Casulo

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Boa noite, amadas leitoras! Surpresinha pra animar esse finalzinho de sábado... Façam boa leitura, espero que gostem... :) 


Valentina POV


Eu fugi. Isso mesmo. Fui uma grande covarde e fugi. Luiza me beijou. E eu fugi. Acho que, de algum modo, Luiza revidou toda a carga de informações que descarreguei sobre ela, e me atingiu com aquele beijo. Aquele beijo. Arrisco dizer que foi o beijo mais gostoso que já dei em toda minha vida. Pode parecer clichê, mas a sensação foi exatamente essa. Foram alguns segundos apenas, mas foram o suficiente para ter tal constatação. Mas aí eu lembrei dele. Foi automático, como se ele próprio estivesse ali me olhando e me repreendendo. Eu fugi.

Como dizem na internet, eu literalmente "fugi para as montanhas". Assim que cheguei em casa, corri ao meu quarto, peguei uma mala de mão, enfiei algumas roupas aleatórias dentro, produtos de higiene pessoal, ajeitei minha mochila com alguns pertences e minha inseparável câmera. No meio do processo, Duda, que estava com Igor na varanda, surgiu em meu quarto.


– O que foi que aconteceu, garota? – se aproximou enquanto eu enfiava as roupas de qualquer jeito na mala. – Tu entrou correndo tal e qual o relâmpago McQueen, aconteceu alguma coisa? – continuei no piloto automático, juntando as coisas de modo totalmente desorganizado, meu toc que lute quando eu cair em mim. – Valentina. – me cutuca e eu paro encarando-a. – Que é que é isso? Vai fugir pra algum lugar?

– A Luiza me beijou. – solto e seus olhos arregalam.

– Uau. – fala depois de alguns segundos de choque. – Mas, pera, eu sei que sapatão é bicho emocionado, mas foi só um beijo e vocês já vão morar juntas, é isso? – questiona apontando para a minha mala nada organizada.

– Eu lembrei dele. – a feição dela muda automaticamente. – Eu lembrei e fugi, Duda. – confessei cabisbaixa.

– Pera, pera. – estendeu as palmas das mãos no ar. – Você lembrou do Lucas? – concordei com a cabeça. – Calma, vem cá. – pediu segurando minhas mãos e me induzindo a sentar com ela na cama. – Você sentiu culpa, é isso?

– É estranho, Duda, porra, ela era noiva dele. – suspiro retomando meu desespero. – Você consegue perceber como é estranho?

– Eu entendo sua confusão, Valen. – afirma compassiva. – Mas, sei lá, pensa que ele não tá mais aqui, aconteceu de vocês duas se apaixonarem, você vai deixar de viver esse sentimento por se lembrar dele?

– Me parece tão errado com a memória dele.

– E por isso você vai fugir?

– Eu acho que preciso de um tempo sozinha e longe pra tentar organizar essa confusão toda aqui dentro, sabe. – falo apontando com o indicador para a minha cabeça.

– Bom, vocês duas são adultas e eu disse antes que não ia interferir, então eu não vou falar se você deve ou não fazer o que quer que esteja pensando.

– São só uns dias.

– E pra onde você pretende ir?

– Itaipava. – ela assentiu sabendo bem para onde eu iria. – Acho que uns dias na serra, longe daqui, vão me fazer bem, tentar espairecer, colocar a cabeça no lugar e, como sua amiga diz, esvaziar um pouco a minha lixeira. – rimos da metáfora tosca de Luiza. – Talvez com isso eu saiba como lidar com essa situação.

– Se você pensa assim. – dá de ombros. – Tudo bem. – aperta minhas mãos nas suas. – Mas não some, por favor.

– Não é como se eu estivesse indo embora pra outro país, Duda, são só alguns quilômetros.

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