A filha rejeitada. A escolhida pelo destino para escrever seu nome na história.
Tudo o que Siggy conhecia era o abandono. O sentimento de ver o amor que tanto necessitava ser arrancado dela pela rejeição tornava a vida da filha de Bjorn Ironside um...
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As portas do salão abriram com um grave rangido e a figura de Ivar surgiu.
Bem abaixo no chão.
Rastejando.
O salão entrou bruscamente em completo silêncio com a presença de Ivar. A única coisa que se ouvia era o som das pernas do Desossado serpenteando pelo chão de madeira e o fincar das adagas que ele fincava no chão para lhe dar mais impulso.
Aylin acompanhou a cena o mais impassível que conseguia ficar, observando tanto Ivar e seu olhar decidido e meio raivoso, quanto o rei e a rainha que acompanhava os movimentos do Desossado com certo interesse diferenciado. Enquanto a rainha demonstrava assombro, o rei se mantia austero, apenas cerrando levemente os olhos.
A expressão "pelos Deuses", foi muito usada.
A assassina viu o rosto da rainha Lyanna empalidecer e os olhos quase saltarem das órbitas, apenas uma prova da reação que Ivar causava. E Aylin sabia que ele havia calculado aquela cena toda, mas mesmo tendo essa percepção, a assassina sentiu o arrepio frio percorrer sua espinha. Ela não era arrogante ao ponto de não reconhecer a ameaça que Ivar era; os loucos não tinham limites e a garota sabia reconhecer a loucura. Era fácil quando se via um pouco dela em si mesma toda vez que se olhava no espelho.
Quando finalmente acabou seu desfile macabro, Ivar esticou as pernas a sua frente e com um suspiro cansado apoiou as mãos sobre o cabo de uma adaga ainda fincada no chão lhe oferecendo apoio.
— Espero não ter me atrasado muito. — Cantarolou Ivar com um semblante quase maníaco.
Esse patife sabe como botar medo, eu admito.
Ao contrário do que esperava Aylin, o rei abriu um sorriso radiante para Ivar.
— É bem-vindo a qualquer momento, filho de Ragnar. — Havia certo deleite na voz do rei — Estava ansioso para finalmente conhecê-lo, ouvi muitas coisas ao seu respeito.
— Apenas coisas boas, eu espero. — O sorriso cínico que apareceu no rosto dele fez o estômago de Aylin embrulhar.
Com os olhos, ela caçou Klaus pelo salão e o encontrou à poucos passos do rei com uma bandeja em uma mão e a outra livre perto da cintura, onde Aylin sabia que ele sempre guardava uma faca fina.
— Interessantes e surpreendentes, eu diria. — Rebateu o rei — Guardamos um lugar para você, por favor, junte-se a nós.
O rei estende a mão graciosa apontando o lugar bem em frente a Aylin.
Claro. Ele tinha que sentar na minha frente.
Ele não demorou em tomar seu lugar na mesa e muito menos em pousar seus olhos perturbadores em Aylin.
— Ora, como está elegante, mensageira. — O deboche na voz dele não passou despercebido por ela. — E que vestido... interessante.
Pela primeira vez naquela noite, Aylin se sentiu desconfortável com aquela vestido. E, pela forma que a encarava, Ivar sabia disso e não parecia se sentir nem um pouco culpado. Aylin apertou a faca em sua mão com mais força, imaginando qual seria a sensação de enterrá-la no peito de Ivar. No entanto, antes que seus impulsos assassinos tomassem conta, a voz do rei chamou a atenção de todos.
