capítulo 8

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Wanda

Eu fiquei o dia todo no sábado tentando encontrar uma forma de me aproximar da Natasha sem parecer suspeita. Contando com a minha atual capacidade de agir normalmente perto dela, das duas uma: ou ela iria descobrir o plano de Fury e eu provavelmente seria demitida, ou ela iria descobrir que eu gostava dela, e aí temos outras duas possibilidades: ou ela acha okay e só tenta ignorar, ou ela me acha muito estranha e começa a se afastar de verdade. De qualquer forma, eu iria tomar bem no meio do meu cu.

Depois de horas dentro do meu quarto andando de um lado para o outro, tentando fazer outras coisas pra não pensar na Natasha (como ouvir música no rádio ou assistir filmes em DVD), eu finalmente saí e decidi ir para o lugar onde qualquer vingador vai pra se distrair.

Pra minha surpresa, o Clint já tava lá, e com a Natasha.

- Natasha? O que você tá fazendo aqui?

Ela se virou pra mim e, quase sem mudar sua expressão de tédio, disse:

- O Clint me trouxe pra cá.

- Tá tudo bem, Wanda - ele disse, também tranquilo. - Ela é de boas.

- Tudo bem, eu só fiquei surpresa...

Sem saber muito o que fazer, sentei do outro lado de Clint e tentei ignorar o silêncio constrangedor que ficou depois.

Já estava de noite, e eles obviamente estavam fugindo da festa de Halloween. Eu até iria, mas não estava com cabeça pra isso no momento.

- Por que vocês estão juntos? - eu perguntei sem tirar os olhos do lago.

- Estávamos na detenção - disse Clint, parecendo querer dizer alguma coisa pra mim. Isso porque ele mexeu os dedos com o nosso código de "Entenda o que estou querendo dizer". - Mas fomos liberados mais cedo, então decidi trazer ela pra cá.

Clint Barton na detenção? Isso tinha dedo do Fury. Será que ele contou o plano pra todos os outros?

- A escola emprestou esse lugar pra vocês? - Natasha perguntou, também olhando para o lago.

- Na verdade é pra todos os membros do grêmio - respondeu Clint. - O Tony que comprou pra gente há uns anos atrás.

- Pode falar que é só pros Vingadores, Barton.

Eu e ele nos olhamos, surpresos com a capacidade de detectar mentiras de Natasha, e ele cedeu:

- Tudo bem, eu só disse isso pra não dar outro motivo pra você recusar meu convite pra amanhã.

- Acho que eu iria recusar de qualquer jeito.

- A noite de jogos? - ela assentiu e eu sorri olhando pra ela. - Seria muito legal se você fosse.

- Olha, vocês estão querendo alguma coisa - ela disse, de repente ficando séria e se levantando. - Estão me tratando de forma estranha desde o absoluto nada por nenhum motivo. Eu não sei que porra tá acontecendo, mas me deixem fora disso.

Ela saiu de perto e foi para dentro da escola.

Eu e Clint nos olhamos com um olhar de "Puta merda, agora fodeu".

- O Fury te falou sobre o plano, né? - eu perguntei, tomando o cuidado de olhar para a porta pra ver se Nat tinha mesmo saído.

- Sim. Mas ela é maneira, eu queria fazer amizade já há um tempo, só aproveitei a oportunidade.

- O que ele vai falar agora?

- Não sei, acho que fomos agressivos demais. Erro meu, eu sou treinado pra ser um fantasma, não sei por que fiz essa merda... O que vamos fazer agora?

- Não faço ideia. De qualquer jeito vou passar um tempo sozinha com ela, e não sei como vai ser.

Ele me olhou de um jeito estranho, e eu percebi que minha voz mudou um pouco quando eu disse isso.

Nós dois fomos embora, cada um para o seu dormitório, e eu comecei a refletir sobre como seria ficar dias sozinha com Nat.

Mas uma ideia surgiu na minha mente: eu poderia mesmo impressiona-la com meus poderes, e aí eu não precisaria ficar falando. Isso me acalmou por um tempo e me fez parar de pensar nisso durante dias até terça feira, quando recebemos a data da missão: algumas horas depois. 

Estávamos saindo da sala de Fury e, por incrível que pareça, ela puxou assunto:

- Você sabe alguma coisa sobre esse Rei do Crime?

- Não faço ideia de quem seja.

Ela riu, acho que parecendo me achar fofa. Ou estou sendo iludida demais.

- Bem, ele não é flor que se cheire. Você é mais poderosa que eu, terá que se concentrar e vencê-lo você mesma. Eu cuido dos capangas. Acho que eu posso lidar com ele também, mas aí não sobraria diversão pra você, e acho seus poderes bem legais.

Pare de sorrir, Maximoff.

- Ãhn, valeu. Eu fico com ele, então.

- Sabe, ainda quero saber o motivo de você e o Barton quererem se aproximar do nada.

A mudança repentina de assunto me fez me sobressaltar de leve e eu olhei pra ela.

- É uma gracinha quando você tenta disfarçar que está surpresa, Wanda.

- Eu não sei ele, mas eu te acho legal. E como vamos passar dias juntas, eu achei que deveríamos começar algo antes. Pra confiarmos umas nas outras.

Ela me olhou como se me analisasse e respondeu:

- Tá bem, eu acredito. Mas só pra você saber: eu não confio fácil.

a espiã e a vingadora- wantasha Onde histórias criam vida. Descubra agora