Duas horas depois, a maior parte da festa já tinha voltado para os quartos. Sheilla estava pegando as taças, mesmo depois que Gabriela havia dito que poderia deixar tudo ali.
— Mal posso acreditar que minha mãe e a Caroline foram cedo para cama logo no primeiro dia.
— É uma maratona, não uma corridinha, como disseram. — Apesar disso, Gabriela também estava surpresa. Ela nunca viu uma primeira noite onde todos foram dormir logo depois da meia noite. Era um milagre de despedida de solteiro. Deveria escrever isso em um diário, se tivesse.
Quando deixaram tudo na cozinha, Gabriela voltou para dar mais uma conferida na varanda. Satisfeita com o fato de que tudo estava em ordem, andou até a beirada, onde havia uma parede de vidro na altura de seu quadril. Apoiou os braços no topo e admirou a vista da água mais uma vez. O dia foi muito cheio, e era bom aproveitar alguns momentos solitários. Segundos depois, sua pele se arrepiou. A solidão durou pouco. Não que ela se importasse com isso, especialmente quando quem a interrompia era Sheilla. Gabriela sentiu seu cheiro e o coração começou a acelerar, mesmo quando aparentemente estava calma. Não bebeu nada esta noite porque estava trabalhando. Estava sempre com uma taça nas mãos e fez seu papel de madrinha levemente embriagada, mas a taça estava sempre cheia. Ficou feliz por estar sóbria.
— É lindo, não é? — a voz rouca de Sheilla pareceu atravessá-la.
— É mesmo. — Gabriela olhou para direita. Os olhos escuros de Sheilla brilharam.
— No que está pensando?
Em você. Nos meus sentimentos. O calor que me toma quando está ao meu lado. Era isso que Gabriela queria dizer, mas não o fez.
— Só estou aproveitando. É um lugar lindo para passar o final de semana. — Olhou para Sheilla de novo. Ela havia tirado o lenço, expondo o pescoço e a clavícula.
— Mesmo trabalhando? Sei que não deve ser nada fora do comum, considerando o que você faz. — Gabriela sorriu para ela e uma luz se acendeu.
— Você não é comum. — Ela desviou o olhar rapidamente. Esperava não ter ultrapassado os limites.
— Posso dizer o mesmo sobre você — Sheilla respondeu.
Os músculos de Gabriela se contraíram, mas quando olhou novamente para Sheilla, voltaram a relaxar. O que ela queria dizer com isso?
— Deixou alguém sentindo sua falta nesse final de semana? Você não parece ter ninguém especial na sua vida, mas talvez só não tenha contado. — Quando Gabriela olhou para ela, Sheilla ergueu uma sobrancelha. — Você disse que eu poderia perguntar qualquer coisa a seu respeito, então estou usando o recurso.
Era verdade. Havia mesmo dito aquilo. Ela balançou a cabeça.
— Não tenho ninguém, só eu. Faz muito tempo que não tenho namorada. O trabalho me mantém ocupada. — Gabriela nunca havia discutido isso com uma noiva. A maioria estava ocupada demais pensando em si mesma e no próprio casamento. Sheilla não era como a maioria das noivas. — Além disso, não acho que algumas namoradas ficariam felizes comigo desaparecendo por semanas. Ou passando tanto tempo assim com mulheres bonitas e me aproximando delas. Acho que é o bastante para testar até mesmo a mais segura das relações. — Nunca admitiu para ninguém. Se quisesse um relacionamento, talvez teria que desistir desse trabalho. De março a setembro, ele era seu dono. Sheilla virou o corpo, franzindo o cenho.
— Espere, você faz isso há três anos e não teve nenhum relacionamento durante esse tempo?
Gabriela balançou a cabeça. — Não.
— E antes disso?
Ela ficou imóvel, pensando no passado como se fossem cartas de baralho. Quando se tratava de relacionamentos, o jogo não estava a seu favor. Anna, rainha de copas. Yasmin, rainha da dor. Juliana, o coringa. Havia doado meses, até mesmo anos para esses relacionamentos. Nenhum deles deu certo. Todos a deixaram de coração partido.
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before you say i do - sheibi
FanfictionSheilla Castro tem o emprego dos sonhos e o noivo perfeito. Mas quando se vê sobrecarregada com os preparativos do casamento, seu noivo contrata Gabriela Guimarães, uma madrinha profissional para ajudá-la. E é aí que seu mundo vira de pernas para o...