Wanda
Sentindo meu corpo inteiro tremer, me levantei e fui até a sala de Dreykov.
Era um tipo de escritório, e estava muito mal iluminado. Sem esperar nenhuma ordem, me sentei na cadeira em frente à escrivaninha, mas Dreykov agarrou meu ombro e disse em russo:
— Levante-se, ainda não cheguei no momento de perguntas.
O obedeci, calada, e fiquei de frente para ele. Tentei não desviar o olhar e me perguntei como Natasha fazia isso. Quase me distrai imaginando ela na Sala Vermelha, enfrentando aquele velho pedófilo com cara de mané, mas me contive e continuei com a expressão firme.
Ele começou a me analisar de cima a baixo e eu senti um frio na espinha, mas continuei firme na posição.
— É, tem um corpo musculoso, é forte. Tem cara de... sokoviana. É, veio de Sokovia, estou certo?
Assenti.
— Ótimo, ótimo... Sei que disse que não é hora de perguntas, mas qual o seu nome?
— Wanda Maximoff.
— Bem, mostre para que veio, senhorita Maximoff.
Eu me afastei dois passos para trás e mostrei a energia vermelha saindo das minhas mãos.
— Ah, interessante... O que pode fazer com isso, querida? Teste naquilo ali.
Ele apontou para o seu lado direito/meu lado esquerdo, onde tinha um boneco de plástico para testes. Pelos pedaços destruídos no chão perto dele, Thor havia destruído o primeiro.
Eu assenti e, ainda olhando para Dreykov, estalei os dedos e o boneco explodiu em mil pedaços. Aquele velho arrombado se assustou com o som e olhou admirado para o boneco e depois para mim. Dei um sorriso convencido e ele disse:
— Uau, muito bem. Agora, vamos testar mais uma coisa. Fique aqui.
Dreykov saiu da sala e voltou alguns segundos depois com Natasha, que olhava para mim como se dissesse "Fique tranquila, vou ficar bem". Engoli em seco e esperei por sua ordem enquanto Natasha se posicionava em minha frente.
Ficamos nos encarando por alguns segundos até Dreykov se aproximar, parecendo animado, e dizer:
— Wanda, esta é Natasha. Ela cresceu aqui na Sala Vermelha. Dei tudo de bom à ela: casa, comida, amor... Mas acima de tudo, a treinei para ser a assassina que ela é.
Percebi o desconforto sombrear no rosto de Natasha, mas ela se manteve séria e olhando para mim.
— Ela era uma criança quando começou, é claro. Errou muitas vezes, era muito frágil quando eu a resgatei das ruas, como qualquer outra criança minha.
Seu rosto ficou sério demais, quase irritado. Mas Dreykov não pareceu perceber.
— Mas acontece, que ela não é uma criança qualquer. Tem um talento ridículo de excepcional, sempre teve. Mas com um grande talento, vem uma grande capacidade de se convencer ser melhor do que realmente é.
"Ela fugiu. Deixou para trás sua família, as pessoas que fizeram de tudo para ela. Deixou para trás..."
— Ande logo com isso – disse Natasha, normalmente, em russo. Eu quase sorri com sua força, mas me contive.
— Está bem, está bem... Bem, eu amo Natasha. Mas ela também precisa ser... punida. E acredito que você, Wanda, é a melhor opção para isso.
Não consegui conter meus olhos arregalados quando ele disse isso, mas recuperei a postura rapidamente e olhei confusa para ele.
— Pois é, Wanda, agora você vai precisar usar seus poderes contra uma pessoa real. E essa pessoa vai tentar te nocautear. Podem começar.
Natasha ainda estava séria, mas eu consegui perceber o desespero em seus olhos. Ela começou a piscar, e eu percebi na hora o código morse: faça.
Sem aviso, ela avançou em mim, agarrou meu braço e me derrubou em poucos segundos.
Dreykov nos afastou, parecendo impaciente, e disse:
— Tudo bem, querida, deve estar confusa ainda... Olhe, preciso que lute com Natasha e não a deixe te nocautear, tudo bem?
Eu assenti e olhei novamente para Natasha, que piscou outra vez. Faça.
Dreykov sinalizou para começarmos outra vez. Natasha tentou avançar, mas eu a prendi com meus poderes. Não queria ferir minha namorada, então não fiz nada além disso. Logo, ela se desvencilhou e fez o mesmo, me derrubando com menos força no chão.
Ainda mais impaciente, Dreykov nos afastou, empurrou Natasha para trás e me forçou a levantar com os dois braços.
— Maximoff, apenas faça. Sei que Natasha tem essa pose de durona e que isso assusta, mas ela não tem poderes. Você tem. Se não conseguir derruba-la, não vai passar no teste para a Sala Vermelha.
— E aí ele vai... – Natasha disse e fez um gesto de corte no pescoço. Eu arregalei os olhos. – É, então ande logo com isso. Não vou perder meu tempo com perdedoras, Dreykov.
— Quieta, Romanoff.
Ele sinalizou para começarmos outra vez.
Ela avançou pela terceira vez, mas eu a prendi com meus poderes de novo. E dessa vez, usei os poderes para derruba-la para trás. Natasha tentou avançar novamente e desviou do primeiro golpe, mas não do segundo.
Natasha estava mais agressiva do que o normal, mas parecia ser apenas atuação. De qualquer forma, no terceiro avanço eu quase não dei conta, mas consegui mesmo assim.
Por fim, no quarto avanço, eu a prendi com meus poderes e a joguei na parede. Ela estava me deixando ganhar, obviamente, mas não deixei de me sentir culpada.
Dreykov sorriu, olhando para nós, mas isso não durou tanto tempo: Tony entrou na sala de súbito e atirou em Dreykov com alguma coisa que saiu de sua armadura. O velho desmaiou e ele se virou para mim, sem parecer ver Natasha logo ao lado dele.
— Wanda, estamos indo. Pegue a Natasha e vamos embora. Aliás, cadê ela?
Eu sinalizei para ele ir embora e ele fez isso, mesmo olhando com medo para mim.
Corri até Natasha. Ela estava sentada no chão, com uma careta de dor enquanto massageava a parte de trás da cabeça.
— Nat! – eu disse me ajoelhando ao seu lado. – Porra, não devia ter me deixado ganhar...
— O quê?
Ela olhou confusa para mim, mas logo mudou de expressão e disse:
— Ah, é. Deixei você ganhar, de nada.
Eu sorri.
— Vem logo, Nat. Estamos indo.
— Posso matar Dreykov antes?
— Não. Agora vem.
— Mas... ele tá tão indefeso...
— Depois você mata ele, vem logo.
Ela revirou os olhos, como uma adolescente que quer sair para uma festa e a mãe não deixa, e eu a ajudei a se levantar.
— Pode matar ele – eu disse, sorrindo –, quando me vencer em uma luta.
— Filha da...
— Vocês duas vão vir ou não?!
Nos viramos para Tony e saímos da sala.
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a espiã e a vingadora- wantasha
FanfictionNatasha Romanoff é a mais nova aluna soviética da escola de preparação para Super Heróis (International Fight Academy), um lugar que treina magos, aliens e até agentes super secretos com passados sombrios, exatamente como ela. Porém, ela acabou não...