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leonardo's pov

Anthony é primo da Shelby. Quando isso foi dito propriamente eu fiquei aliviado, pois não teria motivos pra sentir ciúmes. Eles são parentes e sempre se deram bem. Mas por que ela não me falou dele ontem? Por que "esqueceu" dele, se são tão próximos?

Eu não posso estragar esse dia tão gostoso com essa família, mas tá sendo bem difícil esconder minha cara de desconforto.

Agora estamos na sala com Colin e Ryan. Shelby está sentada ao meu lado no sofá, conversando empolgada com Anthony, que tá na poltrona ao lado. Sinto vontade de puxa-la contra mim, mas o pai dela tá praticamente na nossa frente.

— Que coincidência vocês trabalharem juntos e com cargos iguais. — ele comenta divertido, bebericando sua cerveja.

— Pois é. Eu tava pensando nisso. — Ryan concorda sorrindo de leve.

— A Shel me indicou a vaga quando outro garçom foi despedido... — eu explico e eles balançam a cabeça, prestando atenção.

— "Shel", que apelido bonitinho. — Ryan ri.

— Como eu nunca pensei nisso? Quando ela era criança, nós a chamávamos de Byby. — Colin começa à contar, isso atrai minha atenção e nós passamos à falar sobre isso por um tempo.

Chega o momento em que Colin sai da sala após dar um beijo na cabeça da filha. Ryan pega seu celular e mexe nele concentrado. Eu olho pra morena que ainda conversa com seu primo e faço um barulho com a garganta, como numa súplica pra ela me notar. Ninguém percebe.

— Licença, Anthony. — Regina aparece, salvando a pátria. — Mocinha, vamos conversar sobre aquilo agora? Já passou do tempo.

— Tá bom. — Shelby assente, se rendendo.

— Posso ficar também, tia? — Anthony pergunta, eu respondo um "não" em pensamento.

— Pode. — Regina senta no outro sofá.

Ela então inicia o interrogatório e Shelby responde as perguntas honestamente.

Eu relembro os últimos dias, como eles tem sido. Shel não para de falar nessa loja. Ela e Melanie são sócias agora e vão comandar tudo juntas. Já escolheram um nome e já encontraram vários terrenos abertos à propostas. Uma professora da faculdade foi quem fez um discurso enorme às duas sobre esse mercado, como lucrar bem e de forma justa.

— E o último é esse aqui. Foi o que eu mais gostei. Ainda estamos juntando dinheiro, não decidimos se vai ser ele de fato. — Shelby mostra as fotos no celular à sua mãe.

— É o mais decente, mesmo. — Regina murmura observando a imagem com detalhes. — Mas tome cuidado pra não cair em golpe, hein? Nem tudo é o que parece ser hoje em dia.

— Sim, senhora. — Shel revira os olhos.

— E o trabalho? Você ainda tá lá, né? — Regina pergunta, creio que só checando pela trigésima vez.

— Tô, até porque preciso de grana.

— E as contas de casa? Tá pagando tudo certinho? Shelby, se você perder tudo por causa dessa loja-

— Mãe, que saco! — Shelby exclama, aborrecida.

— Não grite comigo! — Regina exclama de volta. — O que espera que eu diga? Você já saiu da faculdade, eu tenho medo, oras!

— Calma, tia. A Shelby é muito inteligente, ela não vai se deixar falir desse jeito que a senhora tá pensando, não. — Anthony defende ela, segurando sua mão e à acariciando. Shelby sorri.

Eu sinto raiva de mim mesmo por não ter feito isso à tempo. Aliás, por que ele tá fazendo isso? Esses toques entre os dois são comuns? Que porra!

As horas passam e depois de lancharmos com todo mundo enquanto batíamos papo, cá estamos Shelby, seu primo e eu na mesma situação de novo. Agora ele conta uma história que eu tô pouco me fodendo pra ela, que escuta rindo alegremente.

Me pergunto se ela sequer sente a minha presença aqui. Estamos na entrada do corredor, Anthony encostado na parede, Shelby na minha frente e eu agarrado nela por trás. Ou seja: sobrando.

Quando o primo finalmente sai de perto, indo em qualquer direção — isso claro, depois de beija-lá no rosto, Shel se vira pra mim e tenta me dar um selinho. Eu desvio.

— Que foi? — suas sobrancelhas se juntam.

— Podemos ir embora? — digo de uma vez.

— Já? Não tá se divertindo?

— Não mais. Já deu. Vamo... — falo sem olhar ela nos olhos, tá claro que tem algo errado.

— Me explica porque ficou assim de repente, Leonardo. — Shel afasta suas mãos de mim.

— "De repente" porque você mal prestou atenção em mim, né? Mas olha...alô, eu tô aqui! — gesticulo em sarcasmo. Ela segura minha mão, me fazendo parar.

— É por causa do Anthony?

— E você ainda pergunta. — balanço a cabeça em negativo.

— Eu não tô entendendo. Ele é meu primo, Leo.

— Sei disso, é o que eu falo pra mim mesmo em pensamento, como forma de consolo. Mas ele gosta de você, isso tá óbvio já.

— O quê?! — ela faz uma careta, pasma.

— ...Você gosta dele? — pergunto com dificuldade. — É por isso que não falou dele naquela introdução à sua família que você fez ontem?

— Eu não tô ouvindo isso, não é possível...! — Shelby se distancia.

— Não enrola, responde logo.

— Claro que não! Isso é um absurdo. — ela diz, indignada. — Leonardo, eu vim te apresentar pra minha mãe, pra minha família. — Shel dá ênfase em "família". — Como você pode pensar isso? Por que merda eu faria isso comigo, com você?!

— Sei lá, Shelby. Esse cara chegou já te agarrando e você deixou! Onde que um primo faz isso? Um primo que você mal menciona. É muito estranho...

— Cala a boca, Leonardo. Cala a boca! — ela grunhe, eu engulo seco. — Muito bem, você quer ir embora? Então vamos embora.

Shelby me puxa pelo pulso e me leva pra nos despedirmos de sua mãe.

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pessoinhas, eu decidi que não vou dizer qual é o nome da loja da shel. deixo isso pra imaginação de vocês, então fiquem à vontade pra escolher!!!
🫶💞

𝐖𝐇𝐘 𝐖𝐎𝐔𝐋𝐃 𝐈 𝐃𝐀𝐓𝐄 𝐘𝐎𝐔? [leonardo dicaprio]Onde histórias criam vida. Descubra agora