Aproximação

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Boa noite, amadas leitoras! Demorei, mas cheguei hein! Eu escrevi esse com um carinho especial, tá começando... espero que apreciem :)


Luiza POV


Dias atuais...


Dizem que a mesma dor, sentida duas vezes, se torna pior na segunda.

Quando Lucas faleceu, eu entendi meu pesadelo. Eu me encontrei no meu próprio limbo e cheguei a pensar que fosse sucumbir na dor daquela perda. Pensei que nada mais fizesse sentido nessa vida, se fosse pra viver sem ele. Eu queria ir junto dele, pelo simples fato de achar que, sem ele, eu não conseguiria.

Agora, olhando para a sua prima, ali deitada, imóvel e tão sem vida, estou revivendo a mesma dor e é ainda pior.

Valentina foi a segunda pessoa a me surpreender. E, assim como citei acima, uma surpresa boa, sentida duas vezes, também melhora quando repetida. Ela, um pouco diferente do primo, me atravessou, entrou sem pedir licença e, quando dei por mim, já não conseguia evitar sentir tudo o que estava sentindo. Num primeiro momento eu pirei, achei que fosse errado querer tanto alguém depois dele. E o pior, querer mais, porque, lá no fundo, eu sabia, eu sentia que era mais, bem mais...




Novembro de 2022


Quando eu estudava, o professor de literatura passou para a turma o romance mais famoso de todos: Romeu e Julieta. Uma história de amor muito linda, por mais que tenha um fim tão trágico. Mas, no meio de todo o romance, uma passagem específica muito me chamou atenção. Ela dizia "estas alegrias violentas, têm fins violentos falecendo no triunfo, como fogo e pólvora que num beijo se consomem." Talvez a Luiza adolescente não tenha compreendido, naquele momento, o que estas palavras querem dizer. Talvez nem a Luiza de algumas semanas atrás fosse capaz de entender o real significado. Mas hoje, agarrada à blusa que Lucas usou na última noite em que estivemos juntos, ainda com seu perfume tão característico, hoje eu compreendo a citação de Shakespeare.

Lucas me fez tão feliz como eu sequer havia pensado que pudesse ser ao lado de alguém. Eu sempre achei que a gente se bastava para ser feliz e pronto, que essas coisas de amor eram exagero das pessoas, uma desculpa que usavam como licença pra serem bregas e clichês. Mas eu estava enganada. É muito possível ser plenamente feliz ao lado de outra pessoa. Claro, eu ainda acho que a gente se basta para ser feliz, mas é muito bom quando encontramos alguém para somar e dividir essa felicidade. Lucas foi a minha pessoa certa. O companheiro perfeito, compassivo, paciente, bem humorado, educado, um perfeito cavalheiro.

Hoje eu entendo as palavras de Shakespeare. Fui tão feliz que não cogitei a possibilidade de uma queda. Eu tive estas tais alegrias violentas e, agora, provo o sabor amargo e doloroso do fim violento, pois, assim como uma criança é capaz de explodir de alegria ao ganhar um doce, esta explosão pode vir em forma de choro quando este mesmo doce lhe é tirado. É ter demais e não saber mais como é não ter.

Será que existe uma dose certa para sentir a alegria e não sofrer tanto quando chegar a tristeza?



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Uma semana depois...


Fazer terapia não é novidade para mim, como dizem por aí "a terapia tá em dia". O que mudou, é que eu pedi à minha terapeuta para fazer duas sessões extras essa semana. Os pesadelos aumentaram e eu já não sei definir quando estou acordada ou apenas dormindo, acho que me perdi entre o que é real e o meu subconsciente.

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