69.

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Leonardo me ignorou o resto do expediente. Quando dá a hora de irmos embora, ele vai disparado até seu carro e eu tenho que fazer um esforço pra acompanhá-lo. Justo hoje viemos os dois juntos.

— Vai me deixar pra trás? — pergunto, enfim chegando no veículo.

— Entra logo. — ele diz com grosseria.

Entramos e colocamos o cinto. Eu aperto minha bolsa no colo e vejo ele dar partida. Já imagino que ele pretende continuar me ignorando, então decido tomar uma atitude.

— Podemos discutir logo? Odeio esse silêncio. — falo olhando pra ele, mas o de olhos azuis não tira sua atenção da pista.

— Então você prefere discutir?

— Eu prefiro que você me entenda. Eu não fui na mesa dele por iniciativa própria, ele me chamou.

— Hm. Pra que? — Leo pergunta e eu engulo seco antes de responder.

— Ele me chamou pra sair. — nessa hora o sinal fecha e ele finalmente me olha. — Eu neguei, óbvio.

— Shelby, você não devia nem conversar com esse cara. Eu sei que vocês se conhecem há tempos, mas que se foda. — ele diz, ríspido.

— ...Peraí, como é? Eu converso com quem eu quiser. — retruco.

— Então você quis conversar com ele? — Leo dá uma risada debochada e cheia de raiva.

— Não, mas você não pode me proibir de falar com outras pessoas. Não é porque eu converso com alguém que vou te trair, Leonardo.

O sinal abre e ele volta à dirigir.

— Eu confio em você, mas não gosto que você seja amiga dele. Você sabe muito bem disso.

— Por que? — pergunto inocente, claro que eu sei a resposta. Ou acho que sei.

— Porque ele só quer te comer. De novo.

Eu me encolho no banco e passamos o resto do trajeto em silêncio. Nem uma música sequer tocando no rádio, isso me deixa deprimida.

Chegamos no nosso prédio e eu acompanho Leonardo até seu apartamento. Ele joga suas coisas no sofá e se senta pra tirar o tênis.

— Eu ainda não te contei, porque senão você ia ficar dizendo que tem razão e se achando. Mas tudo o que eu venho fazendo é fugir do Mike. Hoje mesmo, eu não quis atender ele e nem que você atendesse. Só fui até aquela mesa porque sei que ser ignorada é uma merda. — termino de falar dando essa indireta ao silêncio dele.

— Você podia ter me chamado e eu ia falar com ele. Eu acharia bem mais coerente, já que ele tá te perturbando. — Leonardo tira a camisa e levanta, indo até a cozinha.

— Tá falando sério? Nunca que eu vou apelar pra você resolver os problemas da minha vida. — o sigo.

— Eu sou o seu namorado, Shel. Se tem outro cara te incomodando, eu mesmo posso resolver. — ele pega uma garrafa pequena de cerveja da geladeira e abre.

— Só que isso seria ridículo. Provavelmente você faria outro papelão lá no meio do restaurante.

— E você espera que eu faça o que? Que eu sente com ele e converse sobre como é bom transar com você? — Leo toma um longo gole da cerveja e à guarda em seguida.

— ...Esquece, isso tá me enchendo já. Eu vou embora. — ajeito minha bolsa no ombro e dou as costas.

— Shel, não. Vamos discutir isso aqui primeiro. — Leonardo me segue e se põe na minha frente. — Tô cansado de brigar pelo mesmo motivo.

— Eu também. Por isso vou embora. Sai da frente! — tento tirá-lo da frente, mas ele permanece.

— Shelby Davis. — ele pronuncia meu nome e eu suspiro. — Fala o que tá pensando.

— Eu tô pensando em vários xingamentos direcionados à você. Pronto, satisfeito?

— Não. A gente tem que resolver isso de uma vez. Me fala: você não gosta mesmo desse Mike?

— Que merda, Leonardo. — murmuro. — Claro que não. Eu não quero ver ele nunca mais, não quero nem ser coleguinha dele. Eu namoro você, eu amo você e ponto, mesmo você sendo um pé no saco!

Segundos passam e as mãos dele vão até meu rosto e o loiro me acaricia.

— Desculpa ser um pé no saco, Shel... — Leo fala baixinho. — Te amo também.

— Ficou mansinho, agora? — brinco.

— Não, ainda tô puto. Mas acredito em você. — ele se afasta envergonhado.

— Que bom. Pra você ter uma ideia, eu nem tenho mais o Mike nos meus contatos.

— Tá bom. Agora vamo esquecer esse assunto...

Nos fitamos seriamente, até que abrimos um sorriso sem mostrar os dentes ao mesmo tempo. Dou um abraço forte em Leonardo e ele aperta minha cintura. O homem me dá dois selinhos demorados e engata no terceiro, iniciando um beijo quente.

— Te amo. — sussurro em meio ao beijo.

— Te amo, princesa. — ele fala de volta, sorrindo.

𝐖𝐇𝐘 𝐖𝐎𝐔𝐋𝐃 𝐈 𝐃𝐀𝐓𝐄 𝐘𝐎𝐔? [leonardo dicaprio]Onde histórias criam vida. Descubra agora