CAPÍTULO 28

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AVISO: O WATTPAD BAGUNÇA A ORDEM DOS MEUS CAPS, ENTÃO SEMPRE CONFIRA A NUMERAÇÃO ANTES DE LER!!

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ELISÂNGELA

Lorena não parece intimidada pelas duas adversárias e internamente me orgulho disso. Me recrimino por ter me preocupado com ela para esse momento, depois de tudo o que passou é de se esperar que Lorena não se sinta intimidada por duas lycans. Ela não tem motivos para ter medo, sendo Profeta sei que o pior medo, o pior inimigo que ela poderia enfrentar, ela já está enfrentando dia após dia. Pior que Mário, é ela mesma, mas noto que a cada dia Lorena parece mais confiante.

Às batidas de tambores começam e o ritual também.

Lorena é a primeira a se transformar e assim que o faz vejo vários olhares empolgados e surpresos pela loba laranja diante dos seus olhos. Realmente, Lorena consegue ser diferente até nisso. Sorrio.

Sem que possa me conter, meu olhar percorre os arredores encontrando a vampira de cabelos vermelhos que não tem saído dos meus sonhos.

Suspiro, sentindo meu corpo cansado, o cansaço por não estar com a minha companheira. Tento convencer meu corpo de que não é minha culpa, não é porque não quero. Ela não quer.

Essa informação passa pelo meu coração como uma espada. É sempre assim. Sempre que penso no assunto sinto que meu coração está sendo dilacerado.

Volto minha atenção para a pequena arena quando as outras lycans também se transformam, ambas rosnam ferozmente para Lorena.

Normalmente, esse ritual é feito somente com um oponente, no entanto, por Lorena ser uma híbrida, foi a forma que encontraram de tentar equilibrar a luta.

A loba cinza avançou contra Lorena primeiro, e quando elas rolaram no chão numa mistura perigosa que mordidas e garras, a outra loba decidiu se aproximar, pois o mais inteligente para ela é atacar Lorena ao mesmo tempo, sozinhas elas não tem chances contra Lorena.

Uma rápida olhada para o palanque central me garante uma imagem clara de Hera nervosa como nunca vi antes. Ela tem as duas mãos na boca, o olhar atento a cada movimento no centro do círculo. Ver a companheira lutar para conquistar o respeito da alcateia deve ser desesperador, mas Lorena comentou num momento que é a vez dela dar o troco a Hera, e se lembrou do desespero que foi assistir Hera lutar no Brasil para se tornar Alfa. Agora as posições estão invertidas, mesmo que os motivos sejam muito diferentes.

A única regra do embate é não ter mortes. Nossa espécie presa muito pela vida do outro para aceitar mortes a toa. Vejo Lorena jogar com as patas traseiras a loba cinza longe enquanto avança sobre a loba marrom, as duas rolam no chão e Lorena, num movimento rápido demais para os meus olhos captarem, prende a loba marrom no chão pelo pescoço, um pouco mais de pressão e a loba estaria morta. Ponto para Lorena. A alcateia grita e vibra com a primeira vitória dela.

Sem perder tempo Lorena avança na loba cinza, vejo os cortes e arranhões entre os seus pelos, mas não me preocupo com o sangue que escorre por eles.

As duas lobas se encaram e caminham ao redor do círculo, se encarando. A loba marrom, perdedora, sai da arena. Somente com a loja cinza, Lorena avança primeiro.

Ela e a loba rolam no chão até que a briga termina da mesma forma que a primeira, com os dentes de Lorena ao redor do pescoço da outra loba. A alcateia grita em comemoração enquanto Hera mantém as mãos agarradas nos braços da cadeira em que está sentada. Parece desesperada pela companheira.

Então Lorena volta a forma humana, ela e Hera se aproximaram, no meio da alcateia, e como manda o ritual, Anelise, Profeta da Alcateia Suprema, veste Lorena com um manto vermelho contendo o brasão da Família Real, indicando que agora Lorena é oficialmente parte da Família Suprema.

Lorena é levada a outro lugar para se limpar e vestir uma roupa adequada, com exceção de mim todas as outras vão com ela, incluindo minha mãe. Permaneço lá, esperançosa de que Eloisa me dê alguma atenção e me sinto patética por ansiar tanto por qualquer coisa vindo dela, uma vampira, e até recentemente nossa inimiga.

Entendo que Gaia quer as espécies unidas, mas não gosto do fato de ter escolhido justo a mim para ter uma companheira de outra espécie. A notícia de que o Quarto Fundador retornou e que a companheira dele é uma vampira já se espalhou, desde os civis aos aristocratas, todos estão comentando e o único motivo de não estarem criticando e torcendo os rostos de desgosto é a ordem que o Supremo deu de não desrespeitarem o casal.

Observo com desgosto Eloisa conversar com outro vampiro que os acompanhava. Ele sequer me olha.

Imagino que quando ela souber que sou a mesma pessoa que ela conversa por mensagem com frequência, não vá ficar contente.

***

LIA

Lorena é a primeira a entrar no quarto da mansão central do Supremo Alfa, seguida de Anna, Miranda e Aliandra. Me deixo ficar para trás numa tentativa de engolir o bolo de tristeza formada em minha garganta. Não me sinto triste por Lorena, minha tristeza é por mim é por um companheiro que claramente me deseja, mas que se recusa a me tomar como parceira.

Ver Lorena e Hera realizarem a cerimônia de união foi um lembrete para mim de que talvez eu nunca tenha isso, nem agora e nem num futuro próximo. O pior, é que mesmo não convivendo com Miguel e não o conhecendo, sinto vontade de estar com ele o tempo todo, quero conhecê-lo, quero saber como ele chegou até aqui, quero saber do que ele não gosta, quero bagunçar aqueles cabelos castanhos lisos como o meu. Quero dormir e acordar do lado dele e esses desejos idiotas não fazem parte da necessidade biológica lycan de se unir ao outro, são ilusões que eu mesma criei.

Ouço um macho pigarrear atrás de mim e me viro.

— Tudo bem? — Miguel pergunta.

Fecho os olhos e deixo um suspiro sair da minha boca. Uma lágrima involuntária tinha escorrido pelo meu rosto e a seco rapidamente.

"Talvez estivesse pensando nele com tanta força que acabei invocando o dito cujo..."

Miguel usa sua farda preta da Equipe da Guarda Real. Faz tempo que não o vejo de farda, involuntariamente meus olhos correm por seu corpo.

— Sim — respondo ríspida demais, mas não me importo, quero que ele saiba que não estou feliz com o que está fazendo comigo.

Desvio meu olhar do seu e caminho até o quarto de onde vem as vozes animadas de Anna e Miranda. Miguel segura meu pulso antes que eu entre e me faz encará-lo.

— Eu sei que não está, pode conversar comigo, se quiser — ele diz e rio, achando graça da preocupação encenada. Arqueio uma sobrancelha e me desvencilho da sua mão bruscamente.

— Não tenho nada para conversar com você. — Lhe dou as costas sem esperar para ver sua reação. Entro no quarto e fecho a porta atrás de mim.

PASSADO - SÉRIE ONE WOLF VOL. 3Onde histórias criam vida. Descubra agora