(Re)conhecer - parte I

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Boa madrugada, minhas amadas leitoras! Tá tarde, eu sei, mas o importante é que cheguei com mais um capítulo para vocês... espero que apreciem ☺️


Luiza POV




Salguei a santa ceia. É um dos muitos bordões de um personagem icônico de Mateus Solano, na novela Amor à vida. Chega a ser cômico, para não dizer trágico, mas eu acho que devo mesmo ter salgado a santa ceia em alguma vida passada, ou sambado em cima do santo sepulcro, quem sabe eu tenho feito caipirinha no Santo Graal, sei lá. O que eu sei é que me parece muito que eu deva ter cometido algumas atrocidades em vidas passadas, só isso justifica as provações que tenho passado nesta vida aqui.

Eu sei, eu sei, talvez eu esteja mesmo reclamando de barriga cheia. A Valentina me disse, certa vez, que a gente deve aprender a ser grato pelo básico que, se pararmos para analisar, é tudo o que de fato importa. Afinal, do que eu posso reclamar se eu tenho uma excelente condição financeira, tenho um bom teto para me abrigar, tenho uma família que me ama, minha saúde vai muito bem, obrigada, e eu tenho bastante comida na mesa. Para muitos, um pequeno mínimo de tudo isso o que possuo, já seria mais que o suficiente, uma vez que, na maioria das situações, não possuem nada disso.

Mas, de que me adianta ser afortunada nesses campos da minha vida, se o meu coração continua se machucando?

Eu já tive o coração quebrado o suficiente para ter sempre os dois pés atrás, antes de me envolver com alguém. Em contrapartida, quando isso ocorre, eu mergulho de cabeça, mesmo tendo aquele receiozinho, lá no fundo, de que pode dar errado no final. E é impressionante, sempre dá. Já tive algumas desilusões, amores que eu jurei que eram profundos, mas não passavam de uma poça d'água rasa e lamacenta, já encontrei um amor que eu sentia que era pra vida toda, mas que me deixou, fatalmente, no meio do caminho. Foi a perda mais dolorosa que já tive, foi difícil superar. Mas eu consegui. E, no meio do caminho dessa superação, encontrei um outro amor. Diferente de todos os outros. Não sei dizer se era coisa de destino ou o quê, mas Valentina era especial em tantos sentidos, a começar pelo jeito que ela chegou, sem avisos prévios e foi ficando, quando dei por mim, eu já estava perdidamente apaixonada. Talvez fosse cedo para falar, mas eu sentia que Valentina era o amor da minha vida.

Mas, voltando ao fato de eu estar em penitência por sei lá quais atos errôneos eu tenha cometido em vidas passadas, cá me encontro eu, passando por mais uma provação. Não basta eu estar com uma namorada que não lembra de nada sobre nós, eu estou revivendo, mais um vez, a dor da perda do Lucas e, pior ainda, vendo a Valentina passar por isso como se fosse a primeira vez. Dói.



– Desculpa. – ela pede após longos minutos chorando agarrada à mim. Posso parecer egoísta, mas eu estava gostando desse contato, embora fosse nessa circunstância, já era melhor do que tê-la me olhando como se eu fosse uma completa desconhecida.

– Tudo bem. – respondo meio sem jeito sobre como agir com ela. Maldita amnésia. – Você não lembra, Valentina, mas, depois do Lucas, eu sou a única pessoa pra quem você dá esse tipo de abertura. – confesso. – É pra mim que você costuma mostrar esse seu lado mais vulnerável... ou costumava, pelo menos. – concluo cabisbaixa.

– Desculpa por isso também. – pede novamente, sem jeito e eu queria me socar, ela já está pra baixo e eu ainda dou a entender que ela tem alguma culpa por não se lembrar da gente.

–Não, não. – me apresso em tentar desfazer qualquer mal entendido. – Eu falei sem pensar, desculpa. – seguro em sua mão, receosa, mas ela acolhe meu toque. – Eu não quis dizer que você tem alguma culpa aqui, Valentina.

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