Capítulo 20

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🖤

CINDERELA

22 de Abril de 2018, Los Angeles, Califórnia

— Mas eu não escutei nenhum barulho dela se fechando…

— Nunca te ensinaram a fechar a porta ou a janela? Assim fica mais fácil de alguém entrar. É como se você tivesse colocado uma placa de “Entre, estou vulnerável” — uma voz masculina grave ecoou no silêncio do quarto, como se estivesse no meio de um stand-up.

Eu petrifiquei. Nem um músculo ousou desafiar o momento. Genial.

Agora, o desconforto faz morada, cada sombra do quarto parece querer protagonizar um filme de terror de baixo orçamento, e até a lua decide colaborar, apagando seu brilho amigável. Meu coração, é claro, aproveita para fazer um solo de bateria no silêncio.

A voz masculina continua, cheia de confiança, como se estivesse discursando em um palco imaginário:

— Você realmente acreditou que seria fácil me expulsar da sua vida, Princesinha? Tsc, tsc… Ingênua.

Passos lentos ecoam, mais dramáticos do que um suspense de quinta. E a escuridão? Intensifica-se, só para dar aquele clima. Sinto um arrepio tão teatral que metade dele é provavelmente exagero do meu cérebro.

— Por quê? Por que você faz exatamente o oposto do que eu digo? — perguntei, numa tentativa de parecer firme, embora minha voz tenha soado como um gato bravo.

Ele sai das sombras, revelando sua figura: jeans rasgados, tênis surrados, e um moletom sob uma regata preta. Um look tão "bad boy clichê" que quase merecia um prêmio. Seus olhos, penetrantes, me fitaram com a intensidade de quem pratica isso no espelho.

— Você não disse que era pra eu ficar longe de você. Disse que era para eu ficar longe dos seus irmãos. — ele sorriu, com um brilho nos olhos que misturava desafio e "sou irresistível, aceite."

A tensão no quarto ficou tão densa que dava pra cortar com uma faca. Se eu tivesse uma, claro.

Soltei uma risada nasal, o som universal do desprezo.

— Você é tão burro que nem percebe que eu quero exatamente o mesmo que você. — Rolei os olhos e apontei o indicador para minha têmpora, como se precisasse desenhar.

Ele sorriu, claro, porque caras como ele nunca sabem quando desistir.

— E você é tão perfeita que parece feita de uma pedra preciosa rara… Só que mais irritante. Um mês com você foi suficiente para me enlouquecer. — Ele falou como quem acha que isso é um elogio.

Seus olhos não desviavam, e quando suas mãos geladas pousaram no meu pescoço e cintura, minha mente gritou: "Lá vamos nós."

Por um momento, um miserável segundo, quase acreditei que…

Não. Me recuso. Fechei os olhos, como se isso pudesse pausar o momento.

— Diz de novo… — Não pedi. Eu exigi, enquanto uma lágrima solitária fazia sua dramática descida.

Ele começou com aquele discurso tão açucarado que daria diabetes.

— Você é perfeita… Cada centímetro seu, as partes quebradas que você diz ter, cada fio de cabelo, os cachos perfeitamente bem feitos, o seu mau humor, a sua risada, o seu cheiro delicioso de flores, a cor de seus cabelos, as suas curvas, os seus defeitos que você acredita ter, a sua TEI, tudo… tudo em você é perfeito, Kethylyn… — disse ele, e então os seus lábios pousaram em meu queixo, onde a lágrima tinha parado..

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