Capítulo 1

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Nat

Quando finalmente saí das garras de Dreykov e Ivan Somodorov na Sala Vermelha, fui resgatada pela S.H.I.E.L.D e matriculada na International Fight Academy, uma escola de super heróis 10 vezes menos intensa do que a Sala Vermelha, e 10 vezes mais humana.

Yelena Belova é minha irmã mais nova, minha única família, mas não tinha idade para entrar no Ensino Médio. Então fomos separadas e ela foi para o ensino fundamental. Ela seria o meu único motivo pra me controlar e tentar ser uma adolescente normal enquanto eu estivesse em aula, mas como eu não estava com ela, acabei saindo do controle logo no primeiro dia de aula.

Eu não lembrava seu nome, mas a origem da minha reputação atual foi um garoto alto e meio forte que disse, rindo pra mim:

— Parece que temos alguém interessante por aqui. Será divertido brincar com você garota, a shild tá ficando cada vez mais...

E eu soquei seu nariz antes que ele pudesse terminar a frase.

Tá legal, não foi minha culpa. Eu estava puta pra cacete, sorte a dele que minhas armas foram confiscadas dias antes. Eu atiro melhor quando tô possessa.

Desde então, os outros alunos começaram a ter medo de mim. E todos os professores passaram a tentar me expulsar, porque não sou "heroína o suficiente" para a escola. Mas eu tenho as melhores notas, os melhores resultados nos treinos e os melhores talentos. Já ganhei de alguns magos, e não tenho nenhum poder. Eles não podem me expulsar, eu vou me formar de qualquer jeito.

Mas eu não me importo com nenhum deles. Eu fico com Yelena todos os dias no nosso dormitório e no refeitório, não estou sozinha.

Para falar a verdade, ser temida é bem melhor so que ser adorada. Sem ninguém na minha cola, posso viver minha vida em paz e mostrar diferentes identidades. Por isso eu não tenho inveja nenhuma dos "Vingadores". Só tenho ódio, mas apenas porque eles são uns exibidos que usam sua futura profissão como motivo de auto adoração. Imagina fazer parte disso? Eu já teria me matado.

Enfim, vamos pro presente:

Eu estou no fundo da sala de aula, com as pernas apoiadas em cima da mesa e lendo um livro de física quântica. A matéria era astrofísica, eu já dominava aquilo.

Provavelmente não sabendo disso, a professora deu uma risada debochada enquanto olhava pra mim, fazendo todos olharem pra mim, e disse em tom meio debochado meio ameaçador:

— Já que a senhorita Romanoff sabe de tudo, você poderia me responder como se forma uma estrela e qual sua tonalidade quando está jovem?

— O campo de gravidade faz um determinado gás se contrair e esquentar – digo em tom de tédio sem tirar os olhos do livro e sinto seu olhar de riso vacilar. – Esse gás se torna hélio e essa reação faz a estrela brilhar. Uma estrela jovem é azul.

Levantei o olhar de leve para ver a reação da turma: a professora estava mais vermelha que um tomate e expressava clara raiva, alguns alunos olhavam pra mim com um meio medo e meia admiração, outros pareciam indiferentes ou acostumados e um outro aluno, o mais burro da classe, começou a rir e disse:

— Eu não sei como você é uma assassina temida, se é tão nerd assim.

Quando eu lancei meu olhar de "Você quer morrer" ele parou de sorrir imediatamente e se virou para frente. Vi alguns alunos com um medo igual, mesmo que a ameaça não tivesse sido para eles.

Mas uma outra reação me chamou mais atenção: a de Wanda Maximoff, uma das integrantes dos Vingadores e a mais foda na minha opinião. Ela apenas olhou pra mim com uma admiração que quase formava um sorriso quando eu respondi a pergunta da professora. E quando eu lancei meu olhar ameaçador, ela pareceu se segurar pra não sorrir. 

Eu tentei ignorar, mas não consegui mais ler até o final da aula. Por isso, caí no sono com a cabeça em cima dos braços sobre a mesa e só acordei ao ouvir o sinal. Eu nem tirei o material da mochila, porque sabia que iria ser só mais uma matéria inútil com uma professora insuportável, então apenas botei a mochila nas costas e fui até a saída, mas fui barrada pela professora antes.

— Romanoff, precisamos conversar.

Revirei os olhos e esperei pelo resto dos alunos saírem para que ela pudesse falar. Não estava com raiva, estava com tédio. Aquela filha da puta iria me fazer perder 10% do intervalo do almoço, a única hora do dia que eu consigo ficar perto de Yelena antes de irmos dormir. Tá legal, estava com um pouco de raiva sim.

— Pode falar, professora.

— Pode falar, Madame Pill.

— Meu nome não é Madame Pill, professora, e eu não tenho nada a dizer.

Eu não sou muito boa com as piadas, acho, mas adoro irritar os professores, nisso eu sou muito boa. Não irritar professores, irritar pessoas.

— Brincadeirinha – disse, sorrindo, enquanto ela olhava furiosa pra mim. – Pode falar, Madame Pill.

— Isso mesmo – dei risada e revirei os olhos, mas ela ignorou e continuou falando:

— Você não é madura o suficiente para ser heroína, Romanoff.

— Bem, ainda estou no primeiro ano. Ninguém é.

— Escute, não é porque você teve um passado ruim que pode descontar nas outras pessoas.

Tá bom, isso me irritou de verdade, e até me deixou triste. São raros os momentos que as pessoas conseguem me afetar, mas isso pode acontecer.

— Como é, Madame Pill?

— Eu sei sobre a Sala Vermelha. Não é porque você teve sua infância destruída, que pode se orgulhar de ser temida por todos e demonstrar o desrespeito mais descarado por todos os professores.

— Eu tiro notas boas, e tentei me esforçar durante as aulas no começo. Quando vi que ninguém via meu potencial pra ser heroína, eu desisti e parei de participar, mas continuo tendo as melhores notas. Vocês nunca tiveram respeito algum por mim, ou pensam que eu não ouço alguns de vocês debochando do meu sotaque, Suka?

O que disse?!

— Suka.

— Eu não sei o que isso significa, mas vindo de você, é obviamente um insulto. Vai para a detenção, Romanoff, vai perder a festa de halloween.

— Nossa, isso é tão ruim – digo em tom debochado. – Como você pôde tirar a festa de halloween de mim?

— Saia logo daqui.

Rindo, saí da sala e fui quase correndo para o refeitório. Yelena estava sentada ao lado de Kate Bishop, sua melhor amiga, numa mesa redonda.

a espiã e a vingadora- wantasha Onde histórias criam vida. Descubra agora