CAPÍTULO 29

195 30 2
                                    

AVISO: O WATTPAD BAGUNÇA A ORDEM DOS MEUS CAPS, ENTÃO SEMPRE CONFIRA A NUMERAÇÃO ANTES DE LER!!

**************************

LORENA

Após a cerimônia voltamos para o Brasil. É difícil não reparar em quão relaxada e animada Hera está, e isso é até engraçado de ver, já que na maior parte do tempo ela está irritada com quase tudo.

Nosso retorno a Alcateia Norte foi discreto, as únicas pessoas que sabem da nossa volta é o atual Alfa, que foi escolhido pelo Supremo. Retornamos a mesma mansão para passar uns dias antes de sairmos em viagem de novo, com destino a São Paulo desta vez, Hera precisa investigar um caso estranho de uma garota encontrada pelo Alfa de São Paulo, aparentemente o caso é tão incomum que ele pediu que algum superior fosse averiguar. Hera acha que não deve ser nada importante, mas vai conferir antes de iniciar a missão para investigar os desaparecimentos em São Paulo e os relatos de aparições estranhas ditas por alcateias pequenas.

O principal motivo de Hera estar tão animada é a notícia de que vai poder voltar a realizar as missões que sempre fez para o Supremo, e eu acho engraçado que ela não faz ideia de que isso significa que eu vou junto, em todas missões que puder, detalhe que ainda não mencionei porque quero que ela aproveite a empolgação. O segundo motivo, é que ela não é mais Alfa, e essa notícia revigorou seu humor assim que o Supremo contou a notícia, eu só consigo ficar feliz e aliviada com ela.

Outra novidade que toda essa mudança trouxe, é que não poderei mais trabalhar no orfanato, na verdade, tenho essa opção, tenho a chance de continuar, e tenho certeza que Hera não iria se opor, na verdade, acho que ela iria amar que eu continuasse segura e salva na alcateia enquanto ela se arrisca nessas missões, mas não é o que eu quero. Amo o orfanato e amei trabalhar lá, mas imaginar minha companheira realizando missões perigosas e não fazer nada sabendo que posso ajudar é impossível para mim, por isso, estou esperando o momento certo e pensando em como vamos conversar sobre isso, já que Hera não se anima quando o assunto sou eu e missões.

Suspiro aliviada quando desembarcamos no aeroporto internacional de Belém. O clima está quente, como me lembro.

A mansão está do mesmo jeito que deixamos, me surpreendo por encontrar a minha cama e de Hera ainda bagunçada, do jeito que deixamos, no entanto, isso alivia a nossa consciência, porque mostra que ninguém esteve dentro da casa em nossa ausência.

Assim que tomamos banho passamos o restante do dia dormindo, e quando acordamos, nos reunimos na sala de jantar.

Lia se senta do lado direito da mesa, enquanto Miguel se senta no outro. O restante da Equipe de Hera está à caminho do Brasil neste momento, mas pelo que percebo, Hera já começou a planejar os próximos passos.

Terminamos o jantar discutindo o que precisa de mais atenção, afinal, o que não falta são problemas e nesse caso, escolher o que fazer primeiro é um luxo.

— Temos uma equipe procurando mais laboratórios, então não precisamos nos preocupar com isso por enquanto — Miguel diz e Hera concorda com a cabeça. — Podemos investigar aquela denúncia em SP de pessoas desaparecendo e gritando na floresta. — Miguel se refere a ligação que recebemos do Alfa de SP informando sobre uma denúncia. Segundo ele, mandou pessoas ao local para investigar e não voltaram.

— Acho melhor começar por esse, me parece mais suspeito — comento. Hera está com o olhar perdido no centro da mesa.

Lia ainda comia silenciosamente, ignorando a presença de Miguel, que a olhava ora ou outra preocupado.

— Vou pensar com calma — Hera encerra o assunto e Miguel se encosta na cadeira, voltando a comer.

Após alguns minutos Hera se levanta dizendo que vai para o escritório, a deixo ir sozinha, conversaria com ela em outro momento sobre a minha participação nas missões. Miguel vai logo atrás e Lia e eu ficamos sozinhas.

— Você não está bem — digo o óbvio. Lia me ignora. — Quer conversar?

