capítulo 30

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— Sinto muito sobre como as coisas ficaram, mas por favor, pense um pouco sobre isso? Se quiser ir embora, eu entendo. Vou fazer com que o Breno pague até o fim, como combinamos. Mas, por favor, pode ficar para ajudar nesses últimos dias? Se não for por mim, pelo Breno? Não sei como eu poderia explicar de outra forma. Prometo que ele vai falar de você para todo mundo que encontrar.

Gabriela queria dar um passo para frente e gritar com Sheilla.

Não tem a ver com negócios ou dinheiro. Tem a ver com sentimentos. Diz respeito a nós. Sobre você não dar as costas para nossa chance!

Mas ainda estava trabalhando e era profissional.

Sempre.

Será que conseguiria terminar esse trabalho? Levar Sheilla ao altar como tinha prometido a Breno? Apesar de tudo, gostava dele. Além do mais, ainda queria fazer um bom trabalho. Estava nos seus genes. A campainha tocou. Ela se virou para um lado, depois para o outro, com pânico completo estampado no rosto. Checou o relógio e xingou baixinho.

— Deve ser o Breno. — Estremeceu de novo. — Ele chegou adiantado. Melhor eu atender. — Gabriela assentiu.

Claro que era Breno. Será que esse dia podia piorar?

O rapaz ainda estava com a roupa do trabalho, assim como Sheilla. Gabriela precisava admitir que eles faziam um par corporativo perfeito. Sempre fizeram. O problema era que Sheilla disse que estava apaixonada por ela. E agora, estava voltando para o plano original e se casando com Breno.

Sentimentos não mudavam assim rapidamente. Gabriela sabia muito bem disso.

Engoliu em seco, colocando um sorriso no rosto, que esperava enganá- lo. Por fora, parecia normal. Por dentro, seu coração estava se partindo lentamente.

— Gabriela! Como você está? — Breno se aproximou, oferecendo a mão. Ela apertou.

— Bem. Como foi o final de semana? — Ele abriu um sorriso.

— Você sabe. Bebida, mulheres, vinho... E o seu?

— Incrivelmente parecido — ela respondeu, encontrando o olhar de Sheilla. A noiva desviou o olhar.

— Agora que já passamos por isso, podemos nos concentrar na última semana. Menos de uma semana para o grande dia. — Ele esfregou as mãos. — Você está ajudando a Sheilla com o discurso, não está? — Sheilla balançou a cabeça, finalmente entrando na conversa.

— A Gabriela já fez mais do que o necessário. Consigo escrever meu discurso sozinha.

— Mas ela é uma profissional! — Breno apontou para a moça. — Aposto que tem diversas piadas que vão garantir o riso, certo? — Gabriela assentiu.

— Tenho, sim. — Ela cerrou os dentes, ainda sorrindo. Breno cutucou Sheilla com o cotovelo. — Pegue algumas dicas. Se você não fizer isso, eu vou. — Sheilla arregalou os olhos.

— Ela é minha madrinha, não sua. Vou pegar as dicas, sim. — Ela encarou Gabriela e depois desviou o olhar mais uma vez. A moça se manteve impassível. Que tipo de dicas Sheilla estava planejando receber exatamente?

— E você vai ao jantar de ensaio na sexta? — Gabriela franziu o cenho.

Tinha se esquecido disso. Estava na planilha, é claro. Mas desde que voltaram, se esqueceu de tudo que deveria estar fazendo para esse casamento. Na semana mais importante. Não podia largar tudo agora, não é? Seria estranho. Havia prometido a Brenda que estaria no ensaio. Prometeu para todos. Será que conseguiria? Seu corpo tensionou com o peso do olhar de Breno.

— Não tenho certeza. Estava falando para a Sheilla agora que surgiu algo. — Odiava mentir para ele. O rosto de Breno se tornou triste.

— Sinto muito. Podemos fazer algo para ajudar? Nós dois queremos que você esteja lá, claro, mas você tem que se certificar de que está tudo bem com você primeiro.

Ele realmente era o homem mais legal do mundo. Todo o seu carinho fazia com que Gabriela se sentisse terrível. Poderia cuidar desses últimos dias. Sheilla queria que ela fizesse isso. Breno também. E se quisesse que os negócios continuassem andando no futuro, precisava continuar.

— Esqueça o que eu disse, estarei lá. Vou dar um jeito. — Gabriela mexeu os ombros. — Temos que nos certificar de que a noiva chegue no altar, não é? Está no meu contrato. — Breno sorriu.

— Fantástico. Mas espero que ela suba por vontade própria, não porque você a está obrigando!

Gabriela olhou para Sheilla, cujo rosto estava congelado em uma máscara que não sabia exatamente decifrar. Seria torturante mas eram só mais cinco dias. Depois disso, Breno e Sheilla estariam casados, ela poderia receber seu pagamento e ir afogar as mágoas. Pelo menos, havia aprendido alguma coisa com esse fiasco: nunca mais se aproximar tanto da noiva. Nunca baixar a guarda.

— Será um prazer me certificar de que tudo vai correr do jeito que você quer para o seu grande dia. — Sheilla se virou. Breno olhou para as duas. E franziu o cenho.

— Está tudo bem? Vocês estão um pouco estranhas. Aconteceu alguma coisa no final de semana que eu deveria saber?

O sangue de Gabriela congelou, mas não disse nada.

Sheilla abriu a boca para falar, mas Breno ergueu a mão.

— Quer saber, o que quer que tenha acontecido, não preciso saber. Melhor. — Ele sorriu para sua noiva com uma expressão tão tomada de amor que o estômago de Gabriela se revirou. — Se contrataram um stripper, se beijou outro homem, tudo faz parte. Desde que esteja pronta para se casar comigo agora, é tudo que importa.

Gabriela sequer olhou para Sheilla, porque não importava o que o seu rosto dizia ou o que ela estava pensando.

Sheilla havia escolhido Breno.

E ela precisava terminar seu trabalho e seguir em frente.

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vontade de pegar Gabriela e guardar num potinho, tadinha 🥹

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:)

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