Saudade

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Boa madrugada, minhas amadas leitoras! Olha eu aqui de novo! Mais um capítulo escrito com muito carinho pra vocês... espero que apreciem :)





Luzia POV


Dias atuais...


Um mês havia se passado e a minha vida se tornou uma moradia dentro daquele hospital. Eu simplesmente não conseguia sair do lado dela. Me assolava a agonia e ansiedade que eu sentia de que ela pudesse acordar enquanto eu estivesse fora. Eu já nem dormia mais, as vezes, o cansaço e angústia me arrebatavam e eu cochilava ali mesmo na poltrona do quarto absurdamente branco. Um descanso inútil, eu dormia e tinha o mesmo maldito pesadelo de sempre, apenas para acordar e viver o meu pesadelo real, a diferença de um para o outro é que, aquele quarto era insuportavelmente branco, enquanto o meu pesadelo era negro... Que diferença fazia, afinal? No fundo, os dois tinham a mesma cor da minha dor...





Outubro de 2023.


É incrível tudo o que pode acontecer a alguém no decorrer de um ano. Um ano atrás eu estava noiva do ser humano, talvez, mais perfeito que já existiu. Mas, talvez, não fosse esse o plano que o destino tinha reservado pra mim. Lucas se foi deixando um buraco enorme em mim. Mas, mesmo sem saber, ele me deixou um presente que, não apenas, me ajudaria a tapar esse buraco, como também iria me fazer tão, ou até mais, feliz do que ele próprio me fez. Eu não gosto de comparar os dois, acho que cada um atravessou meu caminho de maneiras diferente. Ele muito perfeitinho, um verdadeiro gentleman e sonho de consumo de qualquer um. Ela não.

Valentina era meio que o oposto, e era exatamente essa a graça. Ela não fazia tudo perfeito, do jeito certo. Não, algumas vezes ela me tirava do sério, me irritava, mas eu era imensamente apaixonada pelo jeito dela sempre buscar contornar a situação, como agora. Me fazendo passar vergonha na frente de várias pessoas do meu trabalho e alguns desconhecidos que passavam por ali, tudo pra dizer que só tem olhos pra mim e que me ama. Devo ressaltar que Luís Fernando Veríssimo estava certo sobre encontrar a pessoa errada. Que bom que eu encontrei a minha.


– Acabou o show, gente, circulando. – anuncio após alguns beijos em Valentina, estalando os dedos para que o pequeno aglomerado de pessoas saísse dali. – Você. – aponto para a idiota à minha frente. – A gente precisa conversar. – ela me olha cabisbaixa, com um olhar de culpa. – O que eu vou fazer com isso, Valentina? – aponto pro urso de pelúcia gigante ao seu lado.

– Vai guardar no seu quarto, ué. – encolhe os ombros. – Eu instalei uma câmera nele pra ficar te espionando. – fala sussurrando como quem conta um segredo muito importante.

– Para, idiota. – rolo os olhos e dou um tapa em seu ombro. – Vem, vamos entrar. – me viro para voltar pro interior da escola. – E traz o Alfredo.

– Que? – ela questiona me olhando confusa.

– É o nome do grandão aí, se ele vai pra minha casa, ele tem que ter um nome. – explico e saio andando, recebendo alguns olhares e sorrisinhos maliciosos de algumas pessoas dentro da escola. Reviro os olhos ainda sem crer que essa maluca fez mesmo essa cena toda.

Entramos na sala onde eu dava minhas aulas e Valentina deixou a enorme pelúcia no canto e posicionou o buquê, como se o urso o tivesse segurando.

– Olha, amor, não é lindo? – pergunta me mostrando seu feito como uma criança mostrando à mãe algum desenho.

– Valentina, aqui. – falo firme e aponto para o chão à minha frente, onde eu estava sentada. Ela engole seco e senta de frente pra mim, com as pernas cruzadas. – Agora me conta, o que aconteceu ontem?

Depois de você...Onde histórias criam vida. Descubra agora