Capítulo 13 - A despedida

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Enfim, chegou o dia da despedida. Aquele seria o adeus definitivo. 

Ísis colocou seu vestido preto de manga longa, que Bóris adorava vê-la usando.

Em frente ao espelho de seu quarto, Ísis passava a escova em seu cabelo loiro para desembaraçar, pois havia dias que não o fazia. Ela prendeu o cabelo em um coque. 

Ela fazia tudo com uma certa lentidão. A dor de perder o seu grande amor lhe pesava os ombros.

— Filha, está pronta? - perguntou sua mãe.

Ísis acenou com a cabeça, sem forças nem para falar.

— Então, vamos!

Fátima estendeu a mão para sua filha, que aceitou o gesto e correspondeu, segurando a mão de sua mãe. As duas saíram do quarto.

Todo o trajeto até o cemitério foi em total silêncio. Antônio olhava para Ísis pelo retrovisor do carro a todo momento. Estava preocupado com a sua filha.

Eles chegaram ao cemitério meia hora antes do velório, a pedido de Ísis, que queria passar um tempinho com Bóris. Mesmo sabendo que o caixão seria fechado. 

Segundo os guardas, o rosto de Bóris não estava em condições para que o caixão fosse aberto.

Ao subir as escadas que levava a sala que estava o corpo de Bóris, as lágrimas começaram a sair como enxurradas dos olhos de Ísis.

Chegando na sala, Ísis pediu para entrar sozinha, e seus pais respeitaram o pedido. Esperaram do lado de fora.

Ísis se aproximou do caixão, pousou uma das mãos levemente e foi andando até a parte onde estaria a cabeça de Bóris. E ali, parou.

Se debruçou sobre o caixão e chorou. Dessa vez não foi um choro de desespero, e sim de profunda dor. O coração dela doía demais.

— Ô Bóris, por que você está fazendo isso comigo? Você sabe muito bem que eu não sou capaz de viver sem você. - disse Ísis, secando as lágrimas com um lenço que era do Bóris e tinha até o cheiro dele. — Meu amor, me leva junto com você. A vida aqui pra mim não tem mais sentido. Você era meu Sol, minha fonte de vida.

Ísis ficou ali mais um tempo chorando e conversando com o "corpo de Bóris".

As pessoas começaram a chegar para o enterro. Ao olhar para a porta, Ísis se assusta ao ver Mário entrando. Ele corre para abraçá-la.

— Mário, que bom que você veio. - disse Ísis, chorando.

— Ô Ísis, eu não poderia deixar de vim. Sei que tem alguns anos que não nos vemos, mas quando soube que transferiram meu irmão e o que havia acontecido com Bóris, vim correndo. Vim por você, imaginei como estaria sofrendo. Estou aqui pra o que der e vier, pode contar comigo sempre. Não vou mais embora, fui dispensado do serviço.

O que era uma grande mentira, afinal, ele era um dos chefes do regime. Mas comunicou que ficaria afastado por um tempo para não levantar suspeitas.

— Obrigada, meu amigo. Você sempre comigo nos momentos que mais preciso.

Ísis chorou nos braços de Mário. Ao se desvencilhar do abraço, Ísis viu vários policiais armados chegando para acompanhar o enterro. Todos mal encarados.

Após o sepultamento, todos foram para suas casas.

Ísis foi direto para o seu quarto e decidiu que lá passaria o resto dos seus dias. Ela chorava o tempo todo. Sempre se lembrava do sorriso de Bóris, da forma como ele a olhava e beijava. O jeito como ele a amava.

Tudo, exatamente tudo a fazia lembrar de Bóris.

Sua mãe levou uma bandeja com lanche para Ísis, mas ela não quis.

O Amor que Desafiou o Tempo - Ísis & BórisOnde histórias criam vida. Descubra agora