Capítulo 17 - Fernando

39 4 7
                                    

Três semanas haviam se passado desde que Ísis acordou do coma. Sua recuperação estava indo muito bem, e ela finalmente recebeu alta do hospital. No entanto, havia uma tristeza em seu coração por ter que deixar Miguel na UTI Neonatal, mas sabia que ele estava em boas mãos.

Antes de ir para casa, Ísis foi ver seu filho na UTI.

— Oi, meu amor. Mamãe tá aqui. - disse Ísis com um lindo sorriso no rosto, pegando na mãozinha de Miguel, que segurou de volta. — Filho, mamãe vai ter que ir para casa, mas todos os dias vou vim para ficar com você, tá bem?

Ísis estava chorando, não queria deixar seu pequenino lá.

Ao chegar em casa, Antônio levou Ísis no colo até o seu quarto, que era na parte superior da casa. Ele e Fátima, adaptaram o quarto para que Ísis pudesse ficar lá, sem preocupações.

Deitando-se na cama, Ísis olhou para o lado e viu o berço de Miguel vazio, e seu coração se apertou. Já estava morrendo de saudades de seu filho.

Quando seus pais saíram do quarto, Ísis resolveu descansar um pouco. Ao ajeitar o travesseiro, sentiu um papel embaixo dele e o puxou.

Ísis ficou nervosa quando abriu e reconheceu a letra de Bóris.

O bilhete dizia:

"Ísis, meu amor.

Soube que você teve alta do hospital, por isso só agora entrei em contato. Achei perigoso ficar te mandando bilhetes no hospital. Imagino que esteja triste por ter deixado nosso pequeno Miguel no hospital, mas fique tranquila minha querida, ele está em boas mãos e logo estará com você, e em breve com nós dois. Ainda não podemos nos encontrar pessoalmente, mas estou trabalhando para fazer isso com segurança. No momento, estou em São Paulo, tentando descobrir para onde levaram o Fernando. E assim que descobrir, vou ajudá-lo a sair de lá. Ísis, só mais uma coisa, NÃO CONFIE NO MÁRIO, prometo te contar o porquê. Sei que é pedir demais, mas preciso que confie em mim, meu amor.

Eu amo você, e amo nosso pequeno! E em breve nossa família estará reunida. Beijos B."

Lágrimas rolavam do rosto de Ísis. Sua vontade era sair correndo para encontrar Bóris. Queria tocá-lo, beijá-lo, queria estar novamente em seus braços. Mas sabia que precisaria ter paciência. Só em saber que seu amor estava vivo, isso a enchia de esperança.

Quando ela estava dobrando o bilhete, Mário bateu na porta que já estava aberta.

— Oi Ísis, posso entrar?

— Ah, Mário. Oi, pode sim - Ísis respondeu nervosa, pois estava com o bilhete de Bóris na mão.

— Como está a nossa paciente?

— Estou bem, me recuperando. Obrigada.

— Recebendo bilhetinhos de amor? - perguntou Mário, olhando para o bilhete na mão de Ísis.

— Claro que não, Mário. Que pergunta é essa? É um bilhete de uma amiga minha.

Ísis se mostrou claramente irritada com a pergunta de Mário.

— Desculpe Ísis, só estava brincando.

Eles ficaram conversando por mais alguns minutos. Ísis estava com uma pulga atrás da orelha, pois não sabia o motivo de não poder confiar em Mário.

Ísis disfarçou dizendo que estava cansada e precisando descansar. Mário entendeu e acabou indo embora.

***

Enquanto isso, em São Paulo. Bóris continuava à procura de Fernando.

Bóris sabia que Fernando estava sendo mantido em uma prisão no interior, onde sofria torturas para denunciar seus companheiros. Ele não podia permitir que seu amigo continuasse sofrendo. Após dias de investigação e planejamento, ele conseguiu descobrir a localização exata da prisão.

Com um plano muito bem elaborado em mente, Bóris se infiltrou nos arredores da prisão à noite, ele havia conseguido um uniforme igual dos guardas. Ele se escondeu nas sombras e esperou até que o momento certo chegasse.

Até que Bóris ouviu passos e vozes de guardas. E soube ser o momento certo.

Finalmente, Bóris chegou ao portão de entrada da prisão. Ele sabia que não poderia abrir o portão sem ser detectado, então esperou por um guarda que estava prestes a terminar seu turno. Quando o guarda saiu da área, Bóris avançou silenciosamente e se escondeu atrás de uma pilha de caixotes.

Ele esperou pacientemente enquanto outro guarda se aproximava do portão para assumir o turno. Quando o guarda estava distraído, Bóris aproveitou a oportunidade para abrir o portão lentamente, evitando fazer barulho. Ele estava dentro da prisão.

Agora Bóris precisava ser ainda mais cauteloso. Ele sabia que as celas de Fernando estavam nas profundezas da prisão, e ele começou a explorar os corredores sombrios, evitando olhar nos olhos dos guardas.

Enquanto se movia pelos corredores, Bóris ouviu o som abafado dos gritos de outros prisioneiros. A tortura continuava, e isso o impulsionou ainda mais. Ele estava determinado a encontrar Fernando o mais rápido possível.

Finalmente, Bóris chegou à cela onde Fernando estava preso. As portas estavam trancadas, e os guardas estavam perto. Ele precisava de uma distração. Bóris usou uma pequena ferramenta que tinha escondido em suas roupas para criar um ruído em outra parte da prisão. Os guardas imediatamente correram na direção do barulho, deixando a área das celas desprotegidas.

Bóris aproveitou a oportunidade para abrir a cela de Fernando. Quando viu seu amigo abatido e ferido, seus olhos se encheram de lágrimas. Ele sussurrou:

— Fernando, meu amigo, sou eu, Bóris. Temos que sair daqui.

Fernando estava fraco, mas sua determinação era evidente. Com a ajuda de Bóris, eles se arrastaram pelos corredores vazios, evitando as patrulhas que retornaram após a distração.

Eles finalmente conseguiram escapar da prisão e entraram no carro que Bóris conseguiu emprestado para a fuga.

— Fernando, meu amigo, conseguimos.

— Cara, você é o meu herói! - disse Fernando tentando sorrir.

— Ah, você sabe que sou seu anjo da guarda particular, não é? Você é meu irmão do coração, não poderia te deixar em um momento como esse.

— Obrigado, meu amigo. Somos uma dupla e tanto. - disse Fernando sorrindo.

— Aí vem a parte complicada, meu amigo. Alguém nos traiu, e é doloroso dizer isso, mas foi seu irmão, Mário. Ele esteve envolvido nisso desde o início. Ele mandou me matar e transferiu você para São Paulo.

— Mário? Meu próprio irmão? Isso não pode ser verdade!

— Eu sei que é difícil de acreditar, Fernando, mas eu vi e ouvi seu irmão lá na prisão que estávamos antes. Ele estava ao lado deles o tempo todo. Ah, mas tenho uma ótima notícia para te dar.

— Boas notícias, aí sim. Fala!

— Eu sou papai.

— Oi? Como assim?

— A Ísis, irmão. Quando a gente fugiu, ela já estava grávida e não sabíamos. É uma longa história, vou te contar tudo depois.

Fernando começou a chorar de felicidade. Há tanto tempo que não recebia uma boa notícia.

— Sabe que eu vou ser o padrinho dessa criança, né?

— Claro que vai meu amigo, claro que vai.

E eles seguiram para o esconderijo em silêncio. Bóris pediu que Fernando não falasse mais por causa de suas feridas, precisava descansar.

O Amor que Desafiou o Tempo - Ísis & BórisOnde histórias criam vida. Descubra agora