CAPÍTULO 17

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AVISO: CONFIRA A ORDEM DOS CAPÍTULOS! O WATTPAD BAGUNÇA OS MEUS!

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ELISÂNGELA

O plano parece simples, fácil demais, e sei que quando as coisas são assim, é porque na realidade é mais difícil do que se espera, mas não me importo em ajudar, na verdade, quero ajudar.

Às vezes, sinto que todos ao meu redor estão tomando um rumo nas vidas, evoluindo, fazendo algo, e até mesmo Lia, que nunca foi uma das minhas pessoas favoritas, escolheu um norte. Durante muito tempo, pensei que não queria fazer nada, literalmente nada da vida, levou tempo para perceber que não quero ser Profeta, porém, qualquer outra coisa é uma opção.

É como se sempre tivesse me limitado a ser Profeta, e se não fosse Profeta, não poderia ser mais nada. Somente agora, enquanto me visto com uma roupa preta de couro especial, penso que eu posso ser o que quiser.

— Esse é o mapa da propriedade, os pontos marcados de vermelho são onde estão todos os seguranças da casa, e os pontos em azul estão as câmeras — Matheus diz e franzo o cenho para o mapa em cima da mesa do hotel que havíamos escolhido para passar as últimas horas antes do evento da propriedade do Fundador começar.

— Só uma pergunta, como conseguiram esse mapa com todas essas informações? — Resisto a vontade de revirar os olhos com a pergunta de Lia. Eu e ela não brigamos, mas não forçamos nenhuma amizade.

Matheus sorri discretamente.

— Mário tem os espiões dele e nós temos os nossos. — Ele se inclina sobre o mapa mais uma vez, concentrado. — Vamos entrar por aqui. — Aponta o sinal verde. Vejo a pergunta na expressão de Lia e Aliandra.

— O quê é isso? — Lia pergunta de novo.

— Isso, minha caras amigas, é a sala de lixo. É o único lugar sem câmera e com uma porta que não é vigiada para o exterior da propriedade, por isso, vamos entrar por aqui.

Suspirei.

"Já me arrependi de ter me oferecido para ajudar."

Enquanto esperávamos a festa começar em uma van de festa — como disfarce —, reflito mais uma vez sobre os meus objetivos. Lorena agora é diretora de um orfanato e trabalha lá com Lia. Lia, além de trabalhar no orfanato, também é guarda pessoal da Lorena, e está aqui, ajudando numa missão que não era obrigação dela participar.

Para mim não é surpresa que Lorena encontrou um rumo na vida, desde quando ela chegou a alcateia e a via de longe, sempre me pareceu uma mulher sensata, sempre acompanhando Lia nas festas e cuidando para que ela não fizesse burrada, agora Lia ter renunciado sua posição de aristocrata para viver como uma civil qualquer, mais especificamente protegendo a amiga, isso para mim foi uma surpresa, assim como para a alcateia inteira.

Ainda falam do desgosto que Lia Arezzo sempre causou aos pais e na garota imprudente e libertina que é. Como filha de uma Profeta, e consequentemente também uma aristocrata, entendo a pressão que Lia sempre sofreu, porque sofro a mesma coisa, no entanto, me falta a coragem para tomar uma atitude a respeito, assim como me falta coragem para revelar a minha amiga virtual que eu sou a lycan que ela conheceu no dia do ataque.

Depois de vê-la com meu próprios olhos, as noites têm sido mais longas, passo mais tempo acordada do que o recomendado, um efeito por dois companheiros não se unirem, contudo, minha falta de coragem é justificada pela forma com que Eloísa me olhou quando nos vimos. Nojo, repulsa, pavor, foi isso o que vi nos olhos dela quando ela descobriu que a sua companheira de alma é uma lycan, sendo ela uma vampira.

Meus olhos e nariz ardem, foco meus pensamentos para o que faremos em breve.

