22.

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leonardo's pov

Dirijo calmamente até o restaurante, ouvindo Beyoncé — pois me lembra a noite passada. Quando chego, vejo uma mulher caminhar até os fundos e lembro que é por ali que devo entrar.

— Você é o novo garçom, Leonardo né? — ela pergunta quando eu entro depois dela.

— Isso. Prazer.

— Prazer, eu sou a Yolanda. Cozinheira.

Yolanda e eu conversamos um pouco e ela acaba comentando vagamente que Rebecca e Shelby chegaram juntas há uns dez minutos.

— Cadê elas? — questiono.

— O lugar é grande, se quiser procurar... — o outro cozinheiro fala e eu faço o que sugeriu.

Dou uma passeada pelo restaurante, me acostumando aos poucos com meu novo ambiente de trabalho. As meninas saem de uma sala e sem me verem um pouco longe, vão em direção às enormes janelas de vidro. Eu às sigo e percebo que Rebecca conta algo com empolgação à Shelby, que dá risada.

— Oi. — eu digo me acercando.

— Oi. — elas me olham e respondem em tons diferentes.

— Pensei que nosso trabalho era servir às mesas.

— Mas é. — Rebecca ri.

— Mais ou menos. — Shelby junta as sobrancelhas.

— Não se preocupe, Leo. Com o tempo você se adapta à esses servicinhos...extras, digamos assim. — Rebecca diz.

— Ah, tá. — alongo a frase, ainda um pouco intrigado.

— Você tá perdido?

— Um pouco. Não sei bem por onde começar. — rio sem graça.

Olho pra Shelby e ela já não presta mais tanta atenção em mim, agora ela limpa a janela com um pano úmido.

— Vem comigo, vou te entregar seu uniforme. Tem vários tamanhos, com certeza achará algum na medida certa... — Rebecca entrelaça seu braço no meu e me puxa pra longe.

O uniforme é bem sem graça, mas ao me ver usando ele no espelho, me sinto um palhaço. Dou risada ao sair do banheiro e atraio olhares dos meus colegas. Yolanda elogia meu cabelo, segundo ela, combinou com a cor da roupa.

Tempo passa, os clientes começam à chegar e meu nervosismo aumenta um pouco.

— Não esquece, esse papelzinho aqui com o número indica qual é a mesa.

Eu pego a bandeja com um prato de macarronada e um copo de coca-cola. Sigo as instruções que me foram dadas: apenas uma mão segurando o pedido e a outra nas costas. Ando como se estivesse pisando em ovos, olhando pra bandeja e me concentrando pra não derruba-la.

Até que justamente na hora em que eu deveria pôr o prato na mesa, me desequilibro e a coca-cola vira, caindo no colo do cliente e em seguida no chão. O som do objeto quebrando é estrondoso.

— Qual o seu problema, garoto?! Olha só o que você fez! — o homem de camisa social e gravada listrada levanta aborrecido.

— Foi um acidente! — eu rebato. — Hoje é meu primeiro dia aq-

— Eu não tô nem aí! Minha roupa tá encharcada! — ele me corta e no momento em que eu me preparo pra dá-lo uma resposta, Shelby aparece e me puxa delicadamente pelo braço.

— Pedimos desculpas, senhor. Não vai mais acontecer. Pode pedir o que quiser, fica por conta da casa. — ela diz educadamente. — Com licença. Vem, Leonardo...

Vamos até a cozinha e eu bufo.

— Vai me dar bronca? Eu disse que não sabia ser garçom. — cuspo as palavras.

— Não vou te dar bronca. Acontece.

— Se eu continuar assim, vou ser demitido antes de ver a cor do meu salário! — abaixo a cabeça, minha feição de incômodo.

— Mas não vai. Leonardo, quando eu cheguei, na primeira semana eu caí por cima de uma criança. — Shelby conta e eu à fito, nós seguramos o riso. Ela se aproxima e tira sua tiara branca da cabeça, posteriormente colocando na minha, impedindo que meu cabelo caia na testa. — Relaxa, tá?

— ...Tá. — murmuro.

— Agora vai pegar mais pedidos, deixa que eu limpo a sua bagunça.

— Mas e se eu derrubar de novo?! — arregalo os olhos.

— Pegue a bandeja com as duas mãos, simples. Melhor ir contra uma regra estúpida dessa do que quebrar mais copos e quem sabe um pé, né?

— Valeu, Shel. — pisco com um olho só pra ela, que balança a cabeça e sai.

Começo então à segurar a bandeja com as duas mãos e isso salva meu dia, tanto é que não derrubei mais nada. Bom, exceto pelo achocolatado do garotinho que não largava o celular e a panqueca da senhora que só sabia me chamar de "loirinho".

Fora isso, tentei chamar a atenção de Shelby algumas vezes. Ela foi tão atenciosa comigo, mas parece que enquanto trabalha não tem paciência para as gracinhas dos amigos. Perco as contas de quantas vezes a garota passou por mim sem dizer nada ou esboçar um sorriso sequer.

Enquanto eu continuava pensando nela e me perdendo na hora de achar as mesas condizentes com a porra dos números.

𝐖𝐇𝐘 𝐖𝐎𝐔𝐋𝐃 𝐈 𝐃𝐀𝐓𝐄 𝐘𝐎𝐔? [leonardo dicaprio]Onde histórias criam vida. Descubra agora