Cole
Senti Lili tremer em meus braços em alguns momentos da noite. E toda vez que ela fazia isso, a apertava contra mim e depositava um beijo em sua cabeça, logo depois, ela relaxava e se aconchegava em mim.
Acordei mais cedo e fui até a parte externa me preparar para ancorar em outra área. Quando ajeitava as velas, meu celular tocou. Dylan estava me ligando novamente.
No dia anterior, me ligou para dizer que havia encontrado relatos de outros acidentes muito parecidos com aquele que matou o papai. Mais uma vez, eu ouvi tudo sem tanta vontade, só pra não acabar discutindo.— O que foi dessa vez? — perguntei ao atender.
— Eu preciso que você veja uma coisa, você não vai acreditar!
— Que coisa?
— Lembra que eu falei sobre os acidentes parecidos? Então, eles acontecem há séculos, nenhum cientista jamais conseguiu explicar o que faz essas pessoas sumirem no mar sem ter acontecido um naufrágio.
— Prossiga.
— Alguns sobreviventes relatam que viram uma sereia. Onde você já ouviu isso?
— Ok, isso é muita coincidência, mas não quer dizer que sejam relatos verídicos. As pessoas podem teorizar dessa forma porque não sabem explicar o que realmente acontece.
— Para um louco, até que você é bem chato em tentar explicar tudo.
— Quem será que me obrigou a encontrar respostas nas coisas reais? — ironizei.
— Ok, Cole, vamos para o próximo ponto. Eu encontrei registros de várias vítimas desse "fenômeno", e entre elas, uma família alemã. Na década de quarenta, uma família de cinco pessoas estava velejando durante uma viagem à Inglaterra, logo após a segunda guerra.
— E daí? — bufei, já impaciente.
— Um pai, uma mãe, uma filha e dois filhos. Eu vi a foto deles. Você tem que ver a filha mais velha. Vou te mandar por mensagem agora. — ele me mandou uma foto da tal filha mais velha e eu fiquei muito confuso. Ela era exatamente igual à Lili.
— Ok, incrível, mas e daí? Existem muitas pessoas mortas que se parecem com pessoas atuais.
— Eu sei, mas não é só isso. O nome da garota era Lili Pauline Reinhart. Não é curioso?
— O nome da minha namorada é Lili Blane. — suspirei.
— Sabia que não encontraram o corpo dela? Depois de alguns anos, acharam a ossada de todos os integrantes da família, menos a dela.
— Eu acho que você está assistindo documentários demais. Por que não tenta dormir um pouco?
— Eu só estou tentando dizer que isso é bem estranho. Veja só, Lili não tem família, conhece todos os cantos do mundo e conversa com os animais marinhos como se eles pudessem entendê-la.
— Eu também faço isso, Dylan! — fiquei impaciente. — Vai tirar um cochilo ou marca uma consulta com o meu terapeuta.
— Vou te mandar o PDF de um texto que eu encontrei. Foi escrito no século XIV por um filósofo francês. É bem interessante.
— Depois, Dylan. Eu estou no meio de um passeio romântico com a minha namorada.
— A leitura não vai demorar nada, eu juro!
— Não acha que você anda muito abalado? Perdeu parte da sua tripulação quando foi investigar sobre o papai, eu aposto que isso deve ter mexido com você.
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Alto Mar ˢᵖʳᵒᵘˢᵉʰᵃʳᵗ
FanfictionO oceano ainda é um lugar misterioso, pouco explorado pelo ser humano. Estima-se que apenas 5% de todo o território oceânico é conhecido pelos homens. Em sua vida como biólogo marinho, Cole vai descobrir que existem muitos mistérios a serem desvend...