Ela dá de ombros e larga os talheres em cima do prato, fazendo um barulho agudo. Seus ombros caem novamente e vejo uma lágrima escorrer do seu rosto.

— Como você consegue? — ela pergunta e franzo o cenho.

— O quê?

— Como você consegue agir tão... naturalmente com a Hera? Quer dizer... Você não se apaixonou por ela logo de cara, isso foi óbvio, mas agora, vocês estão claramente apaixonadas... — ela finaliza baixo, com o olhar perdido no prato de comida quase intocado.

Suspiro.

— Lia — Seguro suas mãos entre as minhas e a faço me olhar —, vai direto ao ponto.

Outra lágrima escorre pelo rosto dela e me entristeço por vê-la assim.

— Eu e Miguel mal interagimos, não nos conhecemos, mas quando eu olho para ele... — Mais lágrimas. — Eu não sabia que uma ligação de alma era tão sufocante e desesperadora.

Penso com cuidado nas palavras que vou dizer, já que não quero influenciar Lia com as minhas ideias.

— Você sabe que a ligação não é sinônimo de amor — começo. Faço uma pausa antes de prosseguir. — Hera e eu não nos apaixonamos de cara porque somos extremamente diferentes, mas estamos tentando lidar com isso. Você e o Miguel têm uma coisa que raramente acontece além da ligação de alma, o caso de vocês é o famoso "amor à primeira vista". É mais que óbvio que ele te quer e que ele sente a mesma coisa que você, mas alguma coisa impede ele, eu não sei o que é. Até ele se sentir pronto para contar e seguir em frente vocês precisam ir com calma, e construir a confiança no outro pra poder tirar essa barreira que impede vocês. Só pra constar: eu não estou defendendo ele! Acho que vocês têm muito o que conversar, e algo me diz que não vai ser uma conversa fácil.

Lia seca as lágrimas, em poucos segundos de choro seu rosto já está inchado e vermelho.

— Obrigada, amiga, eu já tentei falar com ele, mas ele prefere correr da conversa, eu só me sinto cansada, em todos os sentidos. — Ela suspira e empurra o prato na mesa. — Acho que vou dormir, estou exausta.

— Ok — digo apertando sua mão. Ela se levanta e some pela mesma porta que Hera e Miguel minutos antes.

Sozinha na sala de jantar, bebo o restante de suco e penso nos acontecimentos dos últimos dias. Fico tão perdida nas lembranças que reparo tarde demais Hera encostada no batente da porta, me olhando.

— Que horror — murmuro levantando da mesa, Hera franze o cenho.

— O quê? — ela pergunta descruzando os braços.

— Você — aponto. Ela abre a boca, surpresa. — Parece uma psicopata me olhando assim. — A boca dela se abre mais, no entanto, ela se recupera do choque e um sorriso começa a se formar lentamente em seu rosto, um sorriso muito malicioso.

— Vou te mostrar o que mais a psicopata aqui... — Ela encerra a distância entre nós e passa um braço pela minha cintura. — sabe fazer, além de ficar te olhando assim. — Hera sussurra no meu ouvido enquanto aperta a minha bunda com as duas mãos.

— Huum... Tá... — Passo meus braços por seus ombros. — Precisamos conversar. — Seu olhar malicioso dá lugar a insegurança. — Você sabe que eu não vou ficar esperando você chegar das missões em casa, certo?

Ela me abraça, afundando o rosto em meu pescoço. Seus braços em minha cintura me apertam ainda mais.

— Não vou conseguir me concentrar sabendo que você vai estar comigo e que corre perigo — ela diz com a voz abafada em meu pescoço.

— Vai ter que aprender a viver com isso — respondo.

Hera morde meu pescoço sem machucar. Rio.

— Se pretende me fazer mudar de ideia, adianto que vai estar perdendo tempo — digo sentindo os braços dela me apertando mais. Hera tira o rosto do meu pescoço e me encara.

— Eu posso tentar... — Hera fala baixo e semicerro os olhos, vendo a malícia voltar ao seu rosto.

— Já disse que vai estar perdendo tempo, mas pode tentar, não me incomodo. — Sorrimos uma para outra.

PASSADO - SÉRIE ONE WOLF VOL. 3Onde histórias criam vida. Descubra agora