EPÍLOGO

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MIRANDA

Deposito minha única mala no chão da sala de estar e espero por Júlio. Quando ele se aproxima com os documentos que pedi em mãos, estendo o braço para pegá-los.

— Tem certeza que precisa ir, Sra? — ele pergunta e suspiro triste.

— É a minha filha, Júlio. Ela é a única coisa que tenho nessa vida, não vou ficar longe dela num momento desses, e sabendo os riscos que ela está correndo agora — explico e meu governante assente com um sorriso polido.

— Mas e a alcateia? Acho que o novo Alfa não vai gostar da sua ausência — ele insiste e revirei os olhos com um sorriso.

— Júlio, cuide das coisas por aqui, se alguém precisar falar comigo entrega o meu cartão com meu número de trabalho. E se o Alfa precisar dos meus serviços, posso atendê-lo por chamada de vídeo, é para isso que serve a tecnologia — respondo rindo e Júlio confirma com a cabeça, ainda pensativo.

Suspiro outra vez e me aproximo dele, coloco uma das minhas mãos em seu ombro.

— Não precisa se preocupar, vai ficar tudo bem, o problema são aquelas crianças. A Lorena e a Elisângela sabem muito pouco da vida, quero estar perto delas quando as coisas piorarem e para as coisas que vão descobrir — explico e, por um momento, vejo uma tristeza passar pelo olhar de Júlio, meu peito doí por nunca ter nutrido metade dos sentimentos que ele tem por mim. Ele sempre esteve comigo durante toda minha vida, no começo foi meu melhor amigo, e depois que encontrei meu companheiro, se ofereceu como governante da minha casa.

Não sou boba, sei dos sentimentos amorosos dele por mim, mas não é justo dar esperanças a ele de que as coisas entre nós podem mudar um dia. Elas não vão. Depois do meu companheiro, não me vejo com qualquer outra pessoa, um relacionamento conturbado foi o suficiente para uma vida quase imortal e não pretendo me abrir com uma pessoa novamente como tentei com Carlos, não quero ser decepcionada de novo. Além disso, a vida não é só relacionamentos. Viver sem um não é tão ruim.

— Por que não aproveita para tirar umas folgas? Não precisa ficar aqui, pode tirar umas férias prolongadas por tempo indeterminado. — Sorrio, tentando animá-lo. Júlio raramente sai da mansão, não faz outra coisa se não viver para mim. Infelizmente não tenho nenhum orgulho de saber isso.

— Não, gosto da tranquilidade daqui. Vou olhar os jardins e esperar que voltem — ele diz e um sorriso brota no canto dos seus lábios, tento retribuir.

— Certo, tenho que ir, não quero perder o voo — digo. Dou um último aperto em seu ombro e saio puxando a mala atrás de mim. Avisto o carro e os dois seguranças que costumam estar comigo pelos cantos, sentados nos bancos da frente. Entro no banco passageiro e aceno com a mão para Júlio, que fica na porta de casa, me olhando partir.

Quando não é mais possível vê-lo, alcanço o celular curiosa para saber se Elisângela respondeu qualquer uma das minhas mensagens ou ligações. Se não fosse por Hera, eu não saberia se ela está bem ou não, por sorte, consegui o número da filha do Supremo antes que nos separássemos.

Já imaginava que Elisângela iria com eles, ela sempre quis sair e viajar o mundo, e em partes admito que sinto uma vontade enorme de fazer isso com a minha filha, contudo, isso não é possível no momento e nem num futuro próximo. As coisas estavam para mudar, e mudariam o mundo inteiro.

Disco o número de Hera e ligo para ela pela segunda vez em três dias, ao ver que a Eli não me respondeu e sequer visualizou as mensagens. Se Elisângela não quer falar comigo, eu encontro outra forma de saber dela. Suspiro pesadamente quando penso em quão decepcionada ela vai ficar quando souber que estarei com eles.

Ela não me quer perto, quer espaço, um tempo para ela e entendo isso. No entanto, as circunstâncias mudaram. A visão que tive não me explicou muita coisa, mas o suficiente para eu saber que algo importante vai acontecer e ela vai precisar de mim.

— Sim? — A voz firme de Hera indica que ela não está surpresa ou irritada com a minha ligação.

— Estou indo a São Paulo para encontrar vocês — falo sem rodeios.

— E por quê? — Hera pergunta sem irritação ou surpresa na voz, somente curiosidade.

— Tive uma visão com uma marca, e ela também aparece na Eli — respondo e Hera suspira.

— Sim, surgiu uma marca na Lorena e na Elisângela quando encontramos aquela garota com poderes estranhos e de espécie indefinida. Ainda não sabemos o que significa, mas que bom que está vindo, quanto mais ajuda, melhor, mas acho que a Elisângela não vai ficar muito contente com isso — a loba murmura.

— Ela vai ter que superar isso, sou a mãe dela e não vou deixar ela passar pelo o que está por vir sozinha — digo e Hera ri baixo.

— Certo, vou pedir para prepararem um quarto para você e vou avisar o Alfa daqui que você está para chegar, tem previsão de quando?

— Estou à caminho neste momento, vou pegar o primeiro voo que encontrar.

— Certo, estaremos te esperando então — Hera comenta e assinto mesmo sabendo que ela não pode ver.

— Já sabe o que vão fazer sobre isso? — pergunto curiosa.

— Decidi dividir o grupo, cada um vai atrás de uma coisa, nós vamos investigar primeiro algumas denúncias, que acreditamos estar relacionadas aos demônios. A Eli e a Aliandra vão até a Alcateia Suprema para falar com o Victor, pra saber se ele sabe algo sobre a marca e sobre a humana que não é humana — Hera lista.

— Que interessante, tem um grupo agora?

— Cheio de pessoas inexperientes — Hera ri.

— Neste caso, as adultas precisam supervisionar as crianças.

— Concordo. Vou desligar, quero aproveitar meu último dia de folga antes do trabalho duro começar.

— Certo, daqui a pouco estou aí.

— Até logo então — Hera diz e desliga.

Deposito o celular no banco ao meu lado. No começo disso tudo, as coisas ainda pareciam irreais, meu cérebro ainda não tinha processado a importância de tudo o que estava acontecendo, na verdade, parece que até este momento ele não processou, mas agora, a minha filha está envolvida e eu não sei o que fazer além de desejar escondê-la de tudo o que pode acontecer.

Mesmo preocupada, sorrio ao pensar que encontrarei Aliandra.

Nos últimos dias passamos todo o tempo que pudemos juntas, ela compartilhou muitas coisas sobre as Profetas do povo dela e fiz o mesmo. Não me lembro a quanto tempo não converso com alguém sem nenhuma preocupação de ser sempre profissional e manter a postura. Com Aliandra é diferente, ela me deixa à vontade, não me sinto assim nem mesmo com as outras Profetas lycans.

Com certeza sermos Profetas facilita as coisas. Ela se tornou uma grande amiga, e mesmo não estando perto uma da outra, conversamos quase diariamente por mensagens, algumas vezes por ligação, e nesses casos evitamos assuntos que podem nos pôr em risco, ainda assim, conversamos muito. Minhas noites e madrugadas têm sido muito mais interessantes conversando com ela.

Pelo menos agora poderei conversar mais com a minha nova amiga e cuidar da minha filha de perto.

PASSADO - SÉRIE ONE WOLF VOL. 3Onde histórias criam vida. Descubra agora