Capítulo 16 - O Bilhete

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O telefone tocou, Fátima atendeu.

— Alô, dona Fátima? Aqui é do hospital, estamos ligando para informar que sua filha Ísis acordou do coma.

— Ai meu Deus!!! - falou Fátima, pulando de alegria. — Daqui a pouco estamos aí. Obrigada, obrigada!

— O que foi Fátima? Aconteceu alguma coisa? - perguntou Antônio, preocupado.

— Nossa filha, meu bem. Ela acordou. - disse Fátima chorando.

Antônio não disse nada, e saiu correndo.

— Amor, onde você vai?

— Corre Fátima, vamos ver nossa filha. - disse Antônio, correndo pela casa a procura da chave do carro e sua carteira.

Fátima sorriu ao ver a alegria do marido e agradeceu baixinho ao universo por ter escolhido um excelente pai para sua filha, e um marido maravilhoso para ela, claro.

— Eles nem se arrumaram, foram com a roupa que estava no corpo.

Ao chegarem ao hospital, foram logo conduzidos para o quarto de Ísis.

Quando chegaram lá, as enfermeiras estavam saindo, após darem o medicamento dela.

— Oi meu amor. - disse Fátima chorando ao ver os olhos de sua filha novamente.

Antônio também se aproximou de Ísis e lhe deu um beijo na testa.

— Oi princesa. Estávamos morrendo de saudades.

Ísis deu um leve sorriso de lado, ela não conseguia falar, pois haviam acabado de tirar a traqueostomia dela. Ela estava com uma aparência bem abatida, pelos dois meses que ficou em coma. Estava mais magra. Mas havia algo de especial no olhar dela. Ela havia visto o seu amado, e eles não sabiam disso.

Ísis tentou falar algo, mas seus pais pediram para que ela não falasse nada. Ela precisava contar tudo o que aconteceu, mas o jeito seria esperar mesmo. Mas teve uma ideia. Fez o gesto de escrever para sua mãe, que entendeu na hora.

— Vou pegar filha, espera aí.

Enquanto Fátima foi procurar um papel e uma caneta, Antônio chegou para mais perto de sua filha, emocionado por estar vendo sua filha mais uma vez. E começou a contar a ela sobre Miguel, e como ele estava cada dia mais forte.

Quando Fátima voltou com o papel e a caneta, Ísis perguntou: "O que aconteceu comigo? E o Miguel?"

E eles contaram nos mínimos detalhes. Ísis ficou pasma com tudo que havia acontecido naqueles dois meses que se passaram. Ela retornou para o papel e escreveu: "Preciso ver o meu filho". Fátima ao ler, foi imediatamente procurar a médica de Ísis para saber se ela poderia.

— Olha Ísis, vou abrir essa exceção para você, pois imagino que esteja louca para conhecer seu filho, que aliás é muito lindo. - disse a médica sorrindo. — Vou pedir às meninas para te prepararem e levarem para conhecer seu filho.

A equipe de enfermagem entrou no quarto e começaram a preparar Ísis para ser levada à UTI Neonatal. Colocaram-a em uma cadeira de rodas e a levaram, com seus pais a acompanhando.

Como Miguel já estava mais forte, deixaram eles entrarem para pegar na mãozinha dele através da incubadora.

Ao chegar, as enfermeiras ajudaram Ísis a se levantar da cadeira de rodas, para poder ver seu filho de pertinho. Ísis ao ver Miguel pela primeira vez, chorou copiosamente. Ela nunca havia se emocionado tanto. Naquele momento ela soube que Miguel era a coisa mais importante de sua vida.

Com o olhar, Ísis reparava cada detalhe do seu pequenininho, e então ela notou, os olhos de Bóris, e nesse momento ela enfraqueceu e ameaçou desmaiar. As enfermeiras a seguraram.

— Filha, o que houve? - perguntou Fátima.

Ísis fez sinal negativo com a cabeça como se não fosse nada demais.

E as enfermeiras acharam melhor levá-la de volta para o quarto.

Ao chegar lá, Ísis pegou novamente o bloquinho de notas e escreveu para os seus pais: "Eu vi o Bóris, ele está vivo!".

Fátima olhou para Antônio, com um olhar de confusão. Acharam que ela estava confusa por ter ficado tanto tempo desacordada.

Ísis ao perceber os olhares de seus pais, escreveu: "É verdade. Eu sempre o via em meus sonhos, e no último que tive ele me chamou em direção a uma luz, eu o segui e então acordei. Mas quando abri os olhos, ele estava aqui na minha frente. Estava um pouco diferente, mas era ele, eu sei. Ele prometeu voltar pra mim e para o nosso filho, e disse que me amava. Ele está vivo!".

Seus pais leram, mas não acreditaram.

— Filha, é melhor você descansar. - disse Antônio. — Você viveu fortes emoções hoje. Depois conversamos sobre isso, tá bem?

Eles ficaram mais um tempo lá com ela, e depois foram embora. Mas antes de partirem, passaram na sala da médica e contaram o que Ísis havia dito, e a médica explicou que é normal esses tipos de relatos pós-coma, que eles não precisavam se preocupar.

Eles ficaram mais tranquilos e foram embora.

Durante a noite, Ísis não conseguiu dormir. Não parava de pensar em Bóris, e que ele estava vivo. Mas como? Por que seu rosto estava diferente? Por que ele foi embora?

Eram indagações, atrás de indagações. E assim foi, durante toda a noite.

Na manhã seguinte, um enfermeiro entrou no quarto de Ísis e a entregou um bilhete.

Ao abrir, Ísis reconheceu a letra de Bóris. O bilhete dizia:

"Ísis, meu amor. Imagino o susto que deve ter levado ao me ver na sua frente. Mas sim, eu estou vivo. Tive que fugir. É uma longa história, depois vou te contar tudo, mas por enquanto preciso que seja segredo para que você e nosso filho não corram perigo. Ninguém, absolutamente ninguém pode saber que estou vivo e que estou por perto. Darei um jeito de entrar em contato com você, em breve. Eu te amo muito meu amor, e amo nosso pequeno Miguel também. Ele tem os meus olhos, reparou? Beijos, minha querida."

Ao terminar de ler o bilhete, Ísis estava chorando. Não conseguia acreditar que era real, que o amor da sua vida não estava morto.

Agora ela precisava reverter a situação, pois havia contado para os seus pais. Mas isso seria fácil, afinal, pela cara deles, não acreditaram mesmo.

Ela encostou a cabeça no travesseiro, levou o bilhete ao peito e sorriu.

Meu Bóris, está vivo!

O Amor que Desafiou o Tempo - Ísis & BórisOnde histórias criam vida. Descubra agora