capítulo 1

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nas loucuras da madrugada decidi postar essa fanfic que é uma adaptação do livro "antes que você diga sim" que eu fiquei encantada, let's :)

Gabriela Guimarães mexeu o ombro esquerdo apenas alguns milímetros. Depois, mais um pouco. Ela não poderia arriscar se mexer demais. Droga, esse era um momento muito inapropriado para sentir coceira na clavícula. Em pé e de frente para cento e vinte convidados, fazendo o papel de madrinha profissional de Emily, sua mais nova cliente.

— É de livre e espontânea vontade que você aceita Max como seu esposo? — o vigário continuou com o discurso.
Gabriela segurou o buquê de flores com um pouco mais de força enquanto esperava as palavras saírem da boca da noiva. A coceira foi embora de repente. Isso era mais importante.

Alguns segundos se passaram. Mais alguns. Alguém na igreja tossiu de maneira inoportuna. Por favor, Emily. Gabriela olhou para Max, o noivo. Sabia que ele estava pensando a mesma coisa. Sentiu um calor subir por suas costas, chegando ao pescoço. Acariciou a parte de trás do braço de Emily com a ponta dos dedos.

— Sim — Gabriela balbuciou, alto o suficiente para que Emily ouvisse, mas baixo o bastante para que Max não pensasse que era ela quem queria se casar.

Era a parte essencial de se casar. Presumiu que ela tivesse entendido. As duas praticaram tudo: andar, sorrir, fazer pose para fotos e até mesmo respirar, mas acabaram pulando a parte do "Sim, aceito". Nesse momento, Gabriela percebeu que foi otimista.

Finalmente, após mais alguns segundos agonizantes, ela respirou fundo
e abriu a boca pintada de rosa brilhante.
— Sim, aceito — a noiva disse, sua voz ecoando alto e verdadeira.

Gabriela relaxou os ombros.

Ela conseguiu. Conseguiu fazer com que Emily chegasse ao altar, acalmou todos os seus anseios matrimoniais e impediu que ela tomasse champanhe demais enquanto estava sendo maquiada. Emily se comprometeu com Max. Essa era a tarefa que sua família deu a Gabriela quatro semanas atrás. A taxa por ser a falsa madrinha de casamento não dependia de a noiva chegar ao altar, mas com certeza tornava muito mais fácil enviar a cobrança.

— Eu vos declaro marido e mulher — o vigário disse. — Pode beijar a noiva!

Gabriela voltou sua atenção ao presente. Abriu um sorriso radiante para a câmera, algo que dizia que esse casamento foi fácil. Então empurrou os cabelos castanhos e cacheados na altura dos ombros para trás, endireitou a postura e alisou o vestido verde-claro como se fosse a melhor coisa que já vestiu. Não era. Não tinha forma e fazia com que ela parecesse um ramo de salsão. Gabriela mal podia esperar para tirar tudo, colocar seu jeans e ir para o bar tomar uma taça de Sauvignon Blanc com os amigos.

Isso ainda estava nos planos. Só dali oito horas. Primeiro, tinha que aguentar o jantar, os discursos, e as danças até o fim. Pelo menos, não faltava muito.

Conforme Max se inclinou e tomou o rosto de Emily nas mãos, Gabriela se permitiu um sorriso verdadeiro. Certo, ela era cínica no que se referia a amor, mas essa parte sempre a enchia de esperança. O casamento era o começo de algo, uma página em branco em um relacionamento. Até para Emily e Max.
O casal se beijou, e os convidados aplaudiram. Gabriela olhou para o padrinho, Rob, do outro lado do altar, e ele lhe devolveu um sorriso deslumbrante. À medida que o sorriso se transformava em uma piscadela sugestiva, Gabriela fixou o sorriso. Por dentro, revirou os olhos. Agora tinha mais uma coisa na sua lista de afazeres: dizer ao padrinho que ela jogava no outro time.

***
Gabriela entrou com seu Ford Capri surrado na vaga em frente ao prédio em BH e desligou o motor. Ficou sentada ali por alguns instantes, ouvindo o som de um quarteto de beberrões que estava saindo do Rusty Bucket, o bar que ficava ali perto. Um estrondo no teto do carro fez com que ela pulasse. Gabriela se virou tão rápido que sentiu a base do pescoço estalar. Uma pontada de dor veio em seguida. Ela gemeu enquanto sua melhor amiga e colega de apartamento, Isabelle Haak, sorriu abertamente pela janela do lado do passageiro. Ela fazia um movimento de manivela com a mão, como se o carro de Gabriela não tivesse vidros elétricos. E não tinha mesmo.
Gabriela se inclinou, com o rosto ainda franzido devido ao espasmo muscular. Alcançou a manivela e girou algumas vezes. O som que fazia jamais poderia ser descrito como "saudável".

before you say i do - sheibiOnde histórias criam vida. Descubra agora