capítulo 30

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Wanda

— Sobre o que vocês conversaram? – Eu perguntei baixinho só pra ela ouvir quando Nat se sentou ao meu lado.

Ela me olhou de um jeito estranho e disse:

— Sobre a Sala Vermelha.

— Ah, é? Quer desabafar? Podemos ir lá pro banheiro, ninguém precisa ouvir.

— Não, estou bem.

Mas Natasha não parecia bem, e eu não iria desistir tão facilmente. Mas acho que insistir na frente de todos não iria funcionar, eu teria que esperar algumas horas pra fazê-la falar. Mas talvez, se fosse algo sério, ela poderia ficar muito mal logo antes da missão. O que eu iria fazer?

— Crianças, a primeira parada vai ser em uma hora – disse Sam pelo microfone, e eu suspirei aliviada.

É claro! A parada iria com certeza nos dar um tempo a sós.

Na última hora antes da parada, ela parecia tentar agir descontraída como antes, mas não estava mais me abraçando de lado e parecia um pouco distante, como se estivesse pensando em alguma coisa.

Quando finalmente chegamos, eu segurei sua mão para impedi-la de sair e esperei todos saírem para começar a falar:

— Nat, o que tá acontecendo? Ainda não confia em mim o suficiente pra me contar tudo?

Ela deu um suspiro profundo.

— Eu já te disse – respondeu, parecendo impaciente. – A Sala Vermelha.

— Ah, é? Eu não acredito. Se fosse a Sala Vermelha, eu iria reconhecer sua expressão como tristeza e você iria me afastar dos meninos antes de...

— De quê? De você tentar me proteger, como se eu fosse uma criança?

— Quê? Não! Antes de contar tudo pra mim, porque você confia em mim. Não confia? – Acrescentei, insegura, ao ver seu olhar. Ela desviou o olhar e não respondeu. – Ai, deus, você não confia!

— Tá legal, Wanda, quer saber? Não confio mesmo! Eu achava que confiava, ou que estava quase confiando... Mas eu não confio, tá bom? Fury me contou o motivo de estarmos juntas nessa missão, o motivo pelo o qual você tentou me acalmar em todas as crises!

Que merda, Fury.

— Ele... o quê?

— É, é isso mesmo! Eu não preciso da sua proteção, e nem de você!

Ela tentou se levantar, mas eu segurei seu braço e disse:

— Natasha, você não sabe do que tá falando.

— Ah, não sei? Não sei mesmo? Por que eu deveria confiar em você?

— Porque eu me apaixonei por você desde o momento que te vi pela primeira vez! Estava tentando arranjar uma desculpa pra falar com você desde o começo do ano! E eu tentei fazer o melhor possível pra te ajudar durante a missão!

— Porque o Fury mandou.

— Não! Quero dizer, ele me disse algumas vezes pra te seguir e... Ah, deixa pra lá. Olha, eu tentei te ajudar, porque eu não gosto de te ver triste. E porque eu te am... eu gosto de você!

Natasha percebeu minha hesitação. Mas em vez de ficar mais irritada, ela relaxou a postura, ficou menos séria e pareceu se sentir culpada.

— Ah, merda. Eu também gosto de você. Me desculpa.

— Pelo o quê?

Ela respirou fundo e, me olhando nos olhos, respondeu:

— Quando Fury me disse que mandou você pra me proteger, eu me senti impotente. Senti que ele me via como uma criança desprotegida, e detesto me sentir assim. Foi o que... O Dreykov disse quando me recrutou, aos 11 anos. Eu acabei pensando que você me via assim também.

Eu suspirei e, num tom extremamente sério, disse:

— Natasha, você é a pessoa mais foda que eu conheço. Você é a mais inteligente, talentosa, ágil, forte, habilidosa e bonita do mundo inteiro. Todos temos um lado frágil, e conhecer o seu... Foi estranho, mas eu vou sempre estar aqui por você. Isso não te faz desprotegida e nem impotente. Te faz amada, porque você é a mulher que eu mais amo no mundo.

— Para, assim você me faz chorar – ela estava sorrindo que nem idiota, mas parecia não querer fazer isso. – Wanda, sinto que eu não faço o mesmo por você.

— Me ajudar? Você ficou horas comigo na enfermaria, tentando fazer eu me distrair. Eu nem senti que eu estava fraca.

— Não foi nada demais. Eu quis dizer... você não tem nenhum trauma? Algo que te faz se sentir pequena, frágil?

Ela parecia sentir inveja, mas a resposta era um lindo e claro "sim".

— Eu tenho, mas eu não revivi nenhum deles. E acho que não vou reviver, já tenho meus poderes.

Ela arregalou os olhos, mas antes que pudesse questionar a origem dos meus poderes, ouvimos a porta do avião abrir e os meninos entraram.

a espiã e a vingadora- wantasha Onde histórias criam vida. Descubra agora