***

LIA

Quero muito comentar que me sinto a viúva negra nessa roupa preta colada, mas contenho o comentário, Elisângela está tensa e parece prestes a explodir a qualquer momento, Aliandra está indiferente a tudo, eu e Matheus aparentemente, somos os únicos empolgados com a missão.

Trabalhar na sala de câmeras foi uma imposição dos meus pais quando eu disse que começaria a trabalhar na segurança com a Lorena, quando na verdade, meu sonho era ficar nos muros ou na Equipe de Contenção fazendo as rondas dentro da alcateia, mas meus pais nunca deixariam, então aceitei trabalhar na sala de câmeras porque estaria junto da minha amiga.

Agora, sem as obrigações que uma mulher da aristocracia tem, e sem meus pais tentando me controlar a cada minuto, me ofereci para a missão contente por poder fazer o que tenho vontade. Livre. Agora estou livre para fazer o que quiser, desde que esteja sempre com a Lorena para o caso de alguém tentar sequestrá-la, ou matá-la, que é o mais provável.

Devido meu acordo com a Hera, não posso trabalhar na Contenção ou na Segurança, mas isso não me incomoda porque foi algo que eu escolhi, ninguém decidiu por mim.

Aliandra e Elisângela são as únicas pessoas desarmadas, Elisângela porque não sabe usar uma arma e não temos tempo de ensiná-la para essa missão. Aliandra, porque é uma bruxa, segundo ela, ela pode usar feitiços para imobilizar ou deixar alguém inconsciente, portanto, uma arma para ela é inútil. Matheus e eu carregamos somente duas pistolas 9mm com silenciadores, as armas são para o caso de sermos descobertos, do contrário, continuarão guardadas.

— Os convidados começaram a chegar — Matheus diz sem tirar os olhos da rua, de onde podemos ver os carros luxuosos dos convidados virando a esquina. — Vamos esperar a festa encher, daqui mais ou menos uma hora e meia, ou duas horas — ele explica e Elisângela suspira, insatisfeita. — Aproveitem o descanso.

Me viro para Aliandra.

— Não existe nenhum feitiço para deixar alguém invisível? — pergunto observando o sorriso de Aliandra no canto da boca. Aliandra é uma negra linda, tão linda que chega a ser sinistra. Seu olhar intenso parece sempre enxergar nosso interior e nossos segredos.

O sorriso dela é sempre discreto, sem mostrar os dentes, parece que está debochando da nossa inteligência. O pior de tudo é a voz, profunda e hipnotizante. Aliandra parece uma pessoa irreal, que sabe de tudo e de todos, mas que nunca diz nada, é atraente pra porra.

— Não posso fazer uma pessoa sumir sem que ela realmente suma. Posso me tornar invisível para alguém, mas não posso fazer isso com outra pessoa — ela diz e concordo.

— Mas por quê? — pergunto.

— Imagina eu fazer você desaparecer, sem desaparecer. Mesmo que a lógica dos filmes seja deixar alguém invisível para quem está vendo, não tem como eu fazer você sumir, sem realmente sumir com você, ou seja, não é possível — explica e reflito em sua resposta. Faz sentido.

— Mas vocês tentam descobrir se é possível? Quer dizer...

— Sim. Nossa sociedade é dividida em grupos, bruxas médicas, bruxas cientistas, bruxas mecânicas, e por aí vai. Criar feitiços é algo feito pelas feiticeiras — fala e concordo novamente.

— Uau... impressionante... Por isso elas são chamadas de feiticeiras? — pergunto e Aliandra suspira.

— Mais ou menos... — diz, mas não termina.

— Já que temos duas horas livres, pode me contar a história de vocês? — pergunto e Aliandra pensa por um tempo.

— O que quer saber?

— Serão duas horas longas... — Elisângela diz.

PASSADO - SÉRIE ONE WOLF VOL. 3Onde histórias criam vida. Descubra agora