16

130 13 2
                                    

Lili

Depois da lavagem estomacal, eles o deixaram num quarto. Cole ainda estava desacordado e nós três ficamos no quarto aguardando que ele acordasse. Camila não parava de chorar enquanto segurava a mão dele, acariciando seu rosto com as pontas dos dedos. Dylan e eu estávamos mais afastados, sentados um ao lado do outro no sofá branco.

— Era só o que me faltava. — Dylan bufou. — Como se já não bastassem as alucinações, agora ele também vai ficar tentando se matar!

O olhei perplexa, não acreditando que ele estava mesmo com raiva.

— Você não pode estar falando sério. — eu disse.

— Pois é, Lili. Diferente de vocês duas, eu não vou passar a mão na cabeça do Cole. Isso pra mim foi unicamente pra chamar atenção.

— Você tem noção do quanto o seu irmão se sente culpado por tudo? Tem noção do peso que ele carrega? Que tipo de pessoa horrível não é capaz de ter empatia pela própria família?

— Quer me dar sermão? Logo você, que some e deixa ele doido?

— Eu tenho as minhas necessidades e, diferente de você, eu nunca o machucaria de propósito. Deveria se envergonhar.

Ele revirou os olhos.

— Ainda não consigo entender o porquê de ele ser melhor que eu pra você.

— Talvez porque ele tenha um coração.

— Ele acordou! — Camila exclamou, interrompendo o que quer que fosse que Dylan iria dizer. — Maninho?

— Ai... — Cole abraçou a própria barriga e fez uma careta. — Que queimação... onde eu estou?

— No hospital, Cole. Você quase teve uma overdose por ter tomado o dobro da dose do seu medicamento. — Camila o olhou com repreensão. — Por que fez isso?

— Eu tive uma alucinação ontem. Achei que os remédios não estavam mais funcionando e pensei em aumentar a dose. — ele parecia arrependido.

— Aumentar a dose sem consultar o seu médico? — Dylan ficou de pé e andou até ele. — Isso foi muita burrice, não acha? E se você tivesse morrido? Não pensa nas pessoas que gostam de você?

— Com certeza você não é uma delas. — Cole disse.

— Por favor, Dylan, agora não é hora pra isso. — Camila pediu.

— Lili? — Cole me olhou. — Por que tá quietinha aí? — depois que ele disse que dobrou a dose por ter tido uma "alucinação", eu me senti tão culpada que nem consegui chegar perto. — Vem cá. — ergueu a mão na minha direção.

— Dylan e eu vamos deixar vocês sozinhos. — ela acenou com a cabeça para o Dylan e os dois saíram do quarto.

Me aproximei devagar e segurei sua mão, o olhando de forma séria. E em minha mente, meus pensamentos gritavam "me perdoe".

— Me perdoa. — foi ele quem pediu perdão. — Eu fui muito irresponsável.

— Tudo bem, você só precisa aprender com isso e pensar direito antes de colocar sua vida em risco. — segurei sua mão e a ergui, depositando um beijo. — Não sabe o medo que eu senti.

— Imagino que acordar ao lado de uma pessoa quase morta não deve ser uma experiência muito agradável. — riu pelo nariz.

Eu sorri de lado e sentei na cama, ao lado dele.

— Como você se sente? — comecei a acariciar seus cabelos.

— Sinto um incômodo em meu estômago, mas no geral, eu estou bem. O que o médico disse?

Alto Mar ˢᵖʳᵒᵘˢᵉʰᵃʳᵗOnde histórias criam vida. Descubra agora