Confronto

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Boa madrugada, minha amadas leitoras! Primeiro, quero muito me desculpar pela demora toda, minha semana foi meio complicada, mas eu sobrevivi à ela hehe. Segundo, quero pedir desculpas também pelo tamanho do capítulo, ficou bem curtinho, bem diferente do habitual, mas eu tenho quase certeza que vocês irão adorar o próximo :) Enfim, sem mais delongas, eu espero que vocês apreciem... :)



Valentina POV


Existem esses momentos da vida em que estamos tão felizes e que achamos que nada, no mundo, possa estragar essa alegria toda. Sei que existe algum autor famoso, do qual não me recordo agora o nome, que fala exatamente sobre essa alegria extrema e a tristeza que nos assola depois de tamanha bonança. O que me leva a um ditado bem popular: "depois da tempestade, vem a bonança". Eu sei, é o contrário do que citei acima, mas foi exatamente o contrário do ditado, o que me ocorreu. Eu estava andando nas nuvens desde que me despedi de Luiza há poucos minutos, com beijos calorosos e uma promessa de sairmos amanhã. Fazia muito tempo que eu não me sentia como uma adolescente apaixonada. Eu estava vivendo e sentindo a minha bonança, mas não contava com a tempestade que encontraria quando entrasse em casa.


– Tava trabalhando até agora, Valentina? – Catarina me surpreende na penumbra da nossa sala de estar.

– Que susto, mãe! – levo a mão ao peito tentando controlar meus batimentos.

– Pra ter se assustado desse jeito, é porque tem culpa no cartório. – ela liga o abajur na mesa do apoio ao lado do sofá, me permitindo enxergá-la.

– Claro que eu me assustei, você fica aí igual um fantasma.

– Olha como você fala comigo, eu sou sua mãe. – levanta e caminha em minha direção. – Não vai me responder onde estava até essa hora?

– Primeiro, passa pouco da meia noite. – pontuo levantando o dedo indicador. – Segundo, eu já sou bem crescidinha para ter que ficar dando satisfação da onde vou e que horas volto, a senhora não acha?

– Você estava com ela. – semicerra os olhos, me encarando de nariz empinado.

– Não importa aonde eu estava e, muito menos, com quem.

– Você estava com ela! – repete mais alto. – Você vai mesmo fazer isso?!

– Isso o quê, mãe?! – rebato no mesmo tom.

– Essa pouca vergonha com aquela moça...

– Ela tem nome, e não tem nada vergonhoso acontecendo entre nós! A gente...

– Posso saber por que raios vocês duas estão gritando assim, a essa hora? – meu pai surge na sala interrompendo a discussão calorosa. – Os vizinhos vão já reclamar da gente, e com toda razão.

– Desculpa, pai. – peço cabisbaixa.

– Sua filha estava na rua até agora com aquela lá.

– A Valentina não é mais uma adolescente, Catarina, pelo amor de Deus! – ele se irrita e ela recua. – Para de implicar com isso!

– Mas é errado! – ela insiste.

– Por que é errado, Catarina? Eu não vejo problema algum!

– Claro que você não vê problema, você sempre passou a mão na cabeça dela! – o tom entre os dois começava a inflamar novamente.

– Chega! – gritei e os dois pararam de falar e me olharam. – Eu tô bem cansada, trabalhei bastante hoje, eu vou deitar.

– A conversa não acabou! – minha mãe insistia.

– A conversa acabou! – meu pai e eu esbravejamos ao mesmo tempo.

– Vai, deitar, meu amor, descansa. – ele me abraçou e beijou minha testa. – Amanhã quero saber o que rolou com vocês. – sussurra em meu ouvido e eu sorrio discretamente em resposta. – Boa noite, filha.

– Boa noite, pai. – dou um beijo em sua bochecha. – Boa noite, mãe. – falo de cabeça baixa e sigo para meu quarto sem esperar pela resposta dela, que não viria.


Eu procurei não deixar que a tempestade Catarina abalasse a minha euforia de antes, me deixei sentir novamente a bonança que Luiza Campos me trazia. E foi com o pensamento nela que eu peguei no sono àquela noite.




**




Vinte e seis de junho de dois mil e vinte e três...


O dia do meu aniversário havia chegado. Não era lá minha data preferida, confesso que não consigo ver muita graça em estar ficando mais velha, logo, não acho que haja tanta razão assim para comemorar se, teoricamente falando, a cada ano que fico mais velha, é um ano a mais que fico próxima da minha partida deste mundo. Infelizmente, esse pensamento era tão meu, que ninguém sabia, logo, meus pais adoravam fazer algo, mesmo que mínimo, para não deixar a data passar em branco.

Não sei qual milagre meu pai havia operado em minha mãe, mas o humor dela estava consideravelmente melhor. No dia seguinte àquela discussão, ela me pediu desculpas e admitiu que agiu errado em me abordar daquele jeito e prometeu tentar não se meter tanto em minha vida. Eu não sei exatamente se acreditava ou não, mas resolvi dar uma trégua e aceitar suas desculpas. O clima estava relativamente apaziguado, o que eu muito agradecia, eu não queria um motivo a mais para achar meu dia uma chatice só.

O dia foi até tranquilo, apesar das várias viagens ao supermercado para comprar ingredientes para o tal jantar que minha mãe insistiu em dar. Se dependesse de mim, não haveria nada, mas até meu pai queria esse jantar. Resolvi que era melhor não os contrariar. Como condição, eu pedi apenas que eles não me inventassem de chamar todos aqueles engravatados do escritório. Não havia necessidade, uma vez que eu mal conhecia uns três deles. Ao todo viriam dois colegas de meu pai que costumavam assistir jogos do flamengo conosco; Duda e a família de Jana. Tio Pedro viria sem a tia Lúcia, ela ainda estava magoada comigo, por um lado foi bom, porque eu insisti que Luiza viesse. Se era pra enfrentarmos isso juntas, então o mais acertado era que ela também comparecesse nesse jantar.

Tudo poderia até ter ocorrido de forma calma...

Eu disse poderia...

Todo mundo já havia chegado, inclusive Luiza. Meu pai conseguiu segurar minha mãe, ela não faria um escândalo na frente de associados do escritório, logo ela estava se controlando bem e sendo educada ao extremo com Luiza. Só faltava uma pessoa chegar, meu tio Pedro que, inexplicavelmente, estava bem atrasado, algo que não era do seu feitio. Mas a explicação veio no momento em que ele cruzou nossa porta da entrada, muito elegante e estiloso em um blazer marrom e calça preta. Atrás dele, a mulher morena de baixa estatura, em um vestido longo e preto. Em seu rosto, um meio sorriso que se transformou em sorriso nenhum, quando o seu olhar cruzou com o meu e seguiu para a mulher ao meu lado.


– O que essa moça tá fazendo aqui?


Bom, é isto... sei que anda bem longe do tamanho que costumo postar, me perdoem :/ Nos vemos no próximo capítulo :*

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