capítulo 2

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Nat

— Nat! – Yelena disse me abraçando quando eu cheguei.

— Oi, Lena. E aí, Kate?

— E aí, Natasha?

Elas têm 12 anos e estão no sexto ano. Eu não me considero amiga delas, me considero babá. Mesmo assim, a Kate gosta de fingir que somos parceiras também. Acho fofo, então nunca digo nada.

— O que você fez dessa vez?

— Yelena, nem sempre eu me atraso porque fiz alguma merda. Mas dessa vez foi por isso sim – acrescentei ao ver seu olhar e ela sorriu. – O de sempre, foi a professora de física.

— Ahh – disseram as duas ao mesmo tempo e eu dei risada.

O barulho de uma bandeja caindo invadiu o refeitório e todos olharam para uns 10 metros de onde estávamos: dois brutamontes, um que se auto entitula de "Mysterio" e o outro de "Thanos", e um garoto baixinho que obviamente estava sendo humilhado por eles. Sua bandeja de comida estava no chão e a comida espalhada em seus tênis.

— Já volto – eu disse me levantando. Kate me olhou com um meio sorriso e Yelena com um riso de empolgação.

Quando cheguei atrás dos brutamontes, o garoto me olhou com um pânico no olhar, fazendo os dois olharem pra mim. Thanos, um tipo de alien alto e musculoso, soltou a gola da camisa de Peter e disse, com pânico na voz:

— Romanoff! Não estamos fazendo nada, só estamos brincando.

— É! Estamos brincando – disse Mysterio, abraçando Peter de lado.

Eu revirei os olhos e puxei Peter para longe deles com uma das mãos. Sem ver direito a reação dos dois, me virei e levei Peter até minha mesa.

— Não faz nada comigo, por favor! – ele disse quando chegamos. Ele parecia claramente constrangido de estar agindo assim na frente das garotas.

— Eu não sou uma filha da puta, Parker – eu respondi batendo de leve em suas costas. – Fica tranquilo, agora eles não vão mais mexer com você.

— Ãhn. Valeu, eu acho.

Peter Parker, o conhecido "Homem Aranha". Um garoto nerd do nono ano que ainda não é muito bom em controlar os poderes, pelo menos não fora das aulas.

— Tá tudo bem achar que sou uma filha da puta – eu disse cortando a carne do meu prato. – Eu não sei se você é vegano, mas se quiser o meu prato, fique à vontade.

Eu empurrei minha bandeja pra ele, que olhou inseguro pra mim e disse, ainda com pânico na voz:

— Mas aí você vai ficar sem comer.

— Aí eu como em dobro na janta. Hoje não tem treino, não preciso de energia extra.

Ele sorriu e começou a comer.

Queria perguntar há quanto tempo Mysterio e Thanos estavam fazendo aquilo com ele, mas senti que precisava de mais algum tempo de amizade. Bem, não sei se eu poderia ser sua amiga ou sua babá, porque ele é mais velho que a Kate e a Yelena.

Quando todos acabaram de comer, fomos para o pátio, um espaço aberto que sempre ficava vazio durante o horário de almoço. Para a nossa (falta de) sorte, os Vingadores estavam lá, conversando e rindo.

Tony Stark, o herdeiro babaca, estava em pé contando alguma história pra eles usando mímica. Steve Rogers, seu melhor amigo e o mais irritantemente padrão, estava ao seu lado, rindo. Bruce Benner, nerd esquisitão, estava sentado no chão de pernas cruzadas, parecendo não entender muito o que estava acontecendo, mas ainda rindo. Clint Barton, o arqueiro maneiro, estava ao seu lado, rindo horrores. Thor Odinson, o mais gato na minha opinião, estava sentado do outro lado de Bruce, também rindo. E por último, Wanda Maximoff estava em pé ao lado de Tony, parecendo achar todos uns grandes imbecis. Se eu conhecia Tony, era uma história com conotação obviamente sexual.

Por um segundo, nossos olhares se encontraram e eu lembrei de sua reação durante a aula de física. A aluna nerd, que senta sempre na frente e responde todas as perguntas corretamente, olhando descaradamente para uma aluna do fundão com uma óbvia admiração no rosto. Aquilo ainda não saíra da minha cabeça, e foi o que me fez desviar o olhar.

— Os Vingadores! – disse Peter, como um garoto de oito anos animado porque estava vendo seu desenho favorito na TV. – Nunca os vi tão de perto... Por que o Tony anda de armadura?

— Porque é um idiota – disse Yelena, e eu bati um High-Five com ela enquanto sorria, orgulhosa.

— Não fale assim dele! – Peter repreendeu, olhando feio para ela. – Ele é um gênio!

— A Nat tem as notas melhores que as dele – disse Kate. – Então você é amigo de uma gênia maior ainda.

— Ãhn, é, pode ser.

Ele ficou vermelho e as meninas se olharam sorrindo.

Encontramos um lugar afastado do grupo de imbecis e começamos a conversar sobre coisas legais.

Depois de alguns minutos, uma garota loira de cabelo curto se aproximou de nós e disse, com uma voz extremamente tranquila:

— Foi muito legal o que fez por Peter hoje, Romanoff.

Carol Danvers. Não era aluna comportada, mas não era delinquente. Bem, ela era eu sem ser temida. Na verdade era um pouco sim, mas não tanto quanto eu. Ela não fez tanta merda, mas é mais poderosa que eu.

— Qualquer um teria feito, Danvers.

— Mas só você fez.

Ela olhou para os Vingadores e voltou o olhar para nós.

— O Stark é um idiota, não é?

— Esse aqui é fã – disse Yelena, e Peter ficou vermelho enquanto olhava furioso pra ela.

— E quem disse que ele também não é idiota, garotas? – disse Carol, sorrindo.

Todas rimos e ele logo acompanhou a risada.

Carol sentou conosco e continuamos a conversar.

Eu dobrei meu ciclo de amizades em menos de uma hora. Beleza, nada demais. Eu podia conviver com mais pessoas do que o normal, e seria bom ter mais alguém com quem conversar durante as aulas, não seria?

Espero que sim.

a espiã e a vingadora- wantasha Onde histórias criam vida. Descubra agora