CAPÍTULO 6

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AVISO:

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LORENA

Analiso o currículo em minhas mãos mais uma vez. É um bom currículo, a médica em minha frente trabalhou nos hospitais mais renomados de São Paulo e segundo ela, só se mudou para cá novamente anos depois de concluir os estudos em São Paulo, porque queria ficar perto dos pais, que já são idosos. É uma mulher muito bonita e simpática, vai se dar bem com as crianças.

Avalio o currículo mais uma vez. Juliana, a médica pediatra, torce as mãos nervosamente, as batidas aceleradas do seu coração e o cheiro forte de adrenalina preenchem a sala, provando o quanto ela está nervosa.

- Bom, eu gostei muito de você, pode começar hoje? - coloco o papel em cima de outra pilha de papéis e encaro a doutora, que me parece jovem demais para ter tanta experiência como o seu currículo mostra. Juliana Medeiros, baixa como eu, cabelos castanhos, lisos e curtos na altura dos ombros, sorri e ajeita os óculos redondos no rosto.

- S-sim, claro! - ela responde e suspiro aliviada. Me levanto da cadeira e Juliana faz o mesmo.

- Ótimo! Temos duas crianças doentes no momento, já faz dois dias que estão assim e não melhoraram ainda, vou te levar até elas para você consultá-las primeiro, e depois mostro o resto - digo e Juliana franze o cenho.

- Por que não levaram elas ao hospital? - Sem olhar diretamente nos olhos da médica, engulo em seco e me contenho para não revirar os olhos na frente dela.

Hera me avisou que contratar uma humana, mesmo que temporariamente, daria trabalho, mas decidi arriscar da mesma forma, as crianças não podem ficar sem um médico especialista. Mesmo ciente das perguntas que ela pode fazer, não tive tempo de me preparar para elas, com certeza não esperava que essa pergunta fosse a primeira.

A encaro sorrindo.

- Elas não gostam de ser atendidas fora daqui, é complicado, sempre trazemos os médicos para cá, e elas já eram acostumadas com a médica fixa que tinha, infelizmente ela precisou se mudar por motivos pessoais, por isso te contratamos. - A desculpa não pareceu estranha para a médica, porque ela sorriu compreensiva, como se entendesse a complicação que é uma criança se adaptar com estranhos e locais hospitalares. Não preciso ser mãe para saber o que incomoda uma criança, por sorte.

Lia, que estava em sua mesa do outro lado da sala, sorriu e fez um sinal positivo com a mão, Juliana não viu o gesto.

Assim que saímos do escritório aceno com a cabeça para Zoey e Emma, que estão fazendo minha escolta pessoal hoje, elas acenam de volta e passam a caminhar a uma distância discreta. Me viro para Juliana para explicar sobre o andar em que estávamos e a pego totalmente concentrada em Zoey, que a encara de volta com um semblante sério, já a médica, a olha com certa admiração.

- Este andar é o administrativo, mas pode usar a sala um para guardar os seus pertences, se quiser. O toalete dos funcionários fica no final do corredor. - aponto para as portas, indicando. Juliana altera o olhar de mim para Zoey enquanto concorda bruscamente com a cabeça. - Nem preciso dizer que as crianças não podem vir aqui, então, se ver uma por aqui pode mandar de volta pras outras. - Descemos as escadas que levam ao primeiro andar. Juliana olha tudo com curiosidade, mesmo que já tenha passado pelo corredor antes.

Estamos na metade da manhã, as crianças estão nas salas de aulas e por isso os corredores do segundo e primeiro andar estão vazios e silenciosos. 

O orfanato tem um salão central enorme onde as crianças costumam brincar durante os intervalos, e um refeitório quase tão grande quanto o salão principal logo ao lado, e nos arredores estão as salas onde elas passam o dia estudando. No segundo andar ficam os dormitórios, o lado direito sendo das meninas e lado esquerdo dos meninos e em cada ala um toalete grande para uso. No primeiro andar temos a biblioteca, brinquedoteca e o consultório médico.

PASSADO - SÉRIE ONE WOLF VOL. 3Onde histórias criam vida. Descubra agora