.
Um teatro e tanto.
Uma máscara de aço para esconder o que realmente espreitava por trás de suas verdadeiras emoções. Terror. Medo. O mais profundo dos medos. Em Caligo ela experimentou doses de um mundo sombrio, encarara a morte tão de perto que poderia dizer o sabor que tinha. Achava que os piores dos medos estavam concentrados naquela construção de pedras vermelhas.
Mas estava enganada.
Em Caligo a dor era crua e palpável. Não importava se fosse a física ou a traiçoeira que se esgueirava em sua mente sempre que fechava os olhos durante uma chibatada; era o tipo de dor e medo que ela era treinada para suportar.
No entanto, ali, sob os olhos assombrados de Bjor e as palavras de Floki ainda reverberando pelo ar, ela era uma névoa cinzenta e fria que se infiltrava em todos os seus poros e escapava por entre seus dedos.
Aylin sentiu um medo que parecia não caber em seu próprio corpo. Como se as ondas furiosas que dançavam em suas veias fossem demais. Como se precisassem explodir. Era isso, era um medo explosivo. Do tipo que poderia varrer seu mundo da existência terrena.
Ela desejou os grilhões e chicotes de Caligo. Pelo menos não eram aquilo. Mais uma cicatriz marcando suas costas ela podia suportar, mas outra em sua alma, em seu coração... era demais. Era o tipo de medo que poderia comê-la viva. Era o caminho perfeito para a sua destruição; pavimentado com cada lasca de rejeição e da loucura escondida nas sombras de sua mente.
Uma lágrima escapou de um olho e ela se apressou em secá-la com o corpo ainda sacudindo com a força da risada falsa.
— Ótima piada, senhor... — Ela dá uma leve inclinada para Floki — Qual o seu nome mesmo?
Os olhos de Floki esboçavam a mais absoluta descrença. Ele olhava para Aylin como se ela estivesse louca.
— Mas... Você é Siggy! Estou falando sério! — Floki gesticula para ela e olha ao redor parando sua atenção em Bjorn — Esses olhos, Bjorn... Não se lembra? Como pode não se lembrar? É a sua filha!
Uma gota de suor escorregou pela espinha de Aylin e ela se esforçou para manter sua fachada de divertimento. Ela levantou os olhos e encontrou Bjorn a encarando de volta. A estudando, ela percebeu. Os olhos dele passando por cada traço do rosto dela. Ele empalideceu.
— Desculpe senhor, mas eu já tenho um pai me esperando em casa. — Ela se apressa em abaixar o rosto e desviar a atenção dele — E, com toda certeza, ele não se parece com esse aí.
Aylin aponta com a cabeça para Bjorn sem fazer um mínimo de esforço para esconder seu escárnio.
Ela tinha um pai.
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DESTINY | Vikings
FanfictionA filha rejeitada. A escolhida pelo destino para escrever seu nome na história. Tudo o que Siggy conhecia era o abandono. O sentimento de ver o amor que tanto necessitava ser arrancado dela pela rejeição tornava a vida da filha de Bjorn Ironside um...