Cole
A primeira noite foi até bem tranquila. Enquanto eu assistia televisão na sala, ouvia o arrastar de correntes vindo de dentro do quarto. Parecia que ela não parava de andar de um lado para o outro. E em um instante, comecei a ouvir ela correr e se jogar no chão.
— Você não vai conseguir quebrar as correntes!! — gritei. Ela parou de correr, voltando a caminhar devagar.
Ouvi a campainha da porta tocar, provavelmente era a pizza que eu havia pedido. Abri a porta e pedi que a entregadora aguardasse para eu pegar o dinheiro na cozinha.
Por sorte, depois de ouvir a campainha, Lili parou de fazer barulho com as correntes. Não queria que a entregadora achasse que eu estava mantendo alguém em cárcere privado. Tecnicamente, eu estava, mas era por uma boa causa.
— Aqui está. — eu entreguei o dinheiro e peguei a caixa de pizza. — Boa noite e obrigado. — eu ia fechar a porta, mas ela me impediu colocando a mão.
— Não se lembra de mim? — perguntou.
— Hum... — eu franzi a testa. Não, eu não me lembrava, mas não queria parecer mal educado. — Pode refrescar a minha memória?
— Carol. Nós saímos há alguns meses antes de você se casar.
— Ah, Carol! — eu fingi me lembrar, mas na verdade, não fazia ideia de quem ela era.
— Eu sinto muito pela perda da sua esposa, deve estar sendo doloroso. — colocou a mão sobre o peito e me olhou com compaixão.
— Sim, está sendo bem complicado.
— Eu imagino que deve ser horrível perder alguém tão precocemente. Alguém com quem você achou que viveria pelo resto da vida.
— Sim... — Deus, eu só queria que ela parasse de falar e fosse embora.
— Eu sei que eu passei pela sua vida muito rápido e que talvez não tenha significado nada pra nenhum de nós dois, mas eu realmente te achei um cara legal e se você precisar de um ombro amigo a gente pode marcar de sair algum dia. — eu não podia acreditar que ela usou a morte da minha esposa para flertar comigo.
— Ah, bem...
— Cole, amor, a pizza já chegou? Eu estou morrendo de fome! — Lili, que até então estava em silêncio, proferiu aquelas palavras com o intuito de que a Carol escutasse.
— Uau... — Carol me olhou incrédula. — O funeral da Becky foi ontem! Não tem vergonha?
— Do que está falando? Você acabou de dar em cima de mim!
— Eu pensei em conversar e quem sabe evoluir pra alguma coisa, mas essa daí já veio direto pra sua casa e te chama de amor! Meu Deus... — balançou a cabeça negativamente.
— Você já pode ir embora. — eu disse apenas.
— Claro! — revirou os olhos.
— Até mais, querida! Obrigada pela entrega! — Lili gritou novamente.
— Debochada, não é? — Carol disse com asco.
— Quer que eu vá aí te mostrar a debochada? — quando ela caminhou, ouviu-se o barulho de correntes e Carol manteve uma expressão confusa. — Ah, esqueci que ele me acorrentou pra que a gente realizasse alguns joguinhos! — deu risada.
— Que nojo! — Carol exclamou.
— Boa noite, Carol. Obrigado pela pizza. — fui fechando a porta me sentindo totalmente envergonhado pela situação.
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Alto Mar ˢᵖʳᵒᵘˢᵉʰᵃʳᵗ
FanfictionO oceano ainda é um lugar misterioso, pouco explorado pelo ser humano. Estima-se que apenas 5% de todo o território oceânico é conhecido pelos homens. Em sua vida como biólogo marinho, Cole vai descobrir que existem muitos mistérios a serem desvend...