Capítulo 06

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🖤

CINDERELA

12 de Abril de 2018, Los Angeles, Califórnia 

Eu não sei o que estou fazendo. Parece que tudo está fora do eixo. Depois de passar um bom tempo vagando pelos trilhos de Los Angeles, saí do metrô e vim para o único lugar onde eu sabia que podia soltar tudo: minha raiva, minha vontade de gritar, meu desespero...

Que merda.

Eu odeio o Erick Lasthen!.

Com todas as letras, em maiúsculas, e sublinhadas.

Sério, eu não acredito que ele teve a audácia. Seis meses inteiros... por causa de uma aposta. É isso. Parabéns, Erick, você conseguiu ser o maior idiota que já passou pela minha vida — e olha que a concorrência é pesada, principalmente quando se tem o Dylan na sua vida.

E se ele realmente gostasse de mim?
E se ele não tivesse feito essa droga de aposta?

"Se." A palavra mais inútil do dicionário. Porque, adivinha só, "se" não muda nada. Não dá pra voltar no tempo e dar um belo chute nele na primeira aproximação ou enxergar além daquela cara de "bom moço". Afinal, que tipo de cara insiste em ser amigo da garota que o dispensou porque o irmão dela estava no hospital? Ou pior, sabendo que esse mesmo irmão está disposto a dar um soco nele, e fazer coisas muito piores?

As famosas borboletas no estômago? É, elas só serviram pra me machucar. Um belo lembrete de que sentimentos só complicam a vida.

Sim, eu senti algo por ele. Infelizmente. Mas ele só brincou comigo, pisoteou tudo e saiu ileso.

E é exatamente por isso que eu odeio Erick Lasthen com todas as minhas forças!

Esse sentimento? Vai pro lixo. Vou ignorar até ele desaparecer completamente, porque, se tem uma coisa que eu sei fazer é: fingir que certas pessoas não existem e esquecer que já nutri algum sentimento.

Quem nunca? Quem nunca teve que engolir os próprios sentimentos por causa de um cara que, no fundo, não vale nem o ar que respira? Se você nunca passou por isso, parabéns. Você é a porra de uma privilegiada.

— Ahhh, eu te odeio com todas as forças que eu tenho! — gritei, descontando tudo no power bag com um soco que fez meu braço latejar.

Minha respiração ficou pesada, e, antes que eu pudesse me acalmar, percebi algo estranho. Um fio de areia começou a escorrer do saco.

— O quê? — franzi o cenho, me aproximando. — Que porra é essa? — Como se fosse resolver alguma coisa, toquei a brecha.

Erro de principiante.

Assim que encostei, o rasgo se abriu de vez, derramando areia pelo chão como se fosse uma ampulheta gigante.

— Não, não, não! — tentei pegar a areia com as mãos, como se isso fosse possível. Porque, claro, minha primeira reação foi essa genialidade. — Merda! — bufei, irritada.

Ótimo. É hoje que me expulsam dessa academia.

Mas, ao invés de gritos ou reclamações, o que eu ouvi foram... aplausos?

— E o vencedor... ou melhor, a vencedora do power bag é... — Uma voz soou atrás de mim, e quando me virei, lá estava um homem de smoking segurando um microfone, como se estivesse apresentando um reality show.

— Kethylyn... — murmurei, confusa.

— Parabéns, Kethylyn! Você ganhou o torneio! — ele anunciou, todo empolgado, enquanto me entregava um papel.

Através De Uma ApostaOnde histórias criam vida. Descubra agora