capítulo 28

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Sheilla se sentou junto à mesa na sala de reuniões da empresa do lado oposto do seu chefe, José Roberto. Ele estava sorrindo de um jeito estranho, que ela não conseguia decifrar. O homem passou muita loção pós-barba, e estava usando uma gravata vermelho cereja que deveria ser ilegal. O que Zé fazia para se divertir? Ela adoraria saber. Não havia nada de errado com ele. O homem não era horrível. Ele não falava por cima dela nem roubava suas ideias no trabalho. No entanto, no último ano, Sheilla se ressentiu só por ele ter pedido para que ela fosse trabalhar todos os dias e fizesse as tarefas que era paga para fazer.

Voltou a pensar em suas conversas com Gabriela e sobre ela ter dito para que não se esquecesse dos seus sonhos. Para ir atrás do que desejava quando tinha oito anos e eram amigas. Na falsa infância das duas. O passado poderia ser falso, mas o presente era bem real. Na verdade, pela primeira vez em muito tempo, Sheilla estava genuinamente feliz em vir ao trabalho para se distrair.

Tinha voltado há um dia, e ela estava evitando as ligações e mensagens de Gabriela. Evitando pensar nela ou processar o que tinha acontecido. Zé estava falando, mas ela não estava ouvindo. Ele realmente achava que aquela gravata era boa? Será que ele se olhou no espelho de manhã e pensou que estava bonito? Olhou para suas mãos. Ele não era casado. Não estava namorando. Ele precisava sair com alguém que pudesse dar uma segunda opinião nas suas roupas. Apesar de que ele não se casar parecia uma escolha boa do seu ponto de vista.

Certamente, ninguém teria que contratar uma madrinha pela qual se sentia atraída. E precisava se certificar de que não transaria com a tal madrinha no banheiro do avião quando estavam voltando para casa.

Sheilla fechou os olhos.

Quando focou novamente em Zé, ele estava sorrindo para ela.

— O que acha? — Sheilla endireitou a postura. Sobre o quê? Merda, precisava retomar o foco na conversa.

— Parece ser ótimo. Pode repassar os pontos principais de novo? — O chefe arecia satisfeito com a sua resposta. Isso era bom.

— É incrível! — Ele se inclinou na cadeira, entrelaçando as mãos na mesa oval que poderia facilmente acomodar oito pessoas. — Está pronta para liderar o projeto? — Sheilla piscou.

Liderar o projeto? Ela realmente precisava ouvi-lo.

— O projeto de gerenciamento de recursos? — Zé franziu o cenho.

— Claro. Tem outro para o qual você está se preparando?

Uau. Ela seria a líder do projeto. Zé a estava promovendo. Talvez pudesse relevar a escolha da gravata dessa vez.

— Não! — ela respondeu. — Isso é ótimo! Quero dizer, incrível, claro, eu adoraria.

— E você está tranquila com a quantidade de viagens que vai envolver? Conferências tarde da noite? Você será a líder, Sheilla. O projeto vai ser inteiramente seu. O peso estará com você.

Sheilla mordiscou a parte interna da bochecha. Esperou sentir a euforia pelo trabalho. Mas não aconteceu nada. Em vez disso, teve a sensação de que estava se afogando. Como se essa não fosse mais a sua vida maravilhosa.

Há dois meses, estaria dançando no seu escritório com a notícia. Estaria maravilhada com a responsabilidade e empolgada com o desafio. Mas agora? Tudo que via era conferências tarde da noite quando deveria estar dormindo. Estresse desnecessário. Mais dedicação a um trabalho que ela nem queria. Além disso, mais viagens de avião sem ninguém para segurar sua mão. Não do mesmo jeito que Gabriela fez.

Era para isso que tudo voltava no fim.

Gabriela.

Zé ainda estava esperando por uma resposta. Sheilla não se importava com ele, mas assentiu.

— Claro. Com certeza. O peso é comigo. — Zé se levantou. Ela se perguntou se ele ia abraçá-la. Ele ia. Ah, Deus. Ele era tão legal. Deixou que ele a abraçasse. A loção pós-barba era realmente muito forte.

Zé Roberto abriu a porta da sala de reuniões e gesticulou para que ela saísse primeiro. Foi cumprimentada com palmas e serpentinas explodiram no ar. Sheilla deu um grito, levando a mão ao coração. Ela odiava surpresas.

Mas o escritório inteiro a estava encarando, então teve que esconder seus sentimentos e sorrir. Demorou alguns momentos, mas ela conseguiu. Não foi fácil. Porque ali, havia um bolo enorme com cobertura branca e velas com a palavra "Parabéns!" escrito em rosa no topo. Alguém tinha colocado uma foto sua com Breno no monitor do computador. A foto que tinham tirado no Ano Novo. Ela estava com os olhos vermelhos por ter bebido demais. Havia uma cadeira coberta com corações vermelhos picotados, e ao lado do bolo havia um cartão. Eram felicitações pelo casamento. Sem dúvida, assinado por todos, talvez até com um vale-presente da John Lewis ou da Selfridges.

Ela mordeu a parte interna da bochecha, sentindo a emoção dentro de si. Quando a sua vida ficou assim? Na mesma semana do seu casamento, também ganhou uma promoção. O problema é que não queria nenhuma das duas coisas.

Sheilla fungou e depois esfregou o rosto com as costas da mão. Suas bochechas estavam molhadas.

Ah, merda. Ela estava chorando no trabalho.

Mas que porcaria era essa?

— Ah, Sheilla, espero que sejam lágrimas de alegria! — Maisy, a chefe do escritório, falou. Sheilla assentiu.

— Claro! — respondeu. — Bolo sempre me faz chorar! — Zé passou um braço pelo seu ombro e o apertou.

— Achamos que esse era o momento perfeito. Você será a líder do nosso próximo grande projeto e vai se casar. É uma época perfeita da sua vida. Achamos que era a hora de um parabéns. — Ele olhou para o resto da equipe, e todos estavam sorrindo. — Uma salva de palmas para Sheilla por ser fantástica!

As palmas eram ensurdecedoras. Sheilla ainda estava chorando.

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oi, gente!!!!
capítulo pequeno, mas só passei para dizer que não abandonei a história 🥹
é que minha vida tá uma loucura e ainda tô na última semana do período na faculdade, então perdoem!
se tudo der certo, amanhã entro de férias e volto a postar normal.

beijinhos, M 🫶🏻

before you say i do - sheibiOnde histórias criam vida. Descubra